Num livro, as histórias de "Os novos cardeais de Francisco"

Adriana Masotti, Silvonei José - Cidade do Vaticano

"Os cardeais, que falam de si mesmos neste livro, são o exemplo da Igreja de Francisco que vai às periferias existenciais para realizar o projeto do Senhor. São homens que põem em primeiro lugar os descartes desta sociedade cada vez mais líquida, seguindo o exemplo do Santo Padre". Foi o que escreveu o cardeal Luis Antonio Tagle no prefácio do volume apresentado na noite desta quinta-feira (11/04), na Sala Marconi do Palácio Pio. O título é: "Os novos cardeais de Francisco", e o autor é o jornalista Fabio Marchese Ragona, autor também do livro "Todos os homens de Francisco".

Os novos cardeais, homens ao serviço

O volume, publicado pelas Edições São Paulo, conta uma história de cada cardeal criado por Francisco e as histórias, 24 ao todo, são as mais variadas: do cardeal que escreve poesias, ao que realiza projetos de arte sacra, ao que caminha à noite pelas estações de Roma onde encontram refúgio os mais marginalizados. Depois há o cardeal que gosta de ver jogos de futebol na televisão e aquele que vai às compras sozinho no supermercado. Os últimos cardeais desejados pelo Papa Francisco, como o Secretário de Estado, Pietro Parolin, ou o bispo das Ilhas Tonga, Soane Patita Paini Mafi, dão a sua opinião sobre os desafios mais difíceis que a Igreja enfrenta hoje, e o contexto em que prestam o seu serviço, de Roma a Papua Nova Guiné, passando pelo Iraque, Peru, Japão e Haiti. O resultado é a imagem de uma Igreja jovem, que continua a semear a paz nos cantos mais remotos da terra e a fazer crescer a esperança no futuro.

O encorajamento de Francisco

Na apresentação do livro, ao lado do autor, o cardeal Angelo Becciu, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, criado Cardeal no dia 28 de junho passado, e Lucia Annunziata, Diretora do Huffington Post Italia. Respondendo à pergunta se o volume nasceu realmente do encorajamento do Papa Francisco, Fabio Marchese Ragona disse que sim e relata que quando ele levou seu livro anterior como um presente a Francisco, disse que não continha as histórias de todos os novos cardeais por causa da dificuldade de contatar alguns. Então o Papa recomendou-lhe que insistisse e seguisse em frente. Para o autor, entrevistar os cardeais de todos os cantos do mundo foi uma experiência muito gratificante porque, disse ele, conheceu pessoas verdadeiras, humanas, com muitas paixões, quase "sacerdotes de rua", longe da velha imagem do "príncipe" da Igreja. Pessoas que trabalham em contextos difíceis, como aquele cardeal que lhe disse: "Aqui estamos como em Roma no tempo das perseguições, com cristãos vivendo nas florestas".