Segundo a FAO, aumentou a fome no mundo, e também o número de obesos
Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
A fome cresceu nos últimos três anos, chegando aos níveis de dez anos atrás. De fato, 821 milhões de pessoas sofreram com a fome em 2017, segundo o Panorama da Segurança Alimentar Nutricional no mundo 2018, divulgado pela FAO esta terça-feira, 11 de setembro.
Este dado chama a atenção para a necessidade de se fazer mais e com urgência, para se chegar ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de Fome Zero até 2030.
“Se quisermos alcançar um mundo sem fome e desnutrição em todas as suas formas até 2013, é imperativo acelerar e aumentar as intervenções para fortalecer a capacidade de recuperação e adaptação dos sistemas alimentares e dos meios de subsistência das populações, em resposta à variabilidade climática e aos eventos meteorológicos extremos”, afirmam os responsáveis das cinco organizações das Nações Unidas autoras do relatório: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO); Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (IFAD); Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), do Programa Alimentar Mundial (WFP) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A situação piorou na América do Sul e na maior parte das regiões da África, enquanto na Ásia a tendência de queda dos níveis desnutrição diminuiu de forma significativa.
Entre as causas para o aumento da fome, o relatório das Nações Unidas cita a variabilidade do clima que influencia a ocorrência de chuvas e as estações agrícolas, os extremos climáticos como secas e inundações, além dos conflitos e crises econômicas.
Impacto do clima sobre a fome
As mudanças climáticas tem incidido na produção de culturas como o trigo, o arroz e o milho, reduzindo a disponibilidade de alimentos e afetando toda uma cadeia que vai da perda de rendimentos ao agricultor aos preços mais elevados ao consumidor.
Ademais, as culturas deverão ser ainda mais afetadas com o aumento das temperaturas, que no período de 2011-2016 foram superiores à média. Nos últimos cinco anos os período de calor extremo foram mais frequentes e o regime de chuvas sofreu alterações na sua sazonalidade e distribuição.
O relatório revela que o número de pessoas desnutridas tende a ser maior nos países altamente expostos a eventos climáticos extremos.
Progressos lentos com a desnutrição infantil
Cerca de 151 milhões de crianças abaixo de cinco anos tem problemas de crescimento devido à desnutrição. África e Ásia representam respectivamente 39% e 55% de todas as crianças com atraso no crescimento. Em relação a 2017, os progressos foram pequenos.
Na Ásia, uma criança a cada dez, com menos de cinco anos, tem peso abaixo do recomendado para a sua altura, realidade bem diferente da América Latina e Caribe onde esta relação é de uma criança a cada 100.
“Vergonhoso” é o adjetivo que o relatório usa para descrever o fato de que uma mulher a cada três em idade reprodutiva, em nível mundial, seja afetada pela anemia, com consequências negativas quer para a mulher como para seus filhos. Na África e Ásia os dados são três vezes superiores à América do Norte.
Na África e Ásia, as taxas de amamentação são 1,5 vezes mais elevadas do que as da América do Norte onde somente 26% das crianças abaixo dos seis meses recebem exclusivamente leite materno.
Obesidade em aumento
Fome por um lado, obesidade por outro. Um em cada oito adultos no mundo é obeso, sendo o problema mais proeminente na América do Norte, mas curiosamente no continente africano e asiáticos há uma tendência de aumento.
Apelo à ação
O relatório pede a implementação e o aumento das ações voltadas a garantir o acesso à comida e à ruptura do ciclo de desnutrição entre as gerações. Neste sentido exorta a adoção de políticas que deem particular atenção aos grupos mais vulneráveis à falta de alimento, como recém nascidos, crianças abaixo de cinco anos, crianças com idade escolar, adolescentes, jovens e mulheres.
Também é defendida uma mudança sustentável para uma agricultura e sistemas alimentares sensíveis à nutrição, capazes de fornecer alimento seguro e de alta qualidade para todos.
Maiores esforços para construir uma capacidade de resposta às mudanças climáticas por meio de políticas que promovam uma adaptação a elas e a redução de riscos de catástrofe também é pedido pelo relatório.
Maiores esforços para construir uma capacidade de resposta às mudanças climáticas por meio de políticas que promovam uma adaptação a elas e a redução de riscos de catástrofe também é pedido pelo relatório.
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