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A evangelização se consolidou na Córsega sob o POntificado de Gregório Magno (590-604) A evangelização se consolidou na Córsega sob o POntificado de Gregório Magno (590-604)  (AFP or licensors)

História e atualidade da Igreja na Córsega

O Papa Francisco é o primeiro Pontífice a visitar a Córsega. A ocaisão é a conferência sobre o tema “Religiosidade popular no Mediterrâneo”, organizada pela Diocese de Ajaccio, para compartilhar a riqueza de fé da religiosidade popular corsa com tradições análogas presentes em outras regiões do Mediterrâneo e analisar o seu potencial para a evangelização em um contexto de crescente secularização.

Vatican News

A Diocese de Ajaccio, sufragânea de Marselha, ocupa uma área de 8.722m², onde estão distribuídos 343.700 mil habitantes, 80,7% dos quais declaram-se católicos, o que corresponde a 279.450 fiéis. Em 2023 foram realizados 1.208 batismos na diocese.

Na diocese há 434 paróquias. O bispo é o cardeal François-Xavier Bustillo, O.F.M. Conv., nascido em Pamplona em 23 de novembro de 1968, ordenado sacerdote em 10 de setembro de 1994, nomeado para Ajaccio em 11 de maio de 2021; consagrado em 13 de junho de 2021; criado e publicado por Francisco no Consistório de 30 de setembro de 2023, recebendo o título de Santa Maria Imaculada de Lourdes, em Boccea.

O rebanho também é pastoreado por 63 sacerdotes diocesanos e 20 sacerdotes religiosos (83 no total). Os seminaristas maiores são 8, enquanto os diáconos permanentes são 18.

Na diocese há ainda 20 membros de institutos religiosos masculinos e 30 membros de institutos religiosos femininos. Os membros de Institutos Seculares são 10 e os catequistas  230.

A Igreja administra na ilha 13 institutos de educação, que atendem 2.398 estudantes.

História do cristianismo na Córsega

 

O cristianismo chegou à Córsega no século I ou II, mas conseguiu estabelecer-se apenas em alguns pontos do litoral, especialmente no Tirreno, encontrando forte resistência no interior da ilha.

Nos séculos imediatamente seguintes, foram erigidas cinco dioceses: Ajaccio (século III), Mariana (século IV), Nebbio (século V), Aleria e Sagona (século VI) às quais foi posteriormente acrescentada Accia (século IX).

No século VI, porém, a ilha ainda era em grande parte pagã e a autoridade da Igreja era quase inexistente. A evangelização acabou se consolidando quando do pontificado do Papa Gregório Magno (590-604), que enviou monges para construir igrejas e batizar. Completada a obra de evangelização, seguiu-se a organização eclesiástica da ilha, que permaneceria por séculos ligada às arquidioceses italianas de Pisa e Gênova.

Em 1133, o Papa Inocêncio II tornou as Dioceses de Accia, Mariana, Nebbio sufragâneas de Gênova e as Dioceses de Ajaccio, Aleria e Sagona de Pisa, com o arcebispo de Pisa como Primaz da Córsega, título que conserva ainda hoje.

 

As seis dioceses da Córsega foram quase todas suprimidas em 1790 após a Revolução Francesa (quando a Córsega já fazia parte da França), com exceção de Mariana, suprimida em 1801. Naquele mesmo ano, o Papa Pio VII reconheceu as supressões e restabeleceu somente Ajaccio como única diocese da ilha (à qual foram acrescentadas as ilhas de Elba e Capraia, o Principado de Piombino e algumas paróquias de Castiglione della Pescaia, na Toscana) sufragânea da Arquidiocese de Aix na França até 1815, depois da Arquidiocese de Gênova até 1860, quando retornou sufragânea de Aix.

Em 8 de dezembro de 2002, com a reorganização das circunscrições diocesanas francesas, Ajaccio passou a fazer parte da província eclesiástica da Arquidiocese de Marselha. As cinco dioceses suprimidas foram restabelecidas como sedes titulares em tempos mais recentes: Accia em 1968; Aléria, Sagona e Mariana em 2002; e Nebbio em 2006.

