Busca

Memorial recorda vítimas coreanas do massacre de Kanto em 1923 Memorial recorda vítimas coreanas do massacre de Kanto em 1923   (ANSA)

Três missionários de São Columbano entre os “heróis da independência" da Coreia

Os três foram presos em dezembro de 1941 sob a acusação de terem disseminado informações falsas e foram condenados à prisão: suas comunidades ficaram privadas de sua presença por alguns anos, mas os três viveram os anos de prisão sempre animados pela fé e pela esperança.
Ouça e compartilhe

Em dezembro de 2024, o Ministério coreano para Assuntos dos Patriotas e Veteranos incluiu três missionários da Sociedade de São Columbano para as missões estrangeiras entre os heróis da independência, designando-os como exemplos de vida e modelos nos quais inspirar-se  no presente. Trata-se dos padres Patrick Dawson (1905-1989), Thomas Daniel Ryan (1907-1971) e Augustine Sweeney (1909-1980), três sacerdotes irlandeses que estiveram na Coreia, na Diocese de Jeju, no anos 30 e 40 do século passado. O Ministério criou um registro especial para incluir os combatentes da independência ou aqueles que participaram ativamente no movimento de independência, para poder atribuir medalhas e prêmios nacionais.

O reconhecimento do governo coreano chega em um momento em que o país ainda se encontra em um estado de “suspensão”, depois de o presidente Yoon Suk-yeol ter sofrido impeachment pelo Parlamento. Os repentinos acontecimentos, en uma fase política e social delicada, despertaram na consciência coletiva sentimentos de orgulho pela independência nacional e pela defesa das instituições democráticas, árduas conquistas ocorridas no século passado e que hoje, reitera-se, devem ser protegidas. A experiência dos missionários recorda a contribuição da Igreja Católica, passada e presente, para a nação coreana.

 

Os três missionários eram atuantes na Coreia durante o tempo da ocupação japonesa e, naqueles anos difíceis para a população, transmitiram esperança pela independência e por um futuro melhor, mesmo nos momentos mais sombrios. Na época, os japoneses controlavam os meios de comunicação de massa e exageravam nos relatos de suas vitórias.

Padre Patrick, enviado à Coreia em 1933, serviu como pároco na Diocese de Jeju. Esmerava-se na oferta dos Sacramentos e em iniciativas de consolação e caridade para com a população oprimida. Em uma reunião missionária em abril de 1941, afirmou: “Segundo a imprensa nipônica, o exército japonês está avançando em direção a Changsha, mas a rádio de Xangai relata a derrota do exército japonês. O que o jornal japonês escreve é ​​falso. Se a Guerra sino-japonesa se prolongasse, o Japão perderia a guerra devido à falta de suprimentos.”

Padre Thomas também foi pároco na Diocese de Jeju. Na sua comunidade, ele encorajou os fiéis coreanos a confiar em Deus e a resistir porque, afirmou, “se a China receber ajuda do Reino Unido e dos Estados Unidos e o conflito se prolongar, o Japão será derrotado”.

 

O terceiro missionário, Pe. Augustine, realizando um incansável serviço apostólico e de caridade entre os fiéis de Jeju, dizia às pessoas que “o Japão não tinha nenhuma chance de sair vitorioso da guerra".

Os três foram presos em dezembro de 1941 sob a acusação de terem disseminado informações falsas e foram condenados à prisão: suas comunidades ficaram privadas de sua presença por alguns anos, mas os três viveram os anos de prisão sempre animados pela fé e pela esperança.

Na década de 1930, o Japão, tendo de enfrentar o movimento de libertação nacional na área colonial de Joseon, na Coreia, invadiu primeiro a Manchúria e depois Xangai em janeiro de 1932, provocando a Guerra sino-japonesa em julho de 1937 e a Guerra do Pacífico em dezembro de 1941, conflitos que duraram até a sua derrota, em agosto de 1945.

Para o esforço bélico, o Japão reorganizou a colônia de Joseon como base logística para o exército e organizou um sistema de exploração de mão-de-obra e recursos materiais na Coreia. A fim de maximizar a exploração, o Japão tentou controlar de forma abrangente a vida quotidiana dos coreanos, mesmo em aspectos da vida espiritual e religiosa. Por esta razão, o período desde o início da Guerra sino-japonesa até agosto de 1945 é descrito pelos historiadores como "o período mais sombrio do domínio colonial japonês na Coreia". Neste contexto, a proximidade e as obras de caridade espirituais e materiais dos três missionários representaram um apoio autêntico e precioso à população.

*Agência Fides 

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

02 janeiro 2025, 08:23