Conselho Regional de Pastoral da CNBB Sul 4 se reuniu em Florianópolis
Vatican News
O Regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reuniu-se para o Conselho Regional de Pastoral (CRP) nos dias 13 e 14 de março, no Recanto Champagnat, em Florianópolis (SC).
O encontro contou com a participação de bispos, coordenadores diocesanos de pastoral, ecônomos diocesanos e coordenações estaduais das pastorais, movimentos, organismos e serviços. O tema central foi “Igreja Peregrina e Sinodal: Um Chamado ao Discernimento”, conduzido por Leon Patrick Afonso de Souza. O bispo auxiliar de Vitória (ES), Dom Andherson Franklin Lustosa de Souza refletiu, de forma remota, sobre o tema “Peregrinos da Esperança na Perspectiva Bíblica.”
Igreja Peregrina e Sinodal: Um Chamado ao Discernimento
Leon destacou a importância da “conversão de processos”, conforme indicado no documento final do Sínodo sobre a Sinodalidade, que incentiva práticas essenciais na evangelização: discernimento eclesial, transparência nos processos decisórios e avaliação dos resultados.
Durante as discussões, o assessor ressaltou que o discernimento não se trata apenas de uma técnica organizacional, mas de uma prática espiritual baseada na fé, humildade e escuta mútua. Reafirmou que a sinodalidade é o caminho essencial para a comunhão e participação ativa de todos os fiéis, incluindo aqueles à margem da sociedade.
Outro ponto central abordado foi o reconhecimento da história da Igreja em Santa Catarina e a importância de fazer memória das experiências e desafios enfrentados. A valorização das periferias existenciais, a promoção da justiça social e a inclusão de leigos e leigas nos processos decisórios foram reafirmadas como compromissos inegociáveis para o futuro.
Leon Patrick concluiu o encontro com um chamado à esperança e à ação missionária, inspirando os participantes a “primeirear” — ou seja, tomar a iniciativa na construção de uma Igreja cada vez mais acolhedora, fraterna e transformadora.
Peregrinos da Esperança na Perspectiva Bíblica
Dom Andherson, durante sua fala destacou a necessidade de uma Igreja em saída, compassiva e atenta às dores e esperanças do nosso tempo, inspirada pela exortação apostólica A Alegria do Evangelho, do Papa Francisco.
Em sua exposição, ele ressaltou três aspectos fundamentais do caminho jubilar:
1. Rever o Caminho: O jubileu sempre foi um momento de revisão histórica e espiritual. No Livro do Levítico (cap. 25), Israel é convidado a relembrar as ações de Deus em sua história. Hoje, essa reflexão se torna essencial para que possamos reconhecer a presença amorosa de Deus diante dos desafios pessoais, sociais e eclesiais.
2. Memória Agradecida: Assim como Deus conduziu Seu povo pelo deserto, como descrito no Deuteronômio (cap. 8), somos chamados a uma memória agradecida pela fidelidade divina. Para os cristãos, esse amor se manifesta de forma plena na entrega de Cristo na cruz.
3. Celebração de Compromissos: O jubileu é um tempo de renovação e aliança. Dom Anderson destacou que somos chamados a assumir compromissos concretos para a construção de um mundo mais justo e solidário, interpretando os sinais dos tempos e promovendo a esperança.
Dimensão Bíblica do Ano Jubilar
Dom Andherson enfatizou que o conceito de jubileu está presente tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. No Levítico (cap. 25), o jubileu é um tempo de: Descanso da Terra: Respeito à Criação e partilha dos recursos; Justiça e Solidariedade: Restituição das terras e promoção da equidade; e Perdão e Libertação: Cancelamento de dívidas e liberdade aos oprimidos.
No Novo Testamento, Jesus se apresenta como o jubileu do Pai, conforme o Evangelho de Lucas (cap. 4), trazendo: Evangelização dos Pobres, Libertação dos Oprimidos, Iluminação dos Cegos
A Igreja Como Testemunha da Esperança
O bispo auxiliar reforçou o chamado para que a Igreja seja um sinal de proximidade e misericórdia, denunciando as injustiças e promovendo o diálogo. Dom Andherson também destacou a figura de Maria como peregrina da esperança, que soube unir sua história ao projeto de Deus, nos inspirando a caminhar com coragem e fé.
A reflexão de Dom Andherson Lustosa de Souza reforçou que o jubileu é um tempo propício para revisarmos nosso caminho, celebrarmos a graça de Deus e renovarmos nossos compromissos. Ele concluiu convidando todos a viverem este tempo jubilar como um encontro profundo com Cristo e um compromisso renovado com o Evangelho.
Celebração do Jubileu da Esperança
A missa de encerramento do primeiro dia do encontro ocorreu no Santuário da Imaculada Conceição, na Lagoa da Conceição. A celebração, realizada em unidade com o Jubileu Ordinário de 2025, destacou o tema “Peregrinos da Esperança” e contou com uma procissão antes da entrada na igreja. Durante o momento inicial, foram lidos trechos da bula papal Spes non confundit – A esperança não decepciona (Rm 5,5), destacando a importância da esperança cristã e seu papel na caminhada de fé.
A celebração foi presidida pelo arcebispo de Chapecó e presidente da CNBB Sul 4, dom Odelir José Magri, MCCJ. Em sua homilia, ele refletiu sobre o Jubileu como um tempo de renovação espiritual e destacou que o verdadeiro sentido desta celebração começa no coração de cada fiel. Baseado na leitura do dia, que trazia a história de Ester, dom Odelir convidou os fiéis a refletirem sobre seus momentos de experiência com Deus e apontou três atitudes essenciais para viver o Ano Jubilar: rever o caminho, fazendo uma revisão da história; fazer memória agradecida, reconhecendo o amor de Deus na vida de seu povo; e celebrar compromissos, reafirmando alianças e assumindo novos passos de fé. Ele finalizou sua mensagem afirmando que “devemos estar ancorados na esperança que não decepciona, pois a esperança é Jesus”.
Ao final da celebração, o secretário executivo da CNBB Sul 4, padre Antonio Madeira, agradeceu a acolhida da Paróquia Imaculada Conceição e da Arquidiocese de Florianópolis. Em um gesto simbólico, os arcebispos das novas províncias eclesiásticas de Chapecó e Joinville, dom Odelir José Magri e dom Francisco Carlos Bach, entregaram a dom Wilson Tadeu Jönck, arcebispo de Florianópolis, a Cruz com o Símbolo do Jubileu. A homenagem reconheceu os 97 anos da Província de Florianópolis como referência na organização eclesial de Santa Catarina.
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