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Mercado de Campala, em Uganda Mercado de Campala, em Uganda 

África, suspensas as missões humanitárias de médicos

O Covid-19 suspende as missões humanitárias dos médicos da Universidade Católica do Sagrado Coração que, através do seu Centro para a Solidariedade Internacional, trabalham há anos na Uganda, Tanzânia e Gana. As preocupações e as previsões do professor Roberto Cauda

Eliana Astorri – Cidade do Vaticano

Há médicos e profissionais da saúde voluntários que em turnos prestam serviços em várias áreas do continente africano para transferir seus conhecimentos aos colegas locais, de modo que possam agir de modo autônomo. Algumas dessas missões eram subvencionadas pela Conferência Episcopal Italiana, através de fundos para os países com poucos recursos. Hoje, com a pandemia, este programa foi bloqueado e pede-se que seja reorganizado.

O professor Roberto Cauda, Responsável do Setor de Doenças Infecciosas da Universidade Católica, dirigiu por 12 anos várias missões na África. Na nossa entrevista confia sua esperança de que a emergência passe "o mais breve tempo possível para podermos retomar os contatos interrompidos pelo vírus".

Seu depoimento:

Prof. Cauda: No Gana, a passagem de conhecimentos e técnicas já terminou. Em Uganda e na Tanzânia ainda estamos trabalhando. Em particular na Tanzânia estamos ligados com o hospital dos Padres da Consolata, localizado em Ikoda que se encontra a 800 km da capital Dar es Salaam. Em Uganda, onde também estamos trabalhando, tivemos que bloquear a missão por causa do coronavírus. Mas continuamos a nossa missão na capital Kampala e na cidade de Gulu.

Atualmente, como está a situação destes países?

Prof. Cauda: As notícias que chegam não são muitas, mas não porque os governos queiram escondê-las. O que sabemos neste momento é o que se lê nos jornais, principalmente os de Uganda. Porém, na minha opinião, os números são subestimados, falam de 52 casos em Uganda, mas pelo conhecimento que temos dos contágios, é provável que o número de infectados seja bem maior. Também porque se sabe que nessas áreas, pelas dificuldades presentes, já por si amplificam a emergência Covid.

Não são populações em condições de enfrentar uma emergência deste tipo. E têm dificuldades de enfrentar as doenças comuns por falta de remédios. O que acontecerá?

Prof. Cauda: Obviamente a situação é diferente e variada dependendo da zonas geográfica da África. É um continente e não se pode generalizar e uniformizar a saúde dos vários países. Alguns são bem avançados, outros certamente mais atrasados. É claro que têm uma fundamental diferença com relação à epidemia de ebola de alguns anos atrás. A diferença é que, a Europa e a América do Norte, que são os maiores doadores de recursos a estes países não tinham sido afetados pela infecção. Portanto podiam fazer parte do grupo de solidariedade internacional que hoje, provavelmente, ainda não é eficaz, eficiente, e certamente está debilitado pela situação dos países doadores. Honestamente acredito que a população jovem da África, seja na minha opinião menos vulnerável do que as populações da Europa e dos Estados Unidos, onde o número de idosos é superior e estes são mais frágeis. Mas isso é apenas em teoria. Não sabemos o que acontecerá na África e, principalmente será preciso considerar a limitação dos recursos e as dificuldades de diagnósticos que certamente são mais evidentes do que em muitos outros países.

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17 abril 2020, 14:53