Pastoral da Sobriedade e as dependências das tecnologias
Ricardo Gomes – Diocese de Campos
A Nutricionista Thatiana Barbirato Pontes mãe de um adolescente fala da experiência vivenciada com filho no uso das tecnologias digitais. No momento com as aulas on-line, Thatiana ajuda o filho, mas acompanha o uso do celular em jogos e procura ter tempo de acesso limitado durante o dia. Em período de extrema mudança nas rotinas gerais de todos, os que mais sentiram dificuldades nesse isolamento foram às crianças, e com seu filho, Thiago Lucas, não seria diferente, e todos os dias perguntava até quando iria essa situação. No início foi muito complicado e ele percebeu que a internet poderia ser uma das distrações já que não poderia por um bom e longo tempo estar com os amigos da igreja, do curso de inglês e nem com os do colégio.
“Meu filho, Thiago Lucas, tem hoje 12 anos, ele é orientado dentro da mesma criação que eu tive, fui educada dentro dos preceitos da religião católica onde essa é a mesma linha de educação que levo para o meu filho, sou muito cobrada pela sociedade pois na minha situação de mãe solteira tenho a missão de ser a voz doce de mãe e a voz firme de pai, mas graças a Deus eu conto muito com a ajuda dos meus pais na criação e educação de meu filho, o diálogo em minha casa é a base para uma família unida”, disse Thatiana.
Thatiana conta um pouco das experiências com o filho Thiago Lucas, 12 anos, mas procura ter sempre uma relação de diálogo aberto e com o cuidado de avaliar certos conteúdo, mas sem proibir ele de assistir programas televisivos ou exibidos em outros meios de comunicação. E fala que é muito mais fácil e melhor estar junto para quaisquer dúvida do que proibir.
“Para esse momento em que até mesmo as aulas escolares estão sendo ministradas via redes sociais é muito importante que não deixemos de estipular tempo, até porque as coisas precisam de certa forma manter a organização, pois quando a tempestade passar tudo tenderá a se reorganizar e com isso nossas vidas também deverão voltar ao normal. Tudo em minha casa tem tempo e hora, assim acontecem com os momentos de distração, os de estudo e os de estar com Deus, este momento é a hora em que estamos reunidos em família para rezarmos o terço ou assistirmos a santa missa”, conclui Thatiana.
Em tempo de Pandemia e de isolamento social a dependência tecnológica atinge os jovens é a atual preocupação da Pastoral da Sobriedade. O problema atinge as famílias. O Coordenador da Pastoral na Diocese de Campos, Adailton Conceição da Silva chama a atenção dos pais para o cuidado com os filhos e a necessidade de controle do tempo de uso de tablets e celulares.
“A dependência tecnológica é muito séria e precisamos estar atentos conosco mesmo e com os nossos filhos, parentes e conhecidos. Orientando sempre para os riscos de pessoas estranhas entrarem em contato com nossos filhos, sempre orientando e fiscalizando para saber com quem estão falando. A busca pela sobriedade requer esforço, vigiai e orai para não cair em tentação, precisamos estar em estado de alerta o tempo todo buscando a santidade para termos uma vida de acordo com a vontade de Deus, lutando contra nossos vícios e pecados”, pontua Adailton.
Psicóloga fala da importância do controle do tempo de uso de eletrônicos
A Psicóloga Renata da Cunha Ladeira Moraes explica que se configura dependência a partir do momento que outras áreas da vida do jovem estão sendo prejudicadas pelo desequilíbrio do tempo que o jovem se dedica ao eletrônico e afeta as atividades escolares, profissionais, sociais, o sono e vínculos afetivos, relacionamentos familiares e a partir do momento que algumas dessas áreas estiver afetada e a primeira co- relação sobre o uso dos eletrônicos é que são capazes de mudar o comportamento dos jovens o que causa prejuízos nas crianças e adolescentes.
“Os principais problemas de saúde causados pelo uso dos eletrônicos a dependência digital e os transtornos do sono, ansiedade, a depressão, o cyberbuling e as alterações visuais e auditivas. As postagens nas redes sociais e os comentários, as curtidas funcionam como um mecanismo de recompensa que ajuda a produzir a dopamina que é um importante neurotransmissor. E quantos mais comentários eu recebo mais acelera a produção da dopamina que favorece a compulsão por atividades que geram prazer e não somente as atividades com eletrônicos e até mesmo atividades ilícitas como drogas, e cria um circulo vicioso o que gera a necessidade de ficar mais tempo com acesso no eletrônico até que gera a dependência”, destaca a psicóloga.
Renata adverte que muitas das publicações nas redes sociais reforçam o narcisismo, estilos de vida, comportamentos e emoções que nem são reais e os adolescentes por não terem maturidade e discernimento de separar e filtrar que nem tudo que está nas redes sociais é verdade e real, começam a se espelhar nestas publicações o que gera um quadro depressivo e de transtornos alimentares, baixa estima, por não conseguirem atingir esse padrão que é imposto na sociedade; gera então o isolamento dos familiares e começa a se comprar e ver que não está atingindo aquele padrão imposto pelas redes sociais.
“Um dos problemas é o transtorno alimentar para atingir o peso ideal, o que é geralmente normal entre adolescentes e comparam a vida deles com os padrões postados nas redes sociais e começam aparecer os problemas. Os pais podem partir da orientação ao dialogo e nunca o monólogo em