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Papa Francisco Papa Francisco 

Lusofonia: Magistério da fragilidade

Francisco está internado desde o dia 14 de fevereiro, com uma pneumonia bilateral. Esta é a quarta e a mais longa hospitalização de Francisco, desde que se tornou Papa, em 2013.

Tony Neves, em Roma

Uma pneumonia bilateral atirou, a 14 de fevereiro, o Papa Francisco, pela quarta vez, para uma cama do Hospital Gemelli. Tudo parecia ser fácil de resolver, mas a verdade é que a situação se complicou muito e depressa, a ponto dos médicos começarem a divulgar um prognóstico reservado por causa de um estado clínico grave. Centenas de profissionais dos media mundiais invadiram Roma e foram amplificando o que ouviam e viam.

Anunciando melhoras ou pioras, a Sala de Imprensa, dia após dia, ia dizendo que o Papa alternava o repouso com tratamentos, exames, refeições, oração e trabalho.

No dia 25 de fevereiro, foi publicada a Mensagem do Papa para a Quaresma 2025. Em Ano Jubilar, pede : ‘Façamos este caminho juntos na esperança de uma promessa. A esperança que não engana (cf. Rm 5, 5), mensagem central do Jubileu, seja para nós o horizonte do caminho quaresmal rumo à vitória pascal. Como o Papa Bento XVI nos ensinou na Encíclica Spe salvi, «o ser humano necessita do amor incondicionado. Precisa daquela certeza que o faz exclamar: “Nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” ( Rm 8, 38-39)». Jesus, nosso amor e nossa esperança, ressuscitou e, vivo, reina glorioso. A morte foi transformada em vitória e aqui reside a fé e a grande esperança dos cristãos: na ressurreição de Cristo!’.

Na Catequese preparada para a Audiência Geral da Quarta Feira, dia 26 de fevereiro, o Papa dizia: ‘Simeão canta a alegria de quem viu, de quem reconheceu e pode transmitir a outros o encontro com o Salvador de Israel e das nações. É testemunha da fé, que recebe como dom e comunica aos outros; é testemunha da esperança que não desilude; é testemunha do amor de Deus, que enche o coração do homem de alegria e paz. Repleto desta consolação espiritual, o idoso Simeão vê a morte não como fim, mas como cumprimento e plenitude, espera-a como “irmã” que não aniquila, mas introduz na verdadeira vida que ele já anteviu e na qual acredita’.

Desafiante é também a homilia do Papa preparada para Quarta Feira de Cinzas, a 5 de março: ‘Aprendamos, por meio da esmola, a sair de nós mesmos para partilhar as necessidades uns dos outros e alimentar a esperança de um mundo mais justo; aprendamos, por meio da oração, a descobrir-nos necessitados de Deus ou, como dizia Jacques Maritain, “mendigos do céu”, para alimentar a esperança de que, nas nossas fragilidades e no fim da nossa peregrinação terrena, nos espera um Pai de braços abertos; aprendamos, por meio do jejum, que não vivemos apenas para satisfazer necessidades, mas que temos fome de amor e de verdade, e só o amor de Deus e de uns pelos outros pode verdadeiramente saciar-nos e dar-nos esperança num futuro melhor’.

Emocionante foi, a 6 de março, a primeira intervenção do Papa, apenas oral, para a Praça de S. Pedro, onde uma multidão se congregava diariamente para a oração do Rosário. Eu, juntamente com milhares de pessoas ali reunidas, ouvimos a sua voz muito frágil: “Agradeço de todo o coração as orações que fazem pela minha saúde desde a Praça, acompanho-vos daqui. Que Deus vos abençoe e que a Virgem vos guarde. Obrigado.". Seguiu-se uma enorme e emocionada ovação. O Cardeal Tolentino Mendonça, na presidência do Rosário de 8 de março, pediria: ‘Que as nossas orações e o nosso afeto estejam próximos a ele e que, ao mesmo tempo, possamos nos tornar cada vez mais dispostos a acolher o Magistério da fragilidade e do sofrimento que estamos a receber neste momento do Santo Padre’.

Apenas a meados de março, surgiram boas notícias, com o Papa a reagir positivamente aos tratamentos e até seguir as pregações do Retiro da Cúria Romana. No exercício do seu Magistério, a 15 de março, o Papa aprovou o processo de acompanhamento da fase de implementação do Sínodo sobre a Sinodalidade, que se concluirá com uma Assembleia Eclesial, em Roma, em outubro de 2028! A Missão continua, imparável, não há marcha-atrás!

