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Sri Lanka chora as vítimas do massacre de Páscoa

Dentre as vítimas estão 45 crianças, conforme evidenciado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e muitos falam de “massacre dos inocentes”.

Roberto Piermarini, Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano  

O balanço das vítimas dos ataques de Páscoa no Sri Lanka contra três igrejas e três hotéis de Colombo, sobe para 359 mortos. É o que afirma a Polícia, acrescentando que outros 18 suspeitos foram encarcerados durante à noite, subindo para 58 o número de pessoas presas, relacionadas com os atentados.

Nesta terça-feira (23/04), dia de luto nacional, o Estado Islâmico assumiu a responsabilidade dos ataques, mas o Governo cingalês afirma que as bombas são uma “retaliação pelo massacre na mesquita de Christchurch na Nova Zelândia”.

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Segundo as autoridades, a reivindicação dos militantes do Califado deve ser vista com muita cautela, pois a notícia foi dada pelo Amaq, órgão oficial de imprensa do Estado Islâmico, que não dá nenhuma prova de apoio à declaração. O Governo acredita que a responsabilidade deve ser atribuída a dois grupos islâmicos locais: o National Thowheed Jamath (Ntj) e il Jamaat-ul-Mujahideen, que teriam agido com o apoio de forças estrangeiras. Enquanto isso, as autoridades prolongaram o cessar-fogo das 21h desta terça-feira às 4h desta quarta.

Morte de muitas crianças

Tinha apenas dezoito meses a vítima mais jovem dessa fúria terrorista insensata no Domingo de Páscoa, no Sri Lanka. Dentre as vítimas estão 45 crianças, conforme evidenciado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e muitos falam de “massacre dos inocentes”.

Segundo a Agência Ansa, o Unicef afirmou que 27 crianças morreram e outras 10 ficaram feridas durante a explosão na igreja de São Sebastião, em Katuwapitiya, em Negombo. Em Batticaloa morreram 13, e outras 15, de 7 a 16 anos, estão recebendo atendimento no hospital. Dentre os mortos há também cinco crianças estrangeiras, e 20 estão internadas no hospital, em Colombo.

Todavia, por trás desses números, estão gradualmente surgindo as histórias de muitas pessoas. Dentre os fiéis na igreja de Santo Antônio, em Colombo, havia também o taxista K. Pirathap que com sua esposa e duas filhas havia um motivo a mais para celebrar: tinha comprado um carro novo.

No início, eles eram tidos como desaparecidos. Depois, um tio deles foi chamado para ver se dentre os 40 cadáveres das pessoas mortas na igreja havia também os deles. Ele os encontrou ali.

Depois, há o fim absurdo da família de um dos terroristas, Insan Seelawan. Quando a Polícia foi à sua casa, em Dematagoda, na terça-feira (23/04), sua esposa, que estava em casa com seus dois filhos, explodiu uma bomba.

Ninguém tem o direito de tirar a vida

Ainda nesta terça-feira, na igreja de São Sebastião de  Katuwapitiya, em Negombo, houve os funerais de 15 católicos mortos.

Até agora as pessoas assassinadas naquela igreja são 102. Segundo a correspondente de AsiaNews, Melani Manel Perera, que se encontra no Sri Lanka, “durante a bênção dos corpos, o cardeal Malcolm Ranjith, arcebispo de Colombo, disse: “Ninguém tem o direito de tirar a vida. A vida é dom de Deus. Qual é o objetivo de matar pessoas inocentes? Colecionar tesouros neste mundo? Ou assumir o poder e governar este país sobre o sangue dos pobres inocentes? Sobre os corpos de pessoas que não têm nenhuma culpa? Peço-lhes para deter o derramamento de sangue. Chega de matar nesse momento. Peço-lhes pelo amor de Deus. É isso que os assassinos esperam de nós.”

“Sob um controle rígido, às 10h da manhã desta terça-feira”, ressalta ainda a jornalista de AsiaNews, “houve os funerais comuns para aqueles que tinham pedido.

Alguns caixões foram levados ao pátio da igreja Katuwapitiya onde foi armada uma grande tenda em que cabiam 15 caixões. Somente os familiares, os religiosos e os jornalistas puderam participar da bênção do cardeal Ranjith, os bispos auxiliares, dom Maxwell Silva e dom J.D. Anthony, junto com outros sacerdotes. Estavam presentes muitos sacerdotes. Depois da bênção, os familiares levaram os defuntos ao cemitério e a maioria dos corpos foi enterrada.

O arcebispo de Colombo afirmou: “A vida é um segredo. Somente Deus tem o poder de decidir e nós devemos obedecer ao seu querer. Talvez, neste momento, algum dos responsáveis dessa tragédia esteja nos ouvindo. Temos de dizer a todos que nós não aceitamos atos desse tipo por nenhum motivo. Qualquer que seja a expectativa, é errado fazer essas coisas”.

“Quando chegar a hora da paz e da reconciliação entre as pessoas”, acrescentou, “quando chegar a hora de estabelecer essa paz, Deus os punirá por aquilo que fizeram. Vocês não têm o direito de tirar a vida de pessoas inocentes. A sua consciência sabe bem que ninguém tem o direito de destruir o corpo do outro. Os nossos fiéis vieram como uma família, como indivíduos para adorar a Deus, assim como vieram aqueles que perderam suas vidas. É uma experiência muito dolorosa. Qualquer fraqueza que tivessem, para todos nós tinham valor, porque eles receberam a vida de Deus. As vítimas desses ataques se tornaram ainda mais vítimas.”

Visita do presidente do Sri Lanka em Negombo

Na manhã de terça-feira, refere ainda Melani Manel Perera de AsiaNews, o presidente Maithripala Sirisena visitou a igreja destruída de São Sebastião para ter informações sobre a situação e examinar os danos provocados na estrutura.

Ele encontrou o pároco pe. Fonseka e manifestou seus sentimentos a ele e a todos os católicos daquela área. Sirisena informou-se sobre os trabalhos de reconstrução. Depois, disse que ordenou ao Exército do Sri Lanka de terminar os trabalhos o mais rápido possível. Durante o encontro, ele afirmou que o Governo adotou todas as medidas necessárias para prevenir outros atos violentos desse tipo no país. Ao mesmo tempo, o presidente se uniu à despedida dos defuntos que morreram na explosão. Visitou várias casas da área, levando sua saudação e condolências aos familiares das vítimas e a toda a comunidade católica.

Nesta quarta-feira (24/04), Sirisena anunciou uma rápida reestruturação do aparato de inteligência do país, afirmando que não tinha sido informado sobre o perigo de atentados.

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24 abril 2019, 13:14