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 Paolo Ruffini Paolo Ruffini 

Paolo Ruffini: Jornalismo e convicções

23ª Edição das Jornadas Internacionais de São Francisco de Sales. Prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, deixa mensagem aos participantes.

Cidade do Vaticano

A cidade mariana de Lourdes acolhe com o tema "jornalismo e crenças religiosas", a 23ª Edição das Jornadas Internacionais de São Francisco de Sales. De 30/01 a 01/02/2019, o Santuário receberá profissionais de quase 30 países diferentes, onde poderão realizar intercâmbios e encontros excepcionais entre jornalistas, editores e gestores de comunicação da Igreja católica, sob o olhar de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas. O prefeito do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, Paolo Ruffino, fez um discurso nesta quarta-feira (30/01) aos participantes.

O Prefeito começou agradecendo a presença de dom Nicolas Brouwet, bispo de Tarbes e Lourdes, de Jean-Marie Montel, Presidente da Federação da Mídia Católica e Helen Osman, Presidente da Signis com todo o time de organizadores.

“Penso que devemos reconhecer publicamente a paixão de vocês, a eficiência e o profissionalismo, sem as quais não estaríamos aqui. O empenho de vocês foi e é indispensável para animar, para dar vida a esta 23ª edição das Jornadas Internacionais de São Francisco de Sales. A todos vocês, meus sinceros agradecimentos. ”

Desde o ano passado, o Dicastério para a Comunicação tem ajudado a co-organizar a realização destes Dias e, recordando as palavras de encorajamento dirigidas em 2018 pelo Cardeal Pietro Parolin, gostaria de reiterar a importância deste evento para a missão da Igreja e para o crescimento de um espírito unificado de colaboração entre os profissionais católicos da comunicação.”

Após assistir à vídeo mensagem de Jean Vanier – “Olhar sobre a imprensa cristã, urgência em conjugar convicções e abertura” – recordou que as suas palavras são certamente um forte chamada para iniciar estas jornadas dedicadas ao tema “Jornalismo e Convicções”.

Paolo Ruffini salientou que esta jornada nos chama a atenção para a mensagem do Santo Padre para a Jornada Mundial das Comunicações Sociais: « “Somos membros uns dos outros” (Ef 4, 25): das comunidades de redes sociais à comunidade humana », e nos recorda que a comunicação se realiza somente na realidade, aceitando a realidade, encontrando a realidade e encontrando-se na realidade.

Ruffini em seu discurso abordou outros temas importantes para uma comunicação mais humana e real.

As redes e o diálogo

As redes – disse o Papa no Panamá – servem para fazer contatos, mas sozinhas não criam raízes. Não são capazes de nos pertença, de nos fazer sentir parte de um mesmo povo. E sem esta escuta comum toda a nossa conversa, reunião, encontro, escrita, será o sinal de uma coisa a metade, de uma fé a metade (Vigília com os jovens, Metro Park, 26 de junho de 2019).

Só num diálogo enraizado é que se pode afirmar a verdade. Não por imposição. Mas em reconhecimento da verdade, que não é uma convicção. Somente a mentira teme o dialogo, e portanto o impede, divide.

O diálogo nunca pode ser relativismo, mas logos para partilhar, razão para servir no amor e construir juntos uma realidade libertadora. Nesta dinâmica, o diálogo revela a verdade e a verdade alimenta-se do diálogo.

Os jornalistas

O Santo Padre define os jornalistas como "guardiães das notícias" e "buscadores da verdade". Quem se preocupa com a verdade está sempre atento (precisamente para difundi-la) às reações de quem recebe a informação, procura estabelecer um diálogo, escuta os diferentes pontos de vista. 
Aqueles que buscam a verdade são humildes. Procura substância além da aparência. Ele nunca está satisfeito com estereótipos. Ele não está satisfeito com a resposta mais fácil, com um “bode expiatório” ou com um autodenominado “salvador da pátria”.

A Compaixão

Estou preocupado - disse o Papa no Panamá - como a compaixão tenha perdido a sua centralidade. Também nos meios de comunicação católicos: a compaixão muitas vezes não existe. Há estigma, condenação, maldade, [...] a denúncia da heresia... Não se deve perder a compaixão na Igreja (cf. Encontro com os Bispos da América Central (SEDAC), 24 de janeiro de 2019).
A compaixão é o olhar dos puros de coração. Só eles podem ver Deus. Que não são escravos do próprio narcisismo. E tentam trazer de volta à unidade a complexidade da realidade, fragmentada pela nossa pretensão de substituir Deus. Que é, então, o pecado original e também a grande tentação de nós jornalistas.

Qual o nosso trabalho?

Num mundo que troca a insolência pela objetividade, ou o fanatismo pela pureza, devemos ser e ser vistos - mesmo por aqueles que não acreditam - como buscadores da verdade. Verdade e beleza.

Não para impô-la, é claro, mas para propô-la. Como o sal, o fermento, que em vez de tranquilizar, anestesiar, adormecer ou, pelo contrário, instigar, provocar, cultivar um radicalismo aborrecido, seja sinal de contradição, um agente de transformação.

O mal

O mistério do mal. Como pode a história da realidade, tão imbuída também do mal, contribuir para o crescimento do bem? Em primeiro lugar, através da consciência de que existe o mal. E tem de ser descoberto para ser combatido.

A realidade não pode ser ignorada, mesmo quando pode doer. Ela tem que ser olhada. Compreendida, e redimida por um olhar real. Sem medo.

Influencer no Seculo XXI

Cuidar de tudo o que nos permite realmente fazer parte um do outro. E reconduzir tudo à unidade na verdade e na beleza original de nossas vidas (cf. Vigília com os jovens, Metro Park, 26 de janeiro de 2019). Encontrar, conversar, olhar nos olhos um do outro é fundamental para redescobrir a beleza de ser um.

No ano de 2018, mais de 250 jornalistas de 26 países diferentes participaram deste evento.

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30 janeiro 2019, 17:58