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“VI Missão Jovem na Amazônia” “VI Missão Jovem na Amazônia” 

“VI Missão Jovem na Amazônia”: compromisso juvenil com a Igreja missionária

Após 2 anos de preparação, 260 jovens inscritos, 8 áreas pastorais como campo de missão, 33 paróquias, 16 cidades, centenas de famílias visitadas e dezenas de pessoas de apoio, entre bispos, padres, seminaristas, religiosas e leigos, encerrou no domingo, 15 de dezembro, a ‘VI Missão Jovem na Amazônia’ realizada pela Diocese de Marabá, em Marabá (PA).

Vívian Marler / Assessora de Comunicação CNBB Regional Norte 2

A missão iniciou no sábado (7/12) quando os 260 jovens inscritos para participar começaram a chegar oriundos de várias regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, unindo-se com um único propósito, o de fortalecer o compromisso dos jovens com a Igreja, promovendo a conscientização sociocultural, através do tema “Jovens, Peregrinos da Esperança” e do lema inspirado na carta aos Romanos “Alegres na Esperança”.

Durante os nove dias a juventude missionária foi dividida por 8 áreas pastorais e acolhida em 33 paróquias que foram a base para que cada grupo pudesse experenciar as diferentes áreas programadas para a missão como unidades penitenciárias, hospitais, casas de idosos, casa de acolhimento para pessoas que buscam recuperar de vícios, comunidades indígenas, visita a centenas de residências nas comunidades nas cidades em Marabá e dentre outros, também puderam percorrer a área da Serra de Carajás, famosa por abrigar o maior garimpo aberto já registrado na história em um período que a maioria dos missionários ainda nem eram nascidos (1980 e 1983).

Dentre os bispos presentes, além do anfitrião Dom Vital Corbellini, bispo da Diocese de Marabá, estiveram presentes Dom Vilson Basso, bispo da diocese de Imperatriz no Maranhão, e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB; Dom Antônio de Assis Ribeiro, bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém e referente para a juventude no Regional Norte 2; Dom Paulo Andreolli, bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém e membro do Conselho Missionário no Regional Norte 2; Dom Antônio Fontinele, bispo da Prelazia de Humaitá (AM) e Dom Jesús María López Mauléon, bispo da Prelazia do Alto-Xingu em Tucumã.

Compromisso juvenil com a Igreja missionária
Compromisso juvenil com a Igreja missionária

“A visita a uma comunidade longe da Vila Janari foi uma experiência gratificante de ir aos últimos, aos pequenos e esquecidos. É com alegria que recebemos esta graça e a motivação que levaremos é a mesma que Jesus teve ao se aproximar em especial dos pequenos, como nos diz o Evangelho”, disse Dom Jésus María, que foi acolhido pela Paróquia Santa Maria, na Vila Janari.

“Foi uma vontade dos bispos reunir a juventude para experimentar a beleza da missão, para poder levar esperança que é o sentido desta missão. É possível perceber como a igreja é missionária por natureza, e os jovens experimentam uma alegria muito grande ao visitar as famílias”, contou Dom Paulo Andreolli, que este acompanhando a Missão Jovem na região dos Carajás.

“Estivemos na alegria e na esperança, passando por diversos encontros de realidades que nos enriqueceu e mais do que enriquecer, nos aproximou e nos despertou para sermos uma Igreja em saída, uma Igreja peregrina, uma Igreja próxima das pessoas, para amar para servir, para cuidar, para testemunhar nossa fé através do gesto concreto de solidariedade, de partilha, de proximidade. O que mais me encantou foi ver a animação, a alegria e a criatividade. Quantos dons, quantos talentos, quantas experiências partilhadas a serviço do Evangelho e a serviço da evangelização”, disse Dom Fontinelli.  

A inclusão da Serra Pelada na missão teve um significado importante “escolhemos a Serra Pelada como um lugar de missão, porque é um lugar incógnito que a juventude precisava conhecer, e que forma a história de nosso país”, disse Dom Vilson Basso ao chegar na localidade.

“VI Missão Jovem na Amazônia”
“VI Missão Jovem na Amazônia”

Os moradores receberam a juventude com sorriso e abraços fraternos, inserindo em cada um deles uma experiência cultural diferente da realidade que cada uma vivência em seu dia a dia, como disse uma jovem missionária “esta visita mexeu profundamente com minha vida e com o que quero levar como testemunho. Conhecer a realidade me faz entender que Cristo é misericordioso. Poder escutar o que cada pessoa tinha para falar sobre a sua vida e de certa forma levar para elas consolo e esperança foi algo gratificante”, contou a jovem no vídeo realizado pelos Jovens Conectados (Vídeo ).

