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Sacerdotes caminham pelo cemitério Lychaklv, em Lviv, em 6 de dezembro de 2024. Sacerdotes caminham pelo cemitério Lychaklv, em Lviv, em 6 de dezembro de 2024.  (AFP or licensors)

Um Natal de renascimento, também no front

Permanecer humano também onde a fronteira entre o bem e o mal se torna indistinta. O bispo auxiliar da Eparquia de Stryi, Bohdan Manyshyn, fala ao Vatican News obre os desafios da pastoral militar na guerra na Ucrânia

por Svitlana Dukhovych

Para quem está combatendo no front é difícil manter vivo o sentido da sacralidade de cada festa religiosa, ainda mais por ocasião de celebrações mais importantes como o Natal ou a Páscoa. São períodos em que o papel do capelão militar torna-se fundamental no apoio aos soldados que se encontram no front, expostos ao horror da guerra e longe das suas famílias.

A explicar os desafios e o compromisso pastoral dos capelães militares na Ucrânia é dom Bohdan Manyshyn, bispo auxiliar da Eparquia de Stryi e chefe de departamento de Capelania Militar da Igreja Greco-Católica ucraniana, que falando aos meios de comunicação do Vaticano, afirma que “é importante que o capelão saiba dar sentido ao sofrimento dos militares envolvidos nos combates. Não se deve permitir que vença o desespero."

Os sacrifícios mais extremos que as pessoas têm de enfrentar em um contexto de guerra devem ser percebidos “como um percurso de renascimento”. A guerra não deve tornar-se a negação da vida, mas sim a celebração da vida por meio dos atos de generosidade extrema.

O bispo, que tantas vezes passou o Natal entre os soldados, recorda algumas experiências que para ele representam pequenos milagres. Mesmo nas áreas de guerra nada acontece por acaso: “Um dia - conta dom Manyshyn – devido a uma avaria no carro em que viajávamos, acumulamos um longo atraso e pensávamos com pesar ao fato que não poderíamos visitar todas as locailidades atrás das linhas para onde iam os soldados que regressavam dos combates. Essa demora, porém, fez com que nos deparássemos com um soldado, perturbado, que acabava de regressar do front e que sentia necessidade de se confessar e receber a Comunhão. Todos lhe diziam que ele nunca encontraria um sacerdote naqueles lados”.

“A natureza de um capelão militar – explica dom Bohdan Manyshyn – tem as suas raízes na figura de São Martinho de Tours e no gesto de partilhar o seu manto com um pobre”.

Servir como capelães, segundo o bispo Manyshyn, exige sacrifício. “Mas em situações tão extremas – sublinha – tornamo-nos testemunhas de como Deus age na história de cada vida humana e como a transforma”.

No front existe uma linha tênue entre o bem e o mal. “E o capelão – conclui o bispo – tem o dever de recordar ao soldado para que permaneça sempre humano e que as circunstâncias não lhe são superiores”.

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23 dezembro 2024, 11:51