Novo massacre na Somália assumido por Al Shaabab provoca dezenas de vítimas
Francesca Sabatinelli - Cidade do Vaticano
Uma célula somali da Al Qaeda, a organização terrorista Al Shabaab, assumiu a autoria do atentado neste sábado, 28, em Mogadíscio, que matou cerca de 80 pessoas e feriu dezenas de outras, em um balanço ainda parcial, mas que tende a se agravar. Muitas das vítimas são civis, entre elas muitas crianças e estudantes e também dois estrangeiros, de nacionalidade turca.
Para a polícia, é um dos piores ataques dos últimos anos
Desde os primeiros momentos a dinâmica do ataque ficou clara, tendo sido realizado por um homem-bomba que detonou explosivos dentro de um automóvel em um subúrbio da capital da Somália, em um período de grande aglomeração, nas proximidades de um posto de controle que vigia a entrada e saída da cidade.
A polícia fala de um dos ataques mais graves dos últimos anos. Algumas semanas atrás, novamente em Mogadíscio, cinco pessoas foram mortas durante um ataque a um hotel, enquanto o pior ataque remonta a 2017, quando um caminhão-bomba matou cerca de 600 pessoas.
Difícil garantir a segurança de Mogadíscio
Desde 2006, o grupo Al Shaabab realiza ataques na capital contra civis, soldados, agentes humanitários, jornalistas e membros do governo. Não obstante há anos atrás os terroristas de Al Shaabab tenham sido expulsos de Mogadíscio, seus militantes ainda conseguem atingir seus alvos sem serem perturbados. Quem explica as possíveis razões disto ao Vatican News é Dom Giorgio Bertin, bispo de Djibuti e administrador apostólico de Mogadíscio:
R. - Acho que Mogadíscio chega facilmente aos dois milhões e meio de habitantes e, com todas as pessoas que vão e vêm, com todos os deslocados internamente, também é difícil poder controlar, o que se agravou com as calamidades que ocorreram, como as últimas inundações. Tudo isso continua a criar situações de extrema precariedade, motivo pelo qual, mesmo um governo que tentasse se afirmar, iria se deparar com desastres naturais e calamidades originadas pelos homens, como neste caso.
Esta cidade parece que nunca teve uma trégua ...
R. – Realmente! Não tem paz, eu apontaria o dedo especialmente para os somalis que não têm coerência, não pretendem trabalhar juntos para resolver o problema. Por exemplo: apenas alguns dias atrás, houve um grande encontro de intelectuais somalis de diversas partes do mundo, de língua somali, aqui no Djibuti. Eu me perguntei: mas realmente se fala em como resolver o problema de pessoas deslocadas internamente, dos refugiados, o problema dos Al Shabaab, do problema ligado a um governo federal que está ali, mas que não tem um grande poder, do problema dos diferentes Estados regionais que buscam afirmar sua existência talvez lutando quem sabe contra o governo federal? Tudo isso enfraquece a estrutura social da Somália e, portanto, fica claro que quem paga os custos é o mais indefeso, aquele que passa pela rua por acaso e é morto. É uma situação verdadeiramente complexa. A única maneira para sair disso é responder ao desejo de uma maior unidade e deixar de lado os interesses pessoais e os interesses de partes. Se não se abandona esse esquema, essa situação continuará.
A classe política atualmente consegue colocar o bem do país acima do interesse particular?
R. - Tenho a impressão de que talvez exista algum indivíduo, mas em grande parte não.
Então, parece uma luta quase impossível?
R. - Digamos que sim, parece impossível, a menos que exista realmente, usando um termo religioso, uma 'conversão', e continuo acreditando, graças à minha fé, que a conversão é sempre possível. Não obstante tudo, desejamos um 2020 melhor. Deveria haver eleições gerais, mas não sei quão válidas seriam. Assim, a esperança é que, para a Somália, exista alguém, entre os somalis, que realmente tenha uma estatura de alto nível, que realmente queira o bem de todo o seu povo.
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