Iêmen: primeira troca de prisioneiros
Michele Raviart – Cidade do Vaticano
As partes em conflito no Iêmen concluíram um Acordo, no domingo (16) para a primeira troca de prisioneiros desde o início do conflito em 2014. A notícia foi dada em um comunicado das Nações Unidas que está supervisionando as negociações de paz entre o governo reconhecido internacionalmente e mantido por uma coalizão militar guiada pela Arábia Saudita e os rebeldes xiitas Huti.
A base é o acordo de Estocolmo de 2019
O Acordo, que não especifica oficialmente o número de pessoas envolvidas, faz parte do pacto de Estocolmo de 2019, no qual consta a troca de prisioneiros entre os beligerantes. O porta-voz dos rebeldes Huti comunicou que serão libertados 1.400 prisioneiros entre as quais Sauditas e Sudanenses. A pesquisadora do Instituto de Política Internacional Italiano, Eleonora Ardemagni explica: “No passado já houve troca de prisioneiros entre as partes em conflito, mas neste caso trata-se da primeira troca em grande escala oficial depois de uma longa negociação sob a coordenação das Nações Unidas”. “Esta troca”, acrescenta, “chega em um momento em que os combates, principalmente no norte do país, intensificaram-se novamente depois de uma fase de redução da violência no final de 2019. E isso nos leva a compreender que os combates e também os ataques sauditas dos últimos dias tinham como objetivo posicionar-se do melhor modo possível antes de levar adiante as fases mais críticas da negociação”.
A pesquisadora afirma também que “uma outra notícia positiva é a criação de uma ‘ponte médica’ entre a capital Saná e a Jordânia”. “Estas são como a notícia da troca de prisioneiros, notícias positivas porque dão às partes um sentido de reconstrução da confiança, porém em campo a situação ainda está extremamente fragmentada. De fato, há muitos grupos armados além dos rebeldes e dos que se consideram pró-governo. Contamos com um avanço nas negociações entre as partes envolvidas, mas não é automático que isso leve a uma estabilização em ampla escala no Iêmen”.
Os combates continuam
Nos últimos dias morreram pelo menos 31 civis em um ataque da coalizão guiada pelos Sauditas. O ataque ocorreu um dia depois da derrubada de um avião militar de Riad por parte dos rebeldes Huti e ainda segue a tensão militar entre as partes em conflito.
“As linhas de frente em campo estão bloqueadas há dois anos. Os Huti ainda controlam a parte central do país, a capital Saná e grande parte da costa ocidental inclusive a cidade de Hodeidah, que foi o centro das negociações das Nações Unidas em dezembro de 2018”, afirma a pesquisadora Aredemagni. “Os combates continuam também em Marib que é um estado central rico em petróleo que até agora tinha sido poupado em grande parte dos combates, ali encontra-se o quartel general do exército iemenita”.
A questão Áden
O ponto mais complexo na questão democrática fica no sul, depois de um acordo em 2019 para estabilização da cidade de Áden. “Este acordo ainda não encontrou uma aplicação e é muito provável que seja a próxima frente na qual os Sauditas devam investir seus esforços para manter um mínimo de estabilidade também no sul”, conclui.
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