Minas antipessoais ainda matam milhares a cada ano
Roberta Gisotti - Cidade do Vaticano
Passaram-se 20 anos desde a entrada em vigor, em 1º de março de 1999, do Tratado de Ottawa, que leva o nome da capital canadense, onde foi assinada Convenção Internacional para a proibição em todo o mundo do uso, armazenamento, produção e venda de minas antipessoais e para a destruição de minas não detonadas.
Até o momento, 164 países assinaram e ratificaram o documento, incorporando-as em seus próprios sistemas legais. O orçamento sobre a proibição dessas armas é, portanto, substancialmente positivo, mesmo que a ameaça de artefatos ainda não detonados, espalhados em cerca de sessenta países, incida sobre os civis, que são quase 90% das vítimas, cerca da metade das crianças.
Minas ainda não detonadas são encontradas em cerca de 60 países
Não há dados confiáveis sobre o número de minas não detonadas, que permanecem ativas por 50/60 anos. Estima-se que sejam em torno de 100 milhões, espalhadas em cerca de sessenta países. Todos os anos há novas vítimas, 100.000 mortes nos últimos 15 anos, 7.200 em 2017, em 49 países, segundo o último Relatório 2018 do Observatório sobre minas das Nações Unidas.
Há dificuldade de registrar com exatidão o número vítimas, que incluem centenas de milhares de mutilados, em países de conflito ou em áreas de subdesenvolvimento.
Afeganistão, Síria e Ucrânia, os estados onde há maior risco
No topo da lista dos países afetados pela explosão de minas, estão Afeganistão, Síria e Ucrânia, em plena Europa, uma das áreas - na parte oriental – a mais contaminada pela presença desses artefatos, conforme relatado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas da ONU para os refugiados, pedindo a intervenção da comunidade internacional para tutelar mais de dois milhões de ucranianos afetados pela presença de minas, especialmente os refugiados e deslocados que gostariam de retornar em segurança para suas casas.
O apelo do Secretário-Geral da ONU: reparar os horríveis danos
Disto o empenho, renovado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, na sua mensagem para este dia, "para reparar os horrendos estragos provocados pelas minas terrestres" e assistir todas as vítimas. Em 1997, quando o texto da Convenção de Ottawa foi finalizado, foi criada em Nova Iorque a Agência de Ação contra Minas (Unmas), para coordenar todas as intervenções implementadas pelas diversas agências da ONU e outras organizações governamentais e não governamentais que prestam serviços em mais de 40 países, para a desminagem, a prevenção de riscos e assistência às vítimas.
Programas de desminagem e assistência às vítimas
Um compromisso oneroso que requer tempo, especialização e recursos humanos e financeiros. Se as minas custam pouco - de 3 a 15 dólares - para cada dólar gasto, 20 são necessárias para desativá-las. Mas os fundos e programas de ajuda ainda são insuficientes.
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