As flores amarelas da senhora Carmela
Pe. Maicon André Malacarne*
O Papa Francisco é o Papa dos gestos. Ao aparecer na sacada do 5º andar do hospital em que estava internado nos últimos 40 dias, é possível ver Francisco não tão fascinado pela multidão que aguardava para vê-lo. Seus olhos se esforçavam para encontrar os rostos das pessoas. Logo percebeu a presença da senhora Carmela com seu maço de flores amarelas. Antes de falar, o semblante do Papa mudou, sorriu, apontou o dedo, fez gesto positivo com a cabeça. Com o microfone, disse: "bom dia, obrigado a todos! Estou vendo aquela senhora com as flores amarelas. É uma boa pessoa".
Evangelizar é encontrar com os interlocutores do evangelho. E os interlocutores de ontem são diferentes dos interlocutores de hoje. Evangelizar exige conhecer as realidades, acolher as histórias, abraçar os dramas, dar a mão para as contradições, partilhar as fragilidades de cada pessoa.
Evangelizar não é intelectualismo nem amadorismo. Evangelizar é encontrar com as pessoas que tem nome e carregam as suas "flores amarelas". Trata-se de um intercâmbio de vozes, de dons, de semblantes que se reconhecem: "as ovelhas o seguem porque conhecem a sua voz" (Jo 10,4).
As flores amarelas chegaram no Papa que levou-as, antes de ir para casa, para o cardeal Rolandas Makrickas para que as depositasse aos pés do ícone de Nossa Senhora, na basílica de Santa Maria Maior, como forma de agradecimento pela sua recuperação (conforme a foto do Vatican News).
* professor de Teologia Moral e pároco da Paróquia São Cristóvão - diocese de Erexim/RS
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