Earth Day 2020: recomeçar para o bem de toda a humanidade
Roberta Gisotti – Cidade do Vaticano
O 50º Dia Mundial da Terra é dedicado ao Papa Francisco, no quinto aniversário da Encíclica Laudato si’. Denis Hayes, criador do Earth Day e Kathleen Rogers, presidente do Earth Day Network, declaram-se “honrados pelo compromisso” assumido pelo Papa “de unir as pessoas sobre a importância da Terra”. A sua Encíclica Laudato si’ sublinha a relação fundamental que cada um de nós tem com o nosso único Planeta”.
Aniversário de esperança além da pandemia
O Dia Mundial da Terra foi organizado pela primeira vez em 22 de abril de 1970, pelo movimento ambientalista Earth Day Network, e reconhecido pela ONU em 2009. Atualmente conta com a adesão de 193 países, comprometidos em promover a democracia ambiental em todos os níveis. Este é um aniversário marcado pela pandemia do Covid-19, que já causou dezenas de milhares de vítimas e obrigou milhões de pessoas a adotarem medidas inéditas de isolamento e distanciamento social.
Maratona Mundial Multimídia: um povo um planeta
Devido a essas circunstâncias tomou-se a decisão de organizar nesta edição de 2020 uma “Maratona Mundial Multimídia” com o título #OnePeopleOnePlanet, que será transmitida na Itália no canal streaming Rai Play: serão 12 horas ao vivo das 8h às 20h (horário italiano) com testemunhos, performance artísticas, aprofundamentos com especialistas, conexão com vários programas televisivos entre os quais do Vatican Media e da TV2000 além de outras emissoras privadas. O programa contará com a animação de personagens do mundo artístico e da comunicação, além de informações sobre a saúde do nosso planeta e interrogações sobre um futuro sustentável.
O crescimento da consciência ambientalista
Já se passaram mais de 50 anos das primeiras manifestações dos jovens nas universidades americanas para chamar a atenção do mundo para uma reflexão sobre as questões ambientais. Tudo começou depois do desastre ambiental causado pelo derramamento de petróleo de um poço da Union Oil em Santa Bárbara, na Califórnia. Então os jovens decidiram unir as forças contra a degradação do meio ambiente: cerca de 20 milhões de cidadãos dos Estados Unidos manifestaram seu dissenso dando vida ao Primeiro Dia Mundial da Terra. Abriu-se assim um longo caminho para alargar a consciência ambiental dos povos, que teve uma acelerada com as mudanças climáticas das últimas décadas.
Entrevista com Pierlugi Sassi, presidente da Earth Day Italia especialista em inovação e economia social.
Pierlugi Sassi: O nosso movimento foi fruto dos protestos estudantis dos anos 60, quando realizaram a maior manifestação pela tutela do planeta até então realizada. Hoje mobilizamos bilhões de pessoas. Portanto, do ponto de vista organizativo crescemos muito. E nos últimos anos tivemos o despertar das novas gerações, desta vez não para afirmar princípios, mas ao contrário, para salvar a própria existência da humanidade em um contexto no qual, como o Papa Francisco nos recorda, as mudanças climáticas correm o risco de se tornarem irreversíveis e a qualidade de vida na Terra se tornar inaceitável. Assim, jovens que reivindicam a urgência de respeito pela Terra para que eles possam ter um planeta para viver: creio que seja um cenário completamente diferente. Assim a sensibilidade cresceu muito, talvez também pela nossa pequena contribuição; mas o que é certo é que esta sensibilidade cresceu pela dramática emergência climática e todas as crises humanitárias que comporta em si. Papa Francisco foi decisivo ao criar esta consciência global com a sua Carta Encíclica Laudato si’, que se tornou o texto de referência não apenas para os crentes, e nós como Earth Day Network, decidimos dedicar a ele a abertura destas celebrações.
Este ano a Terra foi invadida pelo vírus Covid-19: uma importante ocasião para refletir sobre consumos, estilos de vida… e o que mais?
Pierlugi Sassi: Este vírus não chegou apenas para fazer danos: nos obrigou a interromper esta corrida para o nada, que estava nos levando a não considerar mais muitos valores. Reconsidera-se o valor do homem, das relações que em certos aspectos hoje não existem mais. Creio que a centralidade do homem, a centralidade das relações, a beleza da natureza sejam fatores decisivos para a nossa plena realização, para uma realização integral do homem. Não devemos pensar que, ao sairmos deste drama – porque muitas pessoas estão perdendo a vida e outras estão colocando-a em risco - o objetivo será o de voltar para trás, rapidamente, o mais cedo possível, aos antigos modelos, mas ao contrário, devemos criar novos modelos recolocando no centro o homem e a sua felicidade. Não faltam disciplinas científicas que dão indicações, não faltam boas práticas que se possam copiar. Nós, com a nossa Maratona, com o nosso grande compromisso multimídia, tentaremos colocar em foco esta mensagem. Existem modelos econômicos saudáveis, que já demonstraram que funciona e que superam o conceito de competição e especulação exasperada para entrar em um clima de cooperação e de busca do bem comum.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui