Jubileu: tempo para garantir justiça social e sanar as desigualdades
Que o Jubileu gere impactos positivos na redução das desigualdades no mundo. Esse é o apelo da Fundação Magis, obra missionária da Província Euro-Mediterrânea dos Jesuítas (presente em cerca de 20 países com cerca de 50 projetos na América Latina, África, Ásia e, há algum tempo, também na Europa, na Albânia). O presidente da Fundação, Ambrogio Bongiovanni, destaca que o Jubileu é uma oportunidade para ressaltar a urgência de assegurar justiça social onde ela é ignorada.
Um momento oportuno para sanar os desequilíbrios
“Na situação atual, o Jubileu também pode evidenciar as contradições existentes no nosso mundo, no sentido de que há um Jubileu dos ricos e um Jubileu dos pobres, daqueles que têm recursos para viajar e daqueles que vivem na pobreza extrema do dia a dia”, afirma Bongiovanni em comunicado divulgado pela Fundação. Segundo ele, o tema deste Ano Santo, a esperança, não pode estar dissociado da justiça. “Ser ‘peregrinos de esperança’ - prossegue - significa que devemos movimentar a justiça e, portanto, ser agentes de justiça e de paz”. Os próprios conflitos deveriam ser interrompidos para permitir o retorno da justiça. Em outras palavras, enfatiza o presidente da Fundação, “o Jubileu é um tempo oportuno que pode nos ajudar a tomar consciência dos desequilíbrios existentes em nível mundial. E, justamente por sua referência bíblica original, deve nos levar a refletir sobre a justiça, indo além das propostas turísticas e religiosas atraentes”.
Perdoar a dívida dos países pobres
Recordando o documento da Comissão ‘Iustitia et Pax’ de 1986, Bongiovanni retoma o recente apelo do Papa Francisco, contido na Mensagem para o Dia Mundial da Paz, que aborda a questão do perdão da dívida externa dos países pobres. “Esse tema é reiterado a cada Jubileu, mas, em nível internacional, - observa o presidente - não é levado em consideração”. Ele clama pela destinação universal dos bens, pois a terra é um dom de Deus para todos. “O Jubileu deve redescobrir suas raízes bíblicas; caso contrário, torna-se apenas mais uma ocasião comemorativa que não muda a realidade. Essa questão está intimamente ligada ao tema do desenvolvimento, porque a dívida internacional é um obstáculo enorme para os países mais pobres, com consequências sempre desastrosas para toda a humanidade”. Portanto, “precisamos entender qual é o impacto da dinâmica do Jubileu sobre esses países”.
Investir em desenvolvimento, não em gastos militares
Bongiovanni, que também é diretor do Centro de Estudos Inter-religiosos da Pontifícia Universidade Gregoriana, destaca que hoje até mesmo uma certa "ética da guerra" foi ultrapassada, dando lugar apenas ao horror devastador “que visa tirar a dignidade e a esperança”. No entanto, ressalta que a Fundação Magis, por meio de seus projetos, testemunha uma destacada resiliência em contextos já duramente provados. Essa resiliência, alimentada pela fé, transforma-se em um potencial de renascimento e esperança por uma nova vida, sendo, segundo o presidente, “o que nos faz sentir como ‘peregrinos de esperança’. Não apenas nós, como agentes, mas também nas pessoas que vivem essas situações”.
Fome, saúde, educação... são questões que, no Ocidente, consideramos superadas ou garantidas. “Há um desequilíbrio no mundo, e o Jubileu deveria fazer sentir a necessidade de reduzir essa diferença”, conclui o presidente da Magis, que espera um esforço conjunto entre indivíduos e instituições para mobilizar recursos. Os recursos destinados à cooperação ainda são insuficientes e estão abaixo da meta internacional de 0,7% da Renda Nacional Bruta, definida pela Agenda 2030. “E isso, infelizmente, enquanto continua-se a investir em gastos militares”.
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