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Nigéria. Ataque a uma igreja, mortos dois sacerdotes e 16 fiéis

O ataque armado aconteceu em Mbalom, no Estado de Benue, logo depois da celebração da Missa. A região é marcada por conflitos entre pastores nômades da etnia fulani e trabalhadores sazonais. “É um massacre que o mundo não toma conhecimento, e ninguém fala”, denuncia um sacerdote nigeriano.

Cidade do Vaticano

Novas violências na Nigéria central. Dois sacerdotes católicos, padre Joseph Gor e padre Felix Tyolaha e pelo menos 16 fiéis foram mortos ontem (24/04) pela manhã em um ataque armado contra a igreja do vilarejo de Mbalom, no Estado de Benue. Homens armados entraram em ação logo depois da celebração da Missa na paróquia de St. Ignatius, que pertence à diocese de Makurdi. Segundo fontes locais, algumas casas também foram incendiadas.

Condenação do presidente e da diocese

Uma firme condenação pelos “hediondos crimes” cometidos foi comunicada pelo presidente nigeriano Muhammadu Buhari. A diocese de Makurdi manifestou a própria dor, denunciado a insegurança da população. De fato, a região é marcada por uma sequência de violências e combates pelo controle da água e das terras agrícolas. Pastores nômades de etnia fulani atacam com frequência pessoas e propriedades, combatendo com agricultores sazonais. Segundo a organização humanitária Human Rights Watch, desde 2010 as violências já causaram pelo menos 3 mil mortes.

O testemunho

Entre a população “há um grande medo”, conta da Nigéria padre Patrick Alumuku, responsável pela comunicação na arquidiocese de Abuja. “Vi a página de Facebook de um dos sacerdotes que morreram. Alguns meses atrás escreveu: ‘Tenho muito medo, vivo no medo. Os fulani estão nos circundando, trazem seu rebanho ao redor do território da minha igreja e não sei o que fazer’. E foi morto. O segundo sacerdote que estava em outra paróquia que foi fechada pelo agravamento da situação, foi deslocado para esta paróquia onde foi assassinado”.

As ações dos fulani

“Nos últimos três anos a região de Benue, onde 95% da população é cristã, já foi atacada várias vezes por grupos de terroristas muçulmanos do norte. A ideia, o sistema e os métodos são os mesmos do grupo Boko Haram”, explica o sacerdote recordando o grupo extremista que desde 2009 já causou ao menos 20 mil mortes. “Trata-se de pastores que ocupam as terras porque é uma região muito fértil. Atacam um vilarejo depois do outro, matando as pessoas. Isso – observa padre Alumuku – é um massacre que o mundo não toma conhecimento e ninguém fala”. Alertando que os grupos de pastores fulani estão se transformando em um verdadeiro e próprio grupo terrorista: “É exatamente assim, os fulani acreditam que têm a missão de levar a religião do islã do norte até o oceano”.

Armas infiltradas do exterior

“Há um grupo que se chama ‘MyettiAllah’, literalmente ‘Os mensageiros de Deus’, que deixa claro suas intenções de conquistar esta parte do país. Depois da morte dos sacerdotes e fiéis ocorrida ontem, na noite do mesmo dia homens armados mataram cerca de trinta pessoas em um outro vilarejo do mesmo Estado de Benue. O presidente Buhari, que nestes dias está na Inglaterra para a Conferência do Commonwealth, em uma entrevista, acusou os militantes vindos da Líbia, depois do desmantelamento daquele país, de trazerem armas para a Nigéria. Mas a pergunta é: se homens armados chegam de fora e continuam a matar dia após dia, por que não enviar militares locais, prendê-los e tomar o controle da situação?”, conclui o sacerdote.

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26 abril 2018, 10:27