A primeira – e tão ansiada – foto do Papa no hospital foi finalmente publicada no domingo, 16 de março, pelo facto de ter concelebrado na Missa. Para o Angelus, o Papa Francisco confessou: ‘estou passando por um período de provação e me uno a tantos irmãos e irmãs doentes: frágeis, neste momento, como eu. O nosso físico está fraco, mas, mesmo assim, nada nos impede de amar, de rezar, de nos doarmos, de sermos uns para os outros, na fé, sinais luminosos de esperança’.

A luta pela vida e pela saúde continua. Mas, com Francisco, é poderoso o Magistério da Fragilidade!

 

Na sua autobiografia, ‘Esperança’, recentemente publicada em simultâneo em mais de 100 países, o Papa Francisco, termina o capítulo 20, intitulado ‘o teu bastão e a tua vara dão-me segurança’ com esta frase: ‘quando estamos um pouco mais cansados, o Senhor sabe mesmo levar-nos ao colo’ (p.280).

Domingo, 8 de março. Terço no Adro da Basílica de S. Pedro, presido pelo Cardeal Tolentino Mendonça

O Cardeal Tolentino lembrou que o Papa sempre pediu: ‘Não se esqueçam de rezar por mim!’… “E não são apenas os cristãos que estão fazendo isso, os fiéis de outras religiões e até mesmo muitos não crentes estão unindo seus corações em torno do Papa Francisco”, enfatizou o prefeito do Dicastério para a Cultura, cardeal José Tolentino de Mendonça, na introdução aos Mistérios Gloriosos.

“Que nossas orações e nosso afeto estejam próximos a ele e que, ao mesmo tempo, possamos nos tornar cada vez mais dispostos a acolher o Magistério da fragilidade e do sofrimento que estamos recebendo neste momento do Santo Padre”, disse novamente o cardeal, ressaltando que o Magistério de Francisco é ‘precioso’ e "nos torna responsáveis por acompanhar e cuidar dos doentes, dos pobres e de todos aqueles que sofrem". Em seguida, a entrega a Maria, “guardiã e mestra da esperança que permaneceu fielmente aos pés da cruz de Jesus”: Ela “nos ensina a arte de compartilhar fraternalmente o peso da cruz”. 

Para o Angelus do domingo 16, dia em que é publicada a primeira foto com o Papa, Francisco escreveu: Após síntese do Evangelho da Transfiguração de Cristo, diz o Papa: "Compartilho com vocês esses pensamentosQuanta luz brilha, nesse sentido, nos hospitais e locais de cura! Quanto cuidado amoroso ilumina os quartos, os corredores, as clínicas, os locais onde se realizam os serviços mais humildes! É por isso que gostaria de convidá-los, hoje, a se unirem a mim para louvar o Senhor, que nunca nos abandona e que, nos momentos de dor, coloca ao nosso lado pessoas que refletem um raio do seu amor."

PAPA FRANCISCO

A guerra é absurda, é preciso desarmar a Terra

Publicamos a carta que o Papa Francisco escreveu ao diretor do jornal italiano Corriere della Sera, Luciano Fontana, em resposta a uma mensagem sua de proximidade ao Pontífice neste momento de doença, na qual lhe pede que reitere um apelo pela paz e pelo desarmamento nas colunas do jornal diário milanês.

Prezado diretor,

gostaria de agradecer pelas palavras de proximidade com as quais desejou estar presente neste momento de doença em que, como já disse, a guerra parece ainda mais absurda. A fragilidade humana, de fato, tem o poder de nos tornar mais lúcidos em relação ao que dura e ao que passa, ao que nos faz viver e ao que mata. Talvez seja por isso que, com tanta frequência, tendemos a negar os limites e a evitar pessoas frágeis e feridas: elas têm o poder de questionar a direção que escolhemos, como indivíduos e como comunidade.

Gostaria de encorajar o senhor e todos aqueles que dedicam trabalho e inteligência para informar, através de instrumentos de comunicação que agora unem nosso mundo em tempo real: sentir toda a importância das palavras. Elas nunca são apenas palavras: são fatos que constroem os ambientes humanos. Elas podem conectar ou dividir, servir a verdade ou se servir dela. Precisamos desarmar as palavras para desarmar as mentes e desarmar a Terra. Há uma grande necessidade de reflexão, de calma, de um senso de complexidade.

Enquanto a guerra apenas devasta as comunidades e o meio ambiente, sem oferecer soluções para os conflitos, a diplomacia e as organizações internacionais precisam de nova força vital e credibilidade. As religiões, além disso, podem se valer da espiritualidade dos povos para reacender o desejo da fraternidade e da justiça, a esperança de paz.

Tudo isso exige comprometimento, trabalho, silêncio e palavras. Sintamo-nos unidos nesse esforço, que a Graça celeste não deixará de inspirar e acompanhar.

Francisco

Roma, Policlínica Gemelli, 14 de março de 2025

 

 

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