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A Mansidão de Deus e o Jubileu do Novo Milênio: "Peregrinos da Esperança"

Na Cruz, Jesus Cristo (Deus e Homem Verdadeiro) nos ensina a suprema mansidão ao perdoar os inimigos, em desculpar a ignorância dos outros: “Pai, perdoai-os porque eles não sabem o que fazem”. A pureza, do peregrino da verdadeira esperança, reflete retidão, humildade interior e paciência: exercícios espirituais das virtudes de todo Católico que deseja buscar, no Amor de Deus, Fidelidade Constante. Desta maneira, o Jubileu de 2025 é um período de Perdão, Liberdade e Renovação Espiritual.

Diác. Adelino Barcellos Filho - Diocese de Campos/RJ.

Na Carta aos Gálatas, capítulo 5, utilizando-se da expressão no singular, para dizer sobre “o fruto”, ser manso não diz de uma virtude unitária e isolada, mas vem rodeada de todas as outras Comunicações da Vida: Caridade, Alegria, Paz, Longanimidade (suportar com firmeza de caráter, as contrariedades em benefício de outrem), Benignidade, Bondade, Fé e Temperança.

A Mansidão é o fruto do Espírito Santo. Ela traz em si mesma o sinônimo de doçura, gentileza, cortesia, educação ("por favor"-"com licença"-"obrigado". É praticamente impossível separá-la da humildade e da paciência. É totalmente contrário – em gestos concretos – às forças da soberba, arrogância, petulância, da ignorância, das escravidões, da indiferença e desamor que nos rondam diariamente. Na verdade, a Mansidão está  ligada intimamente ao dom da fortaleza (coragem e firmeza de caráter nas perseguições e tribulações). É a Vitória do Bem sobre o mal. A coragem de agir com Amor para vencer o ódio, ainda que humanamente isso não pareça ser possível.

É consideravelmente forte o apelo do Papa Francisco, desde a ocasião do Angelus no dia primeiro de novembro de 2020 (todos os santos), “basta pensar na variedade inesgotável de dons e histórias concretas que existem entre santos e santas: não são iguais, cada um tem a sua personalidade e desenvolveu a sua vida em santidade segundo a sua personalidade e cada um de nós pode fazê-lo, ir por este Caminho. Mansidão, mansidão, por favor, e iremos para a santidade’. Esta imensa família de fieis tem a Virgem Maria antes de tudo como Mãe, que ensina a cada um a acolher e a seguir o seu Filho (“Fazei tudo o que Ele vos disser” - João 2, 5). Que nos ajuda a alimentar o desejo de santidade, percorrendo o Caminho das Bem-aventuranças”.

Na Catequese, sobre o zelo apostólico, “apostolado da mansidão - uma profecia para o nosso tempo”, dedicada a São Carlos de Foucauld, publicada no L’osservatore Romano (18/10/2023), o Papa Francisco destacou que Foucault, perdeu o coração e a cabeça por Jesus, passou da atração por Cristo à Sua imitação; o considerou como «irmão universal» e no seu coração pulsante de caridade na vida escondida. Carlos de Foucault escreveu: “Cada cristão tem de ser apóstolo: não é um conselho, mas um mandamento, o mandamento da Caridade”.

O Papa Francisco complementa, “com esta experiência, Carlos de Foucauld (1858-1916) antecipa os tempos do Concílio Vaticano II , intui a importância dos leigos e compreende que o anúncio do Evangelho compete a todo o Povo de Deus. Mas como podemos aumentar esta participação? Como fez Carlos de Foucauld: pondo-nos de joelhos e aceitando a Ação do Espírito Santo, que suscita sempre novos modos de participação, encontro, escuta e diálogo, sempre em colaboração e confiança, sempre em Comunhão com a Igreja e com os Pastores”.

Na verdade, somos impulsionados aos conselhos evangélicos, assumidos de maneira livre, segundo a vocação pessoal de cada um (escolha e chamado), “contribuem muito para a pureza de coração e liberdade de espírito”, em um mundo marcado pela sexualidade desregrada - "tudo pode" - e, toda espécie de escravidão e contaminação espiritual, inclusive a digital. A ausência de castidade dissipa (dispersa - aniquila), enfraquece, busca satisfação no consumismo e outras compensações, com a rejeição declarada ou não, daquilo que pode levar “o cristão a conformar-se mais plenamente com o gênero de vida virginal e pobre que Cristo Nosso Senhor escolheu para Si e a Virgem Maria abraçou” (Lumen Gentium).

