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Cardeal Tempesta abre na arquidiocese o Ano Santo de 2025. Cardeal Tempesta abre na arquidiocese o Ano Santo de 2025.  

Rio de Janeiro: Jubileu da Esperança

Cardeal Tempesta abre na arquidiocese o Ano Santo de 2025 e conclama a todos para encontrar caminhos de um tempo novo de fraternidade e de paz.

Carlos Moioli – Arquidiocese do Rio de Janeiro

O Jubileu Ordinário de 2025, também chamado de Ano Santo, proclamado pelo Papa Francisco, com o tema “Peregrinos de Esperança”, que celebra os 2025 anos da encarnação e nascimento de Jesus Cristo, iniciou com abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, no Vaticano, na véspera de Natal, como um dom especial de graça da misericórdia de Deus.

Na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, o Ano Santo foi aberto solenemente, em sintonia com todas as dioceses do mundo, pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, na manhã do dia 29 de dezembro, Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José. A celebração assinalou o início do ano pastoral na arquidiocese, cujas atividades terão o mesmo objetivo do jubileu: ser um tempo forte da graça onde a esperança deve inspirar a conversão e a missão, em sintonia com o II Sínodo Arquidiocesano.

Rio de Janeiro: Jubileu da Esperança
Rio de Janeiro: Jubileu da Esperança

A concentração para a peregrinação até a Catedral Metropolitana de São Sebastião, definida pela Carta Pastoral de Dom Orani, “Missão, Esperança e Paz”, publicada no dia 19 de outubro de 2024, aconteceu no pátio externo da Igreja do Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca, onde também foi feita a leitura da Bula de Proclamação do Jubileu Ordinário “Spes non confundit – a esperança não engana” (Rm 5, 5).

“Ao dar início ao ano jubilar em nossa arquidiocese, somos chamados a retomar e a reavivar a nossa vida cristã, na certeza que Jesus Cristo, é o caminho que nos conduz ao pai e que nos faz viver neste mundo de maneira nova. Chegou a nossa vez de viver o grande dom que a Igreja concede a cada 25 anos, nesse ano abençoado de orações, peregrinações e indulgências, de também fazer a experiência da reconciliação, da esperança e da misericórdia de Deus”, disse o arcebispo.

“Ao ver tantas guerras pelo mundo e situações adversas e de violências em nossa cidade, que nós sabemos que elas existem, onde estão e como nós experimentamos, possamos ser homens e mulheres reconciliados, reavivados com o dom de Deus, e chamados a semear sementes de esperança, ela que é uma virtude teologal, um dom da graça de Deus”, acrescentou o arcebispo.

A todos que fizeram unidade na abertura do jubileu, no Largo da Carioca, Dom Orani enfatizou: “Saibamos acolher as propostas da Igreja e envolver nossa vida nessa direção, e guardar no coração tudo o que Senhor nos proporciona e nos convida a viver neste Ano Santo. Que a nossa caminhada para a Catedral seja um sinal de nossa caminhada na vida de conversão e de transformação como peregrinos de esperança, que é o próprio Senhor Jesus Cristo, razão da nossa vida.”

Cardeal Tempesta abre na arquidiocese o Ano Santo de 2025
Cardeal Tempesta abre na arquidiocese o Ano Santo de 2025

Durante o trajeto, uma cruz, sinal da vitória de Cristo sobre o pecado, o mal e a morte, foi conduzida por 21 jovens – o mesmo número de Igrejas jubilares na arquidiocese. Tendo no seu interior a silhueta do Cristo Redentor, a cruz tem características peculiares da identidade e da cultura carioca e católica: o Cristo Redentor no alto do Corcovado e a Jornada Mundial da Juventude Rio 2013.

Quando a peregrinação chegou no limiar da porta da Catedral, Dom Orani voltou a cruz para o povo e convidou a todos para venerá-la, aclamando: “Salve cruz de Cristo, única esperança”. Em seguida, dirigiu-se até a pia batismal, deu a bênção e percorrendo a nave da Catedral, aspergiu o povo com a água que recorda o Batismo, sendo precedido do Evangeliário e pela cruz.