A Diocese de Ajaccio é atualmente dirigida pelo cardeal de origem espanhola François Xavier Bustillo, O.F.M.Conv., que sucedeu a dom Olivier de Germay em 11 de maio de 2021. Em 2022, a Diocese contava com 277.000 católicos, o que equivale a 81,5% da população de 340.000 habitantes distribuídos em 434 paróquias.

A importância da religiosidade popular na sociedade corsa

 

O catolicismo ocupou um lugar importante na sociedade corsa, terra de antiga tradição agro-pastoril, contribuindo para definir a especificidade da sua identidade cultural, da qual continua a ser uma componente importante. Prova disso é a presença de numerosas igrejas nos borgos do interior e nas radicadas devoções populares, bem como pela tradição das irmandades.

Muito viva é a devoção à Virgem, protetora da ilha, a quem é dedicado o hino da nação corsa, o “Diu vi Salvi Regina”. Ainda hoje, as festas religiosas, as procissões e as peregrinações dão ritmo à vida da sociedade corsa, apesar da urbanização e das mudanças socioeconômicas das últimas décadas ligadas sobretudo ao desenvolvimento do turismo.

Primeiro Pontífice a visitar a Córsega

 

Papa Francisco, na sua terceira viagem em território francês, depois da visita ao Parlamento Europeu e ao Conselho da Europa em Estrasburgo, em 2014, e da visita a Marselha para os Encontros do Mediterrâneo, em 2023, é o primeiro Pontífice a visitar a Córsega. O motivo da visita é a conferência sobre o tema “Religiosidade popular no Mediterrâneo”, organizada pela Diocese de Ajaccio, para compartilhar a riqueza de fé da religiosidade popular corsa com tradições análogas presentes em outras regiões do Mediterrâneo e analisar o seu potencial para a evangelização em um contexto de crescente secularização.

A Catedral de Santa Maria Assunta

 

A Catedral de Santa Maria Assunta, localizada na cidade velha, foi projetada pelo arquiteto italiano Giacomo della Porta e construída a partir de 1554 sendo consagrada em 1593. Ela substituiu a antiga catedral, demolida em 1553. A construção, realizada por desejo de dom Giulio Giustiniani, tem a forma de cruz latina, com três naves, com transepto raso coberto por uma cúpula e um grande coro, e tem uma fachada em estilo renascentista tardio de cor ocre.

Ao longo das naves laterais estão dispostas sete capelas, entre as quais a capela da Madonna do Choro, que abriga a pintura “A Virgem do Sagrado Coração” de Eugène Delacroix, doada à cidade pelo rei Carlos X; a capela dedicada a Nossa Senhora da Misericórdia, padroeira de Ajaccio, chamada pelos ajaccianos de “A Madonuccia”, ou seja, a Nossa Senhora da Misericórdia de Savona que, como é narrado, protegeu a cidade corsega da peste em 1656; e a capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário, que abrigou o túmulo da família Bonaparte até a sua construção da Capela Imperial.

O altar-mor, proveniente da Igreja do Sufrágio de Lucca, foi doadaoem 1811 por Elisa Baciocchi, princesa de Lucca e Piombino, Grã-duquesa da Toscana e irmã de Napoleão. Uma placa de mármore rosa, colocada em um pilar perto da entrada do local de culto recorda os últimos desejos do imperador Napoleão, que foi batizado na fonte batismal de Santa Maria Assunta em 21 de julho de 1771: “Se meu corpo for banido de Paris como o foi a minha pessoa, eu gostaria de ser enterrado ao lado de meus ancestrais na catedral de Ajaccio, na Córsega”.

A igreja também abriga o órgão Cavaillé-Coll oferecido pelo rei Louis Philippe em 1847 e instalado em 1849.

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13 dezembro 2024, 08:00