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XVII Congregação Geral  do Sínodo dos Bispos, outubro de 2024 XVII Congregação Geral do Sínodo dos Bispos, outubro de 2024  (Vatican Media)

Sínodo é caminho irreversível na escuta e no diálogo

O padre Paulo Terroso e o jornalista Joaquim Franco, membros da Rede Sinodal em Portugal, sublinham a importância do processo de implementação do Sínodo entre 2025 e 2028 proposto pelo Secretaria Geral do Sínodo.

Rui Saraiva – Portugal

O Papa Francisco durante o seu internamento no Hospital Agostino Gemelli em Roma, onde se encontra há mais de um mês, a partir da sua fragilidade conseguiu ter forças para dar respiração ao rumo do Povo de Deus na aplicação do Documento Final do Sínodo, apontando caminhos de futuro.

Um processo de receção do Sínodo

Na Carta assinada pelo cardeal Mario Grech e aprovada pelo Papa Francisco, com data de 15 de março, a Secretaria Geral do Sínodo propõe um “processo de consolidação do caminho já percorrido” entre 2021 e 2024. A Carta declara que a fase de implementação não dever ser apenas “uma mera aplicação de diretrizes vindas de cima”, mas sim, “um processo de receção das orientações expressas pelo Documento Final”.

Equipas sinodais reativadas e renovadas

Desta forma, neste tempo de “implementação do Sínodo” assumem especial importância as equipas ou comissões sinodais diocesanas. “As equipas existentes devem ser aprimoradas e eventualmente renovadas, e as equipas suspensas devem ser reativadas e adequadamente integradas”, refere a Carta informando que no âmbito deste Ano Santo foi convocado um “Jubileu das equipas sinodais e dos órgãos de participação, que será realizado de 24 a 26 de outubro de 2025”.

Um tempo adequado de 2025 a 2028

A Secretaria Geral do Sínodo propõe etapas para 2026 e 2027 e uma grande “Assembleia Eclesial em outubro de 2028” sublinhando ser este “um tempo adequado e sustentável para começar a implementar as indicações do Sínodo”.

A Secretaria Geral do Sínodo prevê as seguintes etapas em caminho sinodal:

- em maio de 2025: publicação do Documento de apoio para a fase de implementação;

- entre junho de 2025 e dezembro de 2026: percursos de implementação nas Igrejas locais;

- 24 a 26 de outubro de 2025: Jubileu das equipas sinodais e dos órgãos de participação;

- no primeiro semestre de 2027: Assembleias de avaliação nas dioceses;

- no segundo semestre de 2027: Assembleias de avaliação nas conferências episcopais nacionais e internacionais, nas Estruturas hierárquicas orientais e em outros agrupamentos de Igrejas;

- no primeiro semestre de 2028: Assembleias continentais de avaliação;

- em junho de 2028: publicação do Instrumentum laboris para o trabalho da Assembleia eclesial de outubro de 2028;

- em outubro de 2028: celebração da Assembleia Eclesial no Vaticano.

Caminho que ultrapassa pontificados e contextos

Para uma primeira reflexão sobre este processo de acompanhamento e implementação do caminho sinodal proposto até 2028, fomos ouvir dois membros da Rede Sinodal em Portugal: Paulo Terroso e Joaquim Franco.

O padre Paulo Terroso é da arquidiocese de Braga e foi membro da Comissão de Comunicação da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos bispos entre 2021 e 2024 e afirma que “o caminho sinodal não é um evento isolado”, mas “uma dinâmica eclesial irreversível”.

“A fase de implementação e de avaliação do Sínodo é altamente prioritária para o Papa Francisco e para a vida da Igreja. Esta carta sobre o processo de acompanhamento e de implementação do Sínodo sublinha uma verdade fundamental: não há volta atrás. O caminho da sinodalidade é irreversível. O caminho sinodal não é um evento isolado nem se esgota num documento, antes é uma dinâmica eclesial irreversível, que compromete não apenas o presente, mas também o futuro da Igreja. E este processo exige tempo e esta é a razão pela qual temos esta carta alguns meses depois do Documento Final da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos bispos.

Porque como a própria carta indica foi necessário definir um percurso e estabelecer metas. E esta demora compreende-se pois a sinodalidade não era um hábito enraizado. O Sínodo era muitas vezes visto como uma reunião pontual dos bispos, um conjunto de reflexões, mas hoje o Sínodo é verdadeiramente Sínodo, isto é, um caminho feito por todos. O povo de Deus é verdadeiramente sujeito da Igreja, leigos e leigas, religiosos e religiosas, diáconos, presbíteros e bispos realmente caminham juntos. E a fase de implementação que se inicia não é um mero pós-Sínodo, mas um tempo de restituição e corresponsabilidade.

Como enfatiza a carta é fundamental que as pessoas que participaram da escuta sejam novamente envolvidas, que as equipas sejam reativadas, até com novos elementos, garantindo que os frutos do discernimento sejam partilhados e gerem novas dinâmicas eclesiais. Portanto, o diálogo não terminou com a assembleia sinodal e deve continuar na vida concreta das comunidades. Trata-se de um compromisso que ultrapassa pontificados e conjunturas. O Papa Francisco ao ter esta meta de 2028 com uma Assembleia Eclesial, com uma participação muito mais aberta, faz-nos perceber que este é o caminho da Igreja. Que ultrapassa os pontificados e o contexto da situação que nós estamos a viver, pois o Sínodo é um sinal para um mundo tão dividido, tão fragmentado. O sucessor do Papa Francisco será herdeiro deste processo e terá diante de si uma Igreja que já não pode voltar atrás no caminho sinodal. Não se trata de uma opção pastoral, entre outras, mas de uma maneira essencial de ser Igreja. Um caminho aberto, dinâmico e participativo no qual cada batizado é chamado a tomar parte, a contribuir e a discernir”, refere o sacerdote.

Igreja horizontal, de escuta, com partilha de decisões

Por sua vez, Joaquim Franco, jornalista e investigador em Ciência das Religiões, sublinha que o Papa Francisco mesmo “fisicamente fragilizado” está “empenhado e resiliente no processo sinodal”.

“Esta carta tem um contexto: um Papa fisicamente fragilizado, mas empenhado e resiliente no processo sinodal e a constatação no terreno de uma Igreja clerical ainda incapaz de entender o que está em causa, ou mesmo contrária à dinâmica sinodal que é o caminho de futuro para o Evangelho e para a comunidade de crentes. Com esta cartada, chamemos-lhe assim porque se trata de uma carta de indicações concretas, o Papa impõe uma dinâmica de longo prazo a um processo que corria o risco de perder força, o que seria grave.

Esta carta solicita um compromisso concreto das bases e da estrutura hierárquica para desenhar e ousar na criação de experiências pastorais inclusivas, à luz de uma sinodalidade de escuta. Dado o alcance de 2028, Francisco pensa já na continuidade para lá da sua própria capacidade. Não será, provavelmente, ele a estar na Assembleia de 2028, mas o percurso compromete já o sucessor, que à semelhança do segundo Concílio do Vaticano tem de assumir um processo que não é dele, vem de trás.

O sonho da sinodalidade, de uma Igreja inclusiva, corresponsável, horizontal, de escuta, com partilha colegial de decisões e opções entre leigos e clero, com os respetivos ministérios em equilíbrio pastoral, de autonomias locais, respeito pelas diferenças culturais, com o justo reforço do papel da mulher nos órgãos de decisão e a eventual alteração de normas disciplinares como o celibato, tudo isto, na Igreja do futuro, tem de passar pela abertura do Espírito, com um caminho que apesar das diferenças é feito caminhando juntos.

Este novo dinamismo é já também um sinal a quem se segue. A Igreja de todos, todos, todos, na frase proferida pelo Papa na JMJ Lisboa 2023, é uma Igreja de gente a caminhar junta, uns naturalmente mais depressa do que outros, uns na carruagem eclesial, outros até fora do comboio, mas no mesmo sentido. O mundo tal como o vemos e prevemos precisa também deste sinal: o diálogo, a escuta do outro sem preconceitos prévios é um fator de construção de humanidade”, salienta o jornalista.

Esta proposta da Secretaria Geral do Sínodo apresenta-se como estímulo para que as dioceses, paróquias e comunidades organizem e preparem o futuro imediato em espírito de conversão à dinâmica sinodal como refere o Documento Final do Sínodo.

Laudetur Iesus Christus

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