Igreja de rosto amazônico: a comunhão com o 'ser cristão'
Cristiane Murray - Quito
Na última semana de novembro, a capital equatoriana recebeu dois encontros sucessivos que reuniram a Igreja de toda a América Latina, e mais especificamente, a amazônica. O primeiro teve o tema “Encontro de Ecologia Integral: Discípulos Missionários Guardiões da Criação”, e o segundo, “Uma Igreja de rosto amazônico”.
Experiência de comunhão
“Ninguém pode negar que estamos diante de um momento transcendental para a humanidade e para a Mãe natureza”, afirma Mauricio López, Secretário Executivo da Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM). “E é através dos povos originários que se descobre a experiência profunda de acompanhamento e promoção de suas identidades culturais em absolta comunhão com o seu ‘ser cristãos’. São exemplos claros de perfeita integração da fé em Jesus Cristo com a fé de suas culturas e a espiritualidade de sua identidade”.
“A Amazônia não é apenas uma área geográfica, mas um lugar de vida, de sabedoria ancestral”, aponta o arcebispo de Huancayo, no Peru, Dom Pedro Barreto, representante do Conselho Episcopal Latino-americano, CELAM, no encontro, e Vice-Presidente da REPAM:
“O rosto é o semblante, é como uma metáfora: o rosto expressa o que se sente, o que se vive, o que se sonha. Creio que é muito importante dizer que a Amazônia não é apenas uma área geográfica, mas é um lugar de vida e de sabedoria ancestral. O próprio Papa Francisco fala em sua Encíclica Laudato si da harmonia entre a pessoa, a natureza e o Criador”.
“Temos muitos desafios, estamos tentando daqui, da América Latina, nos unir à Bacia fluvial do Congo e às florestas do mundo que, como diz o Papa, ‘são os pulmões do mundo’. Portanto, invocamos a conversão ecológica. Que Deus toque os nossos corações para que possamos dizer que toda a nossa Igreja é uma Igreja que se converte a Deus, aos homens e à natureza. Deus foi o primeiro a tomar esta iniciativa, desta visão global que o Papa Francisco nos oferece com a Laudato si”.
Já o Irmão Marista Afonso Murad, especialista em Ecoteologia, destaca outro grande desafio da REPAM: “implantar um diálogo intercultural que integre e repense a questão nas grandes cidades da Amazônia”
“Que a Igreja amazônica tenha um rosto profético, que marque a diferença em relação ao cuidado da com a floresta, as águas, o povo, numa perspectiva de construção de uma sociedade sustentável, de bem-viver, traduzida também em uma postural social e política”.
Kapirijerã Waiãpi é da aldeia Kamuta e membro do conselho das Aldeias Wajãpi. Silencioso, de fala cadenciada, ele defende a Casa Comum e a Amazônia. Ele pertence ao povo Wajãpi que habita a região delimitada pelos rios Oiapoque, Jari e Araguari, entre Pará, Amapá e a Guiana Francesa.
Veja aqui 'O cuidado com a natureza':
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