Conversações podem colocar fim a 20 anos de conflito entre Etiópia e Eritreia
Cidade do Vaticano
"É uma obrigação assinalar uma iniciativa que pode ser definida como histórica - e se pode dizer também que é uma boa notícia: nestes dias, depois de vinte anos, os Governos da Etiópia e da Eritreia voltaram a falar juntos de paz. Que este encontro acenda uma luz de esperança para estes dois países do Chifre de África e para todo o continente africano". Com estas palavras, no Angelus no domingo, 1º de julho, o Papa Francisco comentou a iniciativa de paz entre a Etiópia e a Eritreia.
Primeira iniciativa em 20 anos
Pela primeira vez em 20 anos, uma delegação de alto nível da Eritreia, liderada pelo ministro das Relações Exteriores Osman Saleh, chegou à capital da Etiópia, Adis Abeba, para falar sobre o fim de conflito de décadas entre os dois países.
A delegação foi recebida na terça-feira, 26 de junho, pelo recém-eleito primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, em Addis Abeba. Aos hóspedes foram oferecidas guirlandas de flores como símbolo de paz e hospitalidade. Nas ruas da capital havia bandeiras dos dois países e cartazes com mensagens de boas-vindas.
Momento feliz para a Igreja Católica
A dar as boas vindas também o cardeal arcebispo metropolitano de Addis Abeba, Berhaneyesus, Presidente da Associação das Conferências Episcopais Membros da África Oriental (AMECEA) e presidente da Conferência Episcopal da Etiópia.
O purpurado definiu este acontecimento como "um momento feliz para as Igrejas Católicas na Etiópia e Eritreia", assegurando que os fiéis dos dois países rezaram pela paz desde o início do conflito. Segundo o cardeal, a Igreja Católica serviu de ponte durante todos os anos de estagnação por meio da Assembleia dos Bispos da Etiópia e da Eritreia, reunida até pouco tempo para discutir a vida da Igreja em ambos os países e a criação pelo Papa Francisco da Igreja metropolitana sui iuris eritrea.
A razão das contendas entre os dois Estados
Já em novembro do ano passado, os bispos da AMECEA, liderados pelo seu vice-presidente Dom Thomas Msusa, arcebispo de Blantyre, Malaui, visitaram a Eritreia para expressar solidariedade à Igreja no país, pelas preocupações e desafios do povo.
A visita de uma delegação da Eritreia à Etiópia é um passo importante para a resolução das relações entre os dois países do Chifre da África. As relações diplomáticas foram interrompidas por quase 20 anos, quando em 1993 a Eritreia pediu independência da Etiópia.
Dar início à reconciliação
As agências de notícias informaram que este é somente o primeiro de uma série de encontros sobre as reformas propostas desde que Abiy Ahmed tornou-se primeiro-ministro, após a renúncia de seu antecessor em fevereiro passado. Falando em nome da Etiópia, o primeiro ministro afirmou que "esta disputa termina com esta geração: que comece a era do amor e da reconciliação".
Em 2012, novos conflitos
O conflito entre a Etiópia e a Eritreia, que começou em 1998 com uma disputa sobre a definição de fronteiras, foi formalmente encerrado com a assinatura do Acordo de Paz de Argel, em 12 de dezembro de 2000, que instituiu a criação de uma Comissão para estabelecer definitivamente as fronteiras dos dois países.
No entanto, as tensões se exacerbaram em março de 2012, quando forças militares etíopes lançaram um ataque contra algumas localidades em território eritreu, em resposta à suposta formação pela Eritreia de "grupos subversivos", com o objetivo de realizar ataques na Etiópia.
A posição das autoridades
Durante seu primeiro discurso aos legisladores, realizado após a cerimônia de posse em 2 de abril de 2018, Abiy também havia manifestado sua intenção de normalizar as relações com a Eritreia, convidando Asmara para participar do processo.
Por sua parte, o ministro da Informação da Eritreia, Yemane Gebre Meskel, havia reiterado que as tensões seriam resolvidas uma vez que as forças militares etíopes fossem retiradas do território eritreu, particularmente da cidade de Badme.
(Agência Fides)
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