Alepo: renasce uma centelha de esperança
Marine Henriot – Cidade do Vaticano
"Venho lhes trazer boas notícias, estou tranquilo", diz o irmão marista George Sabé, em contato de Alepo, soando realmente calmo e aliviado pelo telefone. "Nosso cotidiano é muito semelhante ao de antes da chegada do grupo", relata ele. "As pessoas estão nas ruas, todas as lojas estão abertas ou quase todas, apenas as escolas e universidades ainda não retomaram as atividades", e sobretudo, comemora o religioso, "há uma calma real na cidade".
O pulmão econômico da Síria, Alepo, está sendo gerida há cerca de dez dias por grupos rebeldes liderados pelos islamistas radicais do Hayat Tahrir al-Cham (HTC), que estão trabalhando para restaurar serviços básicos como água e eletricidade, além de garantir o fornecimento de bens essenciais, como pão e alimentos. Um modelo semelhante ao "governo de salvação" instaurado em seu reduto de Idlib desde 2017 está sendo progressivamente implementado. Os grupos rebeldes publicam em seus sites a lista de serviços disponíveis à população e explicam como acessá-los, segundo relata a agência AFP. "Eles querem reativar a indústria e tranquilizar toda a população", explica o marista alepino. "Água potável está sendo distribuída em vários bairros da cidade, e a eletricidade foi parcialmente restaurada".
O destino da minoria cristã
Interrompidas após a tomada de Alepo pelo HTC, as celebrações cristãs puderam ser retomadas no segundo domingo do Advento e na solenidade da Imaculada Conceição. "Assim como no norte, fomos convidados a retomar nossas atividades, recebemos confirmações de segurança por parte das autoridades", testemunha o irmão Sabé. "Espero que sejamos cidadãos do mesmo nível que todos os demais cidadãos", acrescenta, "não queremos ser cidadãos de segunda classe ou protegidos; queremos ser realmente cidadãos no mesmo patamar que os outros."
O retorno dos jovens, uma centelha de esperança
O irmão alepino também se alegra ao ver o retorno de muitas pessoas que haviam deixado a cidade quando o grupo rebelde entrou. Jovens mobilizados para o serviço militar puderam voltar às suas famílias. Fora das fronteiras da Síria, milhares de sírios estão retornando à sua terra natal; algumas crianças nunca haviam pisado em solo sírio. "É um sinal de esperança ver que as pessoas querem voltar para investir em seu país, que podem finalmente voltar para casa", diz o religioso, emocionado. Em 13 anos de guerra, cerca de 13 milhões de pessoas foram deslocadas, o equivalente a 60% da população do país, e 6,6 milhões precisaram deixar a Síria.
Questionado sobre a rapidez da queda do regime de Damasco e suas expectativas, o irmão Sabé permite-se, com prudência, ser positivo: "É um começo. Agora inicia-se uma nova fase. Não digo que já temos toda a luz da esperança, mas há uma luz de esperança maior. Com muita sabedoria, prudência e delicadeza, construiremos, espero, nosso país."
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