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Bispos do Regional Leste 1, da CNBB, em reunião online Bispos do Regional Leste 1, da CNBB, em reunião online 

Em qual plataforma?

O Pe. Arnaldo Rodrigues assina artigo em que aborda o novo contexto dos encontros e reuniões em modalidade online, uma realidade vivida inclusive dentro da Igreja Católica, neste período importante de distanciamento social por causa da pandemia da Covid-19.

Pe. Arnaldo Rodrigues - Vatican News

Antes do coronavírus, o Padre :

- Hoje teremos reunião.

Fiel:

- Onde será? No salão paroquial? Na sala de catequese ou na secretaria?
 

Depois do coronavírus, o  Padre:

- Hoje teremos reunião.

Fiel:

- Onde será? No Zoom ou no GoToMeeting? No Streamyard? No Whatsapp? No Duo? No Microsoft Meetings? Ou no Skype? 

 

Este cenário parece uma daquelas imagens futuristas das demonstrações de empresas de tecnologias, onde as pessoas se encontram somente por meios virtuais. Porém, a realidade que parecia tão distante ou desconhecida para tantas pessoas se tornou um meio fundamental no cotidiano das relações: desde um encontro de amigos para comemorar o aniversário àquela importante reunião para tomadas de decisões, até às aulas de escolas e universidades.

No atual contexto da pandemia da Covid-19, onde o isolamento social é obrigatório e o único meio de controlar o aumento no número de contágios, as instituições encontraram nas plataformas digitais o melhor caminho de continuar suas atividades. A Igreja Católica também se adaptou de forma a permanecer o máximo possível com suas atividades por meio desses caminhos digitais.

Olhando para esta nova realidade, três pontos são importantes diante do novo comportamento massivo no mundo virtual. Os encontros nas plataformas digitais são reais ou virtuais? Quais são os benefícios que poderiam proporcionar na cotidianidade? Por fim, as interações virtuais poderiam causar as mesmas reações dos encontros “face a face”?

Quando pensamos nas palavras reais e virtuais, a tendência é classificar a palavra virtual como algo negativo que não conteria algo sincero, mas uma oposição ao verdadeiro. Seria dizer que o virtual não teria o mesmo valor que o de duas pessoas que se encontram presencialmente. Isso é um grande equívoco. As relações com as pessoas, com as informações, com produtos e instituições dentro dos ambientes virtuais são concretas. Porém, o que vai distinguir o real do virtual, não é a alteridade do que temos acesso, mas a qualidade dos relacionamentos que colocamos nessas duas realidades: presencial e virtual.

Nossos relacionamentos nos ambientes digitais serão sempre reais, a nossa atitude dentro desses meios é que definirão se serão íntegras e integrativas. Recordemos as palavras do próprio Papa Francisco em sua primeira carta para o Dia Mundial das Comunicações, quando disse que “particularmente a internet  pode oferecer maiores possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos; e isto é uma coisa boa, é um dom de Deus”.

Se nos perguntarmos que tipo de benefício tiramos dos encontros realizados nas plataformas digitais, poderíamos dizer que alguns deles são a possibilidade do aproveitamento do tempo e dos recursos econômicos. Pensemos por exemplo nas grandes metrópoles, onde a locomoção por vias terrestres podem fazer perder horas no trânsito e até mesmo impactar no bolso com o valor do combustível. Com encontros realizados pelas plataformas digitais percebemos que o tempo também pode ser utilizado de forma mais flexível, gerando também um redirecionamento e um reaproveitamento da economia doméstica ou institucional.

Por fim, um dos questionamentos deste tempo de pandemia, onde as pessoas recorrem aos meios digitais para se conectar com amigos, chefes e familiares, seria se estes encontros também poderiam ser considerados positivos. Uma pesquisadora na Finlândia, Jonne Hietanen, da Tampere University, realizou um estudo sobre a interação pessoal durante uma chamada de vídeo. A ativação da musculatura facial e a resposta das alterações cutâneas resultantes da atividade elétrica nas glândulas sudoríparas de cada indivíduo foram testadas. Elas refletem a ativação do sistema nervoso autônomo, que é um indicador de afeto, enquanto a ativação da musculatura facial reflete a positividade ou negatividade do afeto. Percebia-se que os participantes da pesquisa, estando imóveis, refletiam reações positivas, demonstrando que o contato visual entre as pessoas, sobretudo nas videoconferências, gerava estímulos. Desta forma, a pesquisa concluiu que os encontros virtuais podem gerar um contato visual direto, sem a presença física de outra pessoa. Obviamente que nada substitui o encontro físico, porém, não se pode dizer que os encontros virtuais são ausentes de reações físicas e cargas de emoções verdadeiras e positivas.

Neste período, onde muitas atividades foram realizadas virtualmente – reuniões e encontros entre amigos – vimos que o grande desejo era de estar juntos, compartilhando momentos e experiências. Quando pensamos nas celebrações litúrgicas, percebemos também o quanto estamos unidos em torno do altar, sempre reconfortados e animados para esperar o dia em que retornaremos e celebraremos, reunidos fisicamente em nossas paróquias, com ainda mais fervor e sentimento de ação de graças pelos meios de comunicação que nos possibilitaram estar sempre “conectados” e próximos.

Os encontros virtuais serviram e servem para nos conduzir a sua destinação final que é o encontro presencial, o aperto de mão e o abraço. Não sabemos todos os benefícios e desafios dos meios de comunicação após este período de pandemia, mas, este tempo importante e difícil da nossa história, tem nos ajudado a redescobrir que “a cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a dar, mas também a receber de outros. Os mass-media podem nos ajudar nisso, especialmente nos nossos dias, em que as redes da comunicação humana atingiram progressos sem precedentes”.

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01 junho 2020, 16:12