Acolhido na área pastoral do Brejo Grande do Araguaia e São Domingos do Araguaia, Dom Antônio de Assis Ribeiro contou sobre suas experiências deixando uma dica aos catequizandos “foi uma experiência maravilhosa e que deveria ser levada como exemplo para que jovens pudessem ser iniciados na experiência missionária junto com a iniciação a vida cristã fazendo-os ter a experiência missionaria, de saída, de encontro aos mais pobres, aos excluídos, ir ao encontro das novas fronteiras geográficas e existenciais, porque essa experiência é totalmente enriquecedora para o jovem e deve estar presente na catequese”

E contou sobre a visita ao povo Aikewara-suruí em São Domingos do Araguaia “o povo Aikewara-suruí é um povo alegre e acolhedor, simples e com muitas crianças, adolescentes e jovens, o que significa que há futuro. Existe a presença da Igreja no local, mas que pode ser mais fortalecida. Que bom seria se tivesse uma comunidade ou congregação que pudesse acompanhar e compartilhar com os irmãos indígenas a presença da Igreja católica, o que iria robustecer a presença missionária”, instigou Dom Antônio que deu um spoiler sobre um dos projetos que o Regional Norte 2 da CNBB prepara para 2025  “em 2025 acontecerá o ‘Primeiro Encontro Regional da Juventude Indígena’ na Arquidiocese de Santarém, para que possamos dar uma atenção maior a esta juventude, que como nos grandes centros, tambem sofrem com seus problemas”.

“VI Missão Jovem na Amazônia”: prisão
“VI Missão Jovem na Amazônia”: prisão

Para o jovem Awaaga Surui, que agradeceu em nome do seu povo, a visita foi muito importante “recebemos os jovens e foi muito importante porque trouxeram ensinamento bíblico e ensinaram não apenas os jovens, mas as crianças também. Foi uma experiência bacana para todos aqui na aldeia, e para eles que foram recebidos em cada casa”, contou o indígena.  

Carlos Eduardo da Diocese de Araguaína, em Tocantins, ficou acolhido na Paroquia de São Domingos e contou sobre a experiência que ele teve nas aldeias indígenas “minha experiencia, foi uma experiencia incrível em poder conhecer os povos indígenas, as suas culturas, as suas crenças, aprender com eles, visitar as suas casas, conhecer cada realidade principalmente das crianças e dos jovens. Foram dias incríveis, uma semana desafiadora, caminhando dentro da mata da Amazônia, conhecendo um pouquinho das realidades e se encantando cada dia mais com a cultura indígena. Estou muito feliz e louvo a Deus pela oportunidade de participar e ser missionário da esperança nas aldeias indígenas”, disse alegremente mostrando a tatuagem que fez durante a visita ao povo Aikewara-suruí.

Irmã Mayara Afonso, da Congregação das Irmãs Franciscanas do Sagrado Coração de Jesus, da Diocese de Caruaru, em Pernambuco, conseguiu visualizar na prática o que Papa Francisco escreveu no “Querida Amazônia”. “Para mim a experiência na sexta missão jovem, é a de redescobrir, de descobrir o rosto jovem da Igreja na Amazônia em suas diversas formas, como em sair em missão, estar em encontro, de tantas realidades que agora faz muito mais sentido o porquê que o Papa chamou o documento de ‘Querida Amazônia’, porque aqui é um lugar de afeto e de muito amor em Jesus Cristo”, contou emocionada.      

Dentre os jovens de outros estados, o grupo do padre Thiago Ruiz, pároco da Paróquia Santa Izabel Rainha de Portugal, representante da Arquidiocese de Campinas (SP), destacou-se. Padre Thiago trouxe com ele cinco jovens que foram espalhados pelas regiões missionárias e o que Regina, Lucas, Luiz, David e Ingrid levam em comum em sua bagagem espiritual são experiências transformadoras.

Regina Pedroni foi designada para a Paroquia Santana, em Marabá e visitou cada comunidade da paróquia “visitamos a casa de várias pessoas das comunidades e cada área foi diferente. Na primeira observei pessoas adoentadas, em outra o povo ainda não está firme em uma religião e acaba frequentando várias igrejas o que nos fez conversar sobre a importância de seguir uma religião e tentar fazê-los escolher, através de estudos, seguir a sua fé. Em todas levamos a Palavra de Deus, escutávamos suas histórias, rezávamos e ao final de cada dia celebrávamos a santa missa com o povo. Foi uma experiencia muito incrível”

O jovem Lucas Flaitt ficou na cidade de Paraupebas, na paróquia São Francisco de Assis e agradecido contou sobre o que sentiu ao visitar as comunidades “gostaria de agradecer a acolhida dos padres Cristiano, Luciano e Francisco que foram pessoas escolhidas a dedo para ficarem com a gente, porque a missão foi uma experiência única e espero que todos os jovens possam ter essa experiência tambem, porque eu senti o amor de Deus em todas as visitas em que eu fui”.

“Fiquei na cidade de Goianésia, de aproximadamente 27mil habitantes, é uma zona rural, com casas bem humildes. Visitamos hospitais e casas de idosos. Aprendi bastante com a diferença cultural e principalmente que é um povo simples, mas de muita fé”, contou Luiz Eduardo Rocha.

“Fiquei em uma cidade chamada Quatro Bocas, uma área bem rural, bem isolada, onde eles não têm muito acesso e é difícil chegar de carro. Conheci duas comunidades na primeira composta por maranhenses de uma mesma família e na segunda por ex-moradores do Tocantins. Falamos de Jesus para fortalecer e ensinar um pouco da importância da Santa Missa que eles só têm acesso de mês em mês, pelo fato de serem comunidades muito isoladas. Foi muito edificante, me senti parte da comunidade, já estou no grupo de whatsapp deles mandando os evangelhos. Foi uma experiencia muito edificante onde pude ver realidades muito distantes da que estou acostumada no estado de São Paulo”, contou Davi Zau.  

A Paroquia Santo Antônio, na área de Nova Marabá acolheu a jovem Ingrid Vonsik que ficou muito emocionada com a visita aos idosos enfermos “pude vivenciar o amor da comunidade. Participei do bazar, da equipe de montagem da cesta básica, visitei escolas, enfermos, porta a porta das casas. Mas foi ao visitar os enfermos, a maioria idosos, que observei que quando ficam doentes e param de frequentar a Igreja acreditam que a fé tenha acabado. Foi muito bom conviver com eles e explicar a fé de outra forma. Uma frase que escutei de um enfermo e que me tocou muito foi ‘você trouxe minha fé de volta’, mas não era eu, eu fui apenas um instrumento da Palavra de Cristo”.

Para o padre Thiago Ruiz ele e seus jovens voltam para casa com a esperança renovada “foi uma alegria muito grande participar com os jovens de nossa paróquia de Campinas, e trazer o Cristo conosco e encontrar o mesmo Cristo neste lugar. Nós missionários da esperança saímos daqui com a esperança renovada, depois desta experiencia de dias de encontro com o Senhor na missão da Cvida de seu povo, e agradecer a Diocese de Marabá e a todas as pessoas que se envolveram nesta missão”.

Dom Bosco, o pai e mestre da juventude, inspirou Douglas da Diocese de São José dos Campos (SP) a reforçar o que ele vivenciou durante a Missão Jovem “levo comigo uma frase de Dom Bosco ‘Deus nos colocou no mundo para os outros’ e foi o que aprendi, na diocese de Marabá, durante esses dias. Deus ‘me’ colocou no mundo para os outros. Visitei presídios, casas e levo comigo uma bagagem muito grande de conhecimento, de espiritualidade. As vezes eu chegava em uma casa achando que ia levar Jesus, e Jesus é quem estava lá me esperando”.

Durante a missa de encerramento, Dom Vilson Basso, em sua homilia, falou das dificuldades que muitos missionários tiveram para chegar até Marabá por causa da distância e dos trajetos, mas que a VI Missão Jovem na Amazônia será inesquecível porque despertou a vocação em vários jovens “desta semana missionária, que certamente levaremos para o resto de nossos dias, foi o chamado a conversão que cada um pode experimentar sentindo o quanto tem que melhorar e mudar em sua vida e em seu testemunho, porque Ele virá com a pá na mão, vai limpar sujeira, recolher o trigo no celeiro, mas a palha ele a queimará no fogo. Certamente, também, foi um tempo vocacional quando vários de vocês já declararam quero ser padre, quero ser irmã, quero caminhar mais firmemente na igreja. Com certeza este chamado foi o mais forte da semana missionária, e espero que de fato toque o seu coração vocacionalmente, porque a vida é missão, a vida é encontro com Jesus a vida é também é resposta ao seu chamado”, falou convidando aos jovens que foram tocados a seguirem seus corações missionários.

A ‘VII Missão Jovem na Amazônia’, devido a realização da ‘30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima’ – COP 30, não será realizada em 2025, mas acontecerá em 2026, e a diocese escolhida para realizá-la foi a Diocese de Castanhal (PA), que levará aos jovens daquela região e de todas as regionais da CNBB o mesmo sentimento que o jovem missionário Evison da Paixão Lameira, que junto com um grupo de mais 49 jovens representantes de Castanhal levarão consigo.

“Participei da missão Jovem com muito amor, alegria e esperança, e como tema diz ‘Jovens peregrinos da esperança’ fizemos desse momento de missão momento de evangelização e de também sermos evangelizados. Por onde passei pude observar o quanto é importante levar a esperança ao proximo, mas foi durante a visita ao sistema penitenciário que aconteceram os momentos de muita emoção, através da conversa e da fraternidade com as pessoas que lá estavam. Foi muito bonito vê-los se alegrar em nos receber e receber a Palavra de Deus”, concluiu o jovem que participará da VII Missão Jovem na Amazônia.

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17 dezembro 2024, 16:47