Quando se fala em celibato, virgindade, castidade em todos os estados de vida, a sensação que temos é de que as pessoas, de maneira geral, não acreditam ser possível, querem que o “normal” seja o contrário; contudo se aprofundamos o diálogo, percebemos o anseio, o desejo, da vivência dessas realidades de virtude, essenciais à experiência da verdadeira Liberdade dos Filhos de Deus e à Dinâmica da Vida, sem fingimento; mesmo que seja em meio aos ataques favorecidos a toda sorte de vícios: pornografias e impurezas, que prejudicam, adoecem (doenças emocionais, por exemplo) e podem até “assassinar a esperança”, infelicidades. Contudo, Deus é infinitamente muito mais e quer conceder as Graças necessárias a todos e a cada um que ouve "convertei-vos e crede no Evangelho"(Marcos 1, 15).

“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo”, do peregrino da Esperança. “É dever da Igreja investigar a todo o momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho” e comunicar na catequese continuada, formação continuada. Para tanto, faz-se “necessário conhecer e compreender o mundo em que vivemos, as suas esperanças e aspirações, e o seu carácter tantas vezes dramático”, e desafiador (Gaudium Spes).

Cada vez mais observamos e de maneira acelerada, “profundas e rápidas transformações se estendendo progressivamente a toda a terra”. Provocadas pela inteligência e atividade criadora do homem (inteligência artificial), que reincidem sobre o mesmo homem, sobre os seus juízos de valor (ou contravalores), desejos individuais e coletivos, sobre os seus modos de pensar e agir, tanto em relação às coisas como às pessoas” (Gaudium Spes). Uma transformação cultural e social, que se reflete também na Vivência Cristã, dentro da Igreja. Em contrapartida, existe uma promessa de Redenção, do Gênese ao Apocalipse, Deus Uno e Trino, “cuida continuadamente do gênero humano, do universo em expansão, para dar a Vida Eterna a todos aqueles que, perseverando na prática das boas obras, procuram a Salvação” (confirma Romanos 2, 6-7). Por isso, «Tudo quanto está escrito para nossa instrução, está escrito para que, por meio da paciência e consolação que nos vem da Escritura, tenhamos Esperança» (Romanos 15,4). "A Esperança não decepciona" (Dei Verbum).

A Igreja acolhe e transmite a Escritura como testemunho das «grandes coisas» que Deus faz, na minha e na sua história (confira Lucas 1, 49), confessa pela boca dos Santos Padres e Doutores (desde os primeiros séculos) a Verdade do Verbo feito Carne, põe em prática os preceitos e a Caridade na vida dos Santos e Santas e no sacrifício dos Mártires, celebra a Esperança na Liturgia: através da mesma Tradição, os cristãos recebem «a voz do Evangelho que ressoa viva», como expressão fiel da Sabedoria e da Vontade Divina; através da Sucessão Apostólica (Dei Verbum).

Enfim, “Suspenso na Cruz e Glorificado (Ressuscitado), com o Pai, o Senhor Jesus Cristo derramou o Espírito Santo prometido. Por Ele chamou e congregou na unidade da Fé, Esperança e Caridade o Povo da Nova Aliança, que é a Sua Igreja, como atesta o Apóstolo: «Só há um Corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só Esperança da vossa Vocação. Só há um Senhor, uma só Fé (de Jesus Cristo), um só Batismo (em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo)» (Efésios 4, 4-5).  “A Igreja, a única grei de Deus, como um sinal levantado entre as nações, oferecendo o Evangelho da Paz a todo o gênero humano, Peregrina em Esperança, rumo à meta da Pátria Celeste” (Unitatis Redintegratio).

Que o Deus da Esperança, por virtude do Espírito Santo e por intercessão da Virgem Maria, «Mãe da Esperança», nos conceda estar Alegres na Esperança e abundar nela. Senhora da Esperança, Tua Alegria Bendita era fazer a Vontade do Pai. Tua Vida era estar atenta às necessidades dos outros. Intercede por nós! Que “o Sagrado Mistério da Unidade da Igreja, em Cristo, por Cristo, realizando no Espírito Santo toda a variedade de ministérios”. Deste Mistério Revelado, o supremo modelo e princípio é a unidade dum só Deus, o Pai e o Filho no Espírito Santo, na Trindade de Pessoas; ajuda-nos Mãe da Unidade (Unitatis Redintegratio). Aumenta em nós Senhor Deus, Uno e Trino, a Fé de Jesus Cristo, favorecendo assim, o cumprimento da Vossa Santíssima Vontade em nossas Vidas, conduzidos por Vosso Santo Espírito rumo ao Céu, como em Maria e José.

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29 novembro 2024, 12:59