Conselho de Estado coloca futuro de Santa Sofia nas mãos de Erdoğan
Vatican News
O status atual de Santa Sofia como complexo museológico não destinado ao culto religioso corresponde plenamente ao quadro jurídico atual, com base na decisão de 1934 com a qual o governo turco daquela época transformou a antiga basílica cristã, naquele tempo utilizada como mesquita, em um museu. Tal estado de coisas, de acordo com as disposições governamentais do passado, pode legitimamente ser modificado com um decreto presidencial.
Em síntese, este é o significado do esperado pronunciamento feito esta quinta-feira (02/07), pelo Conselho de Estado turco sobre a possibilidade – fortemente patrocinada por setores políticos hoje dominantes na Turquia – de reutilizar Santa Sofia como lugar de culto islâmico.
Pronunciamento deixa decisão nas mãos do presidente turco
A reunião do Conselho de Estado chamado a pronunciar-se sobre este delicado e espinhoso assunto de forte impacto também geopolítico – informam fontes locais à agência Fides – durou menos de meia hora, e parece deixar nas mãos do Presidente Recep Tayyip Erdoğan a responsabilidade por uma possível mudança do atual status quo, o que tornaria novamente possível usar Santa Sofia como uma mesquita.
Ao mesmo tempo, o Conselho de Estado reconheceu que a intervenção direta do presidente turco sobre a controversa questão, através de um decreto presidencial ad hoc, poderia mudar a situação atual e legitimar a reutilização de Santa Sofia como um lugar de culto islâmico. Serão necessários vários dias para que a decisão do Conselho de Estado turco e suas motivações sejam publicadas.
Basílica tornou-se mesquita após tomada de Constantinopla
A antiga Basílica bizantina de Santa Sofia foi transformada em mesquita após a queda de Constantinopla, em 1453, tornando-se museu em 1934 por decisão do Mustafá Kemal Atatürk, primeiro presidente turco e fundador da Turquia moderna.
Em anos recentes, no final de maio, concentrações de milhares de pessoas têm lotado a vasta praça externa ao complexo para celebrar o aniversário da conquista otomana da cidade e pedir a sua reabertura como mesquita.
Pressões parecem receber apoio do mandatário da nação
O importante pronunciamento do Conselho de Estado turco era esperado como um sinal útil para decifrar se as pressões feitas por esses setores políticos e sociais turcos, que nos últimos tempos parecem ter sido cada vez mais ouvidos e apoiados também pelo Presidente Recep Tayyip Erdoğan, serão bem sucedidas no futuro próximo.
Segundo reconstruções também relatadas pela referida agência da Congregação para a Evangelização dos Povos, o próprio presidente turco teria dado recentemente instruções para alterar o estatuto do complexo monumental de Santa Sofia, de modo que este volte a ser utilizado também como um local de culto islâmico.
Óbvias conotações geopolíticas
O caso também assume evidentes conotações geopolíticas: na quarta-feira, 1º de julho, de acordo com relatórios de numerosas agências internacionais, o Secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo teria pedido a Erdoğan para não transformar Santa Sofia numa mesquita, para não comprometer o valor histórico do monumento.
Na terça-feira, 30 de junho, durante a homilia da divina liturgia dedicada aos Santos Apóstolos, o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, ressaltou com veemência que a possível reconversão do complexo monumental de Santa Sofia em Istambul em uma mesquita “impelirá milhões de cristãos no mundo inteiro contra o islã”.
(Fides)
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