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Cinzia Troletti e sua filha Ilenia Cinzia Troletti e sua filha Ilenia  A história

Bérgamo: solidariedade com Covid-19 em casa

Cinzia Troletti é professora em uma escola de ensino fundamental em uma cidadezinha, Parre, nos arredores de Bérgamo: uma das regiões mais atingidas pelo coronavírus. Depois do diagnóstico, o tratamento feito em casa, porque seu caso não era grave, marcado pela solidariedade

Amedeo Lomonaco – Cidade do Vaticano

“Não sou uma heroína, mas uma doente privilegiada porque recebi muita assistência e apoio”. Ao falar sobre a sua experiência ligada ao coronavírus, a professora Cinzia Troletti, repete várias vezes estas palavras e conta como enfrentou, em casa, essa dura prova. Cinzia leciona na localidade de Parre, nos arredores de Bérgamo e é mãe de quatro filhos. Agradece, antes de tudo à sua família pelo apoio recebido e, em particular sua filha mais velha, Ilenia, que sempre procurou resolver os problemas que surgiam.

O afeto da comunidade

Cinzia exprime sua gratidão também a uma pessoa que define um anjo. Chama-se Nicoletta, enfermeira de Itineris, uma empresa que atua no setor de assistência de enfermagem domiciliar. Apresentou-se na sua casa e ofereceu sua preciosa ajuda. Cinzia também se comove ao recordar de seus alunos da quinta série que lhe enviaram muitas mensagens de encorajamento. Pensando nos dias de doença recorda que quando encontrou oxigênio na farmácia, sentiu-se em culpa pensando que alguém poderia ter mais necessidade do que ela.

A coragem das mulheres

A professora de Parre agradece a todos os que a ajudaram com fraterna proximidade. A sua história está ligada às palavras que o Papa pronunciou no Regina Caeli do domingo 13 de abril. Francisco dedicou um pensamento especial ao precioso trabalho das mulheres, que em tempo de pandemia, tomam cuidado das pessoas. O Papa recordou as médicas, enfermeiras, policiais, funcionárias de mercados de alimentos e muitas mães, irmãs e avós. Eis o depoimento de Cinzia:

R. – A doença começou com um pouco de febre e resfriado. No início eu me perguntava se era o coronavírus. Convive-se com esta dúvida, porém a vida continua, e continuamos a ser mãe, professora, esposa. A febre subia principalmente à noite. O médico pediu que eu fizesse uma tomografia.

A sua família ajudou muito, em particular sua filha Ilenia…

R. – Minha filha Ilenia, acompanhou-me para fazer a tumografia. Ficou sempre firme ao meu lado, mantendo os contatos, por telefone, com o médico de família. Queria encontrar logo uma solução, mesmo uma internação. Mas no dia 10 de março todos os hospitais da minha região já estavam lotados. Com este tipo de diagnóstico, mas com um nível de saturação de oxigênio que não era grave, disseram que eu poderia fazer o tratamento em casa. Naquele momento senti uma sensação de desorientação: a gente se dá conta que está com uma doença grave e deve se tratar sozinha. Neste caso eu tinha pelo menos o apoio do médico de base que respondia aos telefonemas. Foi uma sorte porque na minha cidade muitos médicos foram infectados. Em casa fiquei isolada em um quarto. Toda a família estava em quarentena e minha filha Ilenia que fazia contatos com todos. Ajudava-me como uma enfermeira.

Vocês também encontraram em uma farmácia um cilindro de oxigênio …

R. – Minha filha solicitou à farmácia um cilindro de oxigênio e logo chegou. Desde que fiquei doente fiquei sabendo de várias pessoas atingidas pelo coronavírus como eu. Recordo de uma pessoa amiga, que precisava de oxigênio, e não conseguia encontrar o aparelho. Então minha filha contatou várias farmácias da nossa região até encontrar. Porém fiquei muito ansiosa pelo fato de que eu, ao contrário dos outros, tinha oxigênio. Na nossa cidade tinha muitas pessoas que precisavam de oxigênio. Em todo este período sempre pensei que, quando melhorasse entregaria o cilindro a quem precisasse.

Neste período a senhora recebeu muito afeto e solidariedade da sua cidade, em particular dos alunos da quinta série…

R. – Sim, numa manhã, creio era uma das primeiras vezes que eu levantava, encontrei duas sacolinhas na grade do portão. Dentro havia cartões das crianças. Isso me emocionou muito. Senti a proximidade de muitas pessoas, também da cidade. Muitos me mandavam mensagens de apoio e de encorajamento. E isso dava muito energia.

Entre os que a ajudavam, além da sua família, havia outra pessoa, uma enfermeira…

R. – Uma enfermeira, mãe de uma aluna minha. Depois que soube que eu estava com a Covid-19, veio aqui em casa e tocou a campanhia. No primeiro momento eu quase não a reconhecia porque estava muito mal. Depois entendi quem era ela e que era uma enfermeira e foi um verdadeiro anjo. Um anjo em um momento em que se sente tanta ânsia, se sente perdido e se pergunta se, em nível médico, estão fazendo o que é certo.

Agora quais são as suas condições de saúde?

R. – Agora estou bem melhor. Ainda me sinto um pouco enfraquecida fisicamente e sinto tremores de frio. Porém recuperei muitas energias.

No domingo 13 de abril, o Papa Francisco dedicou um pensamento especial às mulheres, que neste tempo de pandemia se dedicam ao próximo.

R. – Muitas mulheres me ajudaram, entre as quais minha filha e esta enfermeira. Também as mensagens de apoio ajudam muito. Ao mesmo tempo eu procuro apoiar e encorajar outras mulheres. Nasce esta força de coalizão, nasce uma solidariedade, muitas vezes feminina. O apoio que se recebe é muito importante, e principalmente para depois poder transmitir. Respondo a esta entrevista também para dar voz aos que passaram pela Covid-19 em casa. Não foi fácil. Agradeço a todos que me foram solidários.

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20 abril 2020, 14:58