A Igreja Mãe da arquidiocese estava com a sua lotação máxima. A presença dos bispos auxiliares e residentes na cidade, os sacerdotes, entre eles, os vigários episcopais territoriais e não territoriais, diáconos, religiosos, consagrados, seminaristas e o povo de Deus, foi uma manifestação de fé e de unidade com a Igreja, com a arquidiocese, um sinal do desejo de viver a santidade e as graças do jubileu.

No final da celebração, o pároco da Catedral, também vigário episcopal de Pastoral, cônego Claudio dos Santos, apresentou as 21 Igrejas jubilares, entre basílicas, santuários e paróquias, presentes nos 12 vicariatos da arquidiocese. Os seus representantes, acompanhados dos vigários episcopais receberam das mãos do arcebispo um quadro de identificação, para que os fiéis possam realizar a peregrinação durante o ano jubilar e receber indulgências.

Catedral do Rio de Janeiro
Catedral do Rio de Janeiro

Homilia: Voltar ao nosso primeiro amor, que é Jesus Cristo

Logo no início da homilia, Dom Orani convidou a todos para aproveitar os dons que o Senhor concede no Ano Santo, o Jubileu da Esperança. 

Ao agradecer aos 21 jovens que conduziram a cruz em peregrinação até a Catedral, lembrou dos ícones da Cruz Peregrina e de Nossa Senhora presentes na Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, em 2013, quando milhões de jovens foram acolhidos Pelo Papa Francisco, na primeira viagem apostólica internacional de seu pontificado.

O arcebispo observou que no altar, ao lado da cruz do jubileu, estava a imagem de Nossa Senhora da Esperança, venerada na paróquia a ela dedicada, em Botafogo, que é uma réplica da que foi trazida pela devoção de Pedro Álvares Cabral quando veio ao Brasil. “A primeira imagem de Maria que chegou até nós foi Nossa Senhora da Esperança, ela que intercede por nós nesse Ano Santo, os peregrinos de esperança”, disse.

Ao fazer memória do significado do jubileu, iniciado com o povo de Deus ainda no Antigo Testamento, lembrou que ele é um tempo especial de retomada das origens, de reconciliação e de recomeço da própria existência no caminho e na escuta do Senhor.

Rio de Janeiro: Jubileu da Esperança
Rio de Janeiro: Jubileu da Esperança

“Com o passar do tempo, muitas situações podem endurecer nosso coração e nos tirar a paz interior, tornando-nos insensíveis às realidades, que nos faz, muitas vezes, viver cansados e decepcionados. O ano jubilar, devem nos fazer voltar a nossa opção fundamental, ao nosso primeiro amor, que é Jesus Cristo, nosso Senhor, sem o qual toda a nossa vida não teria sentido. Como batizados, somos chamados em cada ato do jubileu a renovar a nossa própria vida, a retomar a nossa identidade e vida cristã, e aproveitar esse tempo de graça com os dons e as indulgências que nos são concedidos pelo Senhor”, disse.

Com a renovação pessoal, da própria vida e da vocação cristã, Dom Orani observou sobre a necessidade de renovar também as famílias. Na reflexão da primeira leitura da missa (Eclo 3,3-17) que mostra a importância da obediência assídua que os filhos devem ter para com os seus pais, e leitura do Evangelho (Lc 2,41-52), dentro da celebração da Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, ele lembrou que Jesus é a Palavra viva, que até os doutores da lei ficaram admirados de sua sabedoria.

“Ao contemplar a Família de Nazaré na sua simplicidade, a liturgia nos propõe refletir sobre a importância da família cristã hoje, com base nas palavras de São João Paulo II, que o ‘futuro da humanidade passa pela família’. Somos chamados, neste jubileu, a dedicar uma atenção especial às famílias, por meio do carisma dos vários grupos que fazem parte da dimensão familiar em nossa arquidiocese, lembrando que a Igreja tem lugar para todos. Em meio a tantas situações e propagandas contrárias à vida familiar, cuidar para que os noivos se preparem para o matrimônio, que a família esteja aberta à vida e as crianças possam ter o exemplo dos pais, e alimentar-se da Palavra de Deus e caminhar como Igreja”, disse.

Na reflexão da segunda leitura (Cl 3-12-21), Dom Orani destacou que os cristãos, como Igreja de Jesus Cristo, devem se empenhar na evangelização, na missão e dar testemunho na sociedade, sempre revestidos de misericórdia, bondade, humildade e mansidão.

Neste sentido, lembrou que as paróquias devem permanecer abertas aos fiéis que a procuram para celebrar, rezar, receber sacramentos, entre eles o da confissão, participar da catequese ou de algum grupo eclesial. “As pessoas precisam sentir que são acolhidas pelo Senhor presente na sua Igreja, na comunidade eclesial”, disse o arcebispo e destacou: “que as comunidades paroquiais deem atenção a pastoral da escuta, que gostaria que mais tarde se transformasse em ministério, para acolher e escutar as dores de nosso povo e que eles possam encontrar alento para suas vidas.”

O arcebispo lembrou da necessidade de ‘Ser Igreja’ diante das realidades de cada dia com o “povo que sofre, necessita e anseia por tempos melhores.” A preocupação com os vulneráveis – destacou, é uma tradição na arquidiocese, a “maior instituição que trabalha no social”, mas que deve ser ainda mais incrementada.

“A nossa cidade precisa encontrar caminhos para os moradores em situação de rua, além do que a Igreja e demais grupos já fazem. Há necessidade de soluções dignas para os que não tem moradia, trabalho, alimento e família. O jubileu deve ser um ano de retomada dos valores importantes da vida humana, entre os quais a dignidade humana que nós vemos espezinhada pelas ruas e marquises de nossa cidade”, disse.

Paz e segurança na grande cidade

Ainda na homilia, Dom Orani chamou à atenção para quem tem responsabilidades em todos os níveis de poder para encontrar caminhos de transformação para a paz e segurança na cidade.

“Não podemos acreditar que passa desapercebido das autoridades a situação que vivemos de insegurança e de violência nesta cidade. É necessário que as diversas instâncias de poder se encontrem e saibam dialogar com o coração aberto e a preocupação de fazer o bem para que a segurança e a paz reinem em nossas fronteiras. Nossa cidade é bela e maravilhosa, porém, com tantas situações que nos fazem chorar, entre elas, as dificuldades que as pessoas têm de ir e vir. Não podemos continuar assistindo passivamente tudo isso, principalmente de quem têm responsabilidade social e política, e recebem para isso, de cuidar das necessidades dos pobres e da segurança nessa nossa cidade”, disse.

Dom Orani observou que o tempo do jubileu é recomeço, mas deve conduzir e encaminhar soluções, mesmo que leve décadas. “Minhas palavras devem ecoar não só dentro da nossa Igreja, mas para fora dos nossos templos, para que cada um, de olhos bem abertos, dentro de suas responsabilidades, cumpra com a sua missão diante das várias situações que vivemos nessa nossa cidade, que tem tudo para ser cada vez melhor no âmbito da paz, fraternidade e harmonia.”

Na conclusão da homilia, o arcebispo lembrou que nada “isenta os cristãos católicos de serem os primeiros a se converter, se reconciliar e fazer o bem.” Pedindo a proteção de Nossa Senhora da Esperança, exortou a todos para buscar o Cristo no cotidiano da vida, caminhar com a comunidade e ser responsáveis e testemunhas de um novo tempo.

“O ano do jubileu que iniciamos, deve nos impulsionar em assumir nossa responsabilidade pessoal, familiar, comunitária, humana e social. O jubileu deve ressoar por todas as ruas, avenidas, vielas e escadarias dessa cidade que é possível viver um tempo novo de fraternidade e de paz, que começa com o coração humano. Bom e santo jubileu para todos.”

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31 dezembro 2024, 15:28