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Um grupo de sem-teto em Cape Dowm, África do Sul Um grupo de sem-teto em Cape Dowm, África do Sul 

Scalabrinianos na África do Sul: “pobres e imigrantes sem comida"

Padre Pablo Velasquez, missionário scalabriniano fala sobre a dramática situação dos imigrantes africanos na África do Sul, depois que governo impôs medidas restritivas

Jane Nogara - Cidade do Vaticano

Na África do Sul a situação está cada vez mais tensa. As medidas governamentais que impõem a quarentena por causa da Covid-19 impedem os que vivem do trabalho diário de conseguir comida. Os pobres estão em uma situação dramática: “É dramática tanto para os imigrantes quanto para os sul-africanos que vivem nos centros urbanos”, explica Pablo Velasquez, missionário scalabriniano em Johannesburg.

Sem comida para a família

“Há algumas semanas o governo impôs a quarentena e as pessoas que saíam diariamente para encontrar algo para comer ou com trabalhos diários ou esmolas, não têm mais nenhum meio de subsistência para si e para os familiares. Aqui o desespero é concreto. Recebo diariamente no celular mensagem de jovens trabalhadores imigrantes, desesperados, sem nada para comer. Alguns deles são a única fonte econômica para a família que vive em outros países africanos. Entre estes, muitos são moçambicanos, vítimas da exploração aqui na África do Sul”.

Fila para a cesta básica

Em frente à paróquia de Saint Patrick, no sul de Johannesburg, que padre Pablo administra com seus coirmãos, chegam centenas de pessoas para conseguir “um food parcel”, isto é uma cesta com os produtos alimentares de base para uma família. Só na segunda-feira (20) mais de 200 pessoas dirigiram-se aos sacerdotes, na grande maioria imigrantes africanos. A tensão é muito grande. “O governo sul-africano exclui ajudas aos estrangeiros”, continua padre Pablo. “Na nossa paróquia estamos fazendo tudo o que podemos para ajudar estes nossos irmãos que rompem as medidas restritivas para procurar comida”.

Nenhuma ajuda oficial, só doação de paroquianos

Porém, para os scalabrinianos, não é fácil encontrar os alimentos necessários. “É triste admitir isso – observa o missionário – mas se as coisas continuarem assim, não conseguiremos mais dar alimentos, porque terminarão os nossos recursos. Até agora nenhuma representação consular veio nos oferecer ajuda. Os alimentos que distribuímos na nossa igreja, são provenientes de doações dos nossos paroquianos durante a Quaresma”.

Ao ajudar pensamos em Jesus: “Não tenham medo, sou eu…”

Entre as pessoas em fila diante da paróquia, muitos dizem: “é melhor morrer de coronavírus do que de fome”. “Ouvimos várias vezes esta frase. Alguns dias atrás disseram também aos policiais que vieram dispersar a fila diante da nossa igreja. No início, nós religiosos, temíamos ficar contagiados. Porem diante do desespero destas pessoas pensamos nas palavras de Jesus: “Não tenham medo, sou eu…”. Por isso, mesmo respeitando as medidas impostas pelo governo, estendemos a mão a todos os que pedem ajuda”.

(Fonte: Agência Fides)

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22 abril 2020, 15:02