A vitória de Benitez no Paraguai. Os bispos: não à corrupção
Cidade do Vaticano
“Foi uma eleição muito particular – explica ao Vatican News Raúl Ricardi, sociólogo e professor da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso) e na Universidade Nacional de Assunção – marcada pelo desinteresse da sociedade paraguaia, e vista como uma formalidade, devido às propostas dos partidos. O povo está desencorajado e acredita que o voto não pode fazer muita coisa diante dos grandes interesses que afligem o Paraguai, desde os grandes grupos industriais, às máfias e ao narcotráfico local”.
Falta interesse pelas classes mais pobres
A vitória do Partido Colorado não faz que “reforçar os interesses setoriais e empresariais, os privilégios concedidos aos grandes grupos, por exemplo as multinacionais agrícolas da soja, por outro lado, há pouco interesse pelas classes mais pobres e assim como maiores riscos de expulsão dos campesinos de suas terras”.De resto, 2% dos proprietários de terra possuem 85% das terras cultiváveis.
A Igreja denuncia o “câncer” da corrupção
Da Igreja paraguaia chega a voz de D. Ricardo Jorge Valenzuela Rios, bispo de Caacupé, o maior santuário mariano do Paraguai e um dos maiores da América Latina. Em 8 de dezembro do ano passado, o bispo fez uma homilia no santuário que causou muita repercussão, na qual invocava a necessidade de mudanças radicais para a sociedade, e denunciava a crise moral de vários setores do poder político e judiciário.
Dom Valenzuela confirmou ao Vatican News pouco depois do voto: “O maior desafio que o país encontra é a luta à corrupção, que é muito grande e ramificada” com responsabilidade por parte do Estado e das instituições. “No Paraguai, a corrupção é como um câncer, que deixa o povo simples e pobre completamente indefeso”.
População extenuada pela pobreza
Deve ser recordado que cerca de 10% da população paraguaia vive em pobreza extrema, enquanto que mais de 20% vive abaixo da linha de pobreza. O bispo de Caacupé continua: “Notei que durante a campanha eleitoral havia muita desconfiança por parte das pessoas, tanto em relação ao partido do Governo, que em algumas ocasiões foi considerado como proprietário do Estado sem respeitar muitos aspectos da Constituição, mas também quanto à oposição. Entre os candidatos havia cantores, modelos, atletas… há uma carência de políticos ‘de raça”, em condições de fazerem novas propostas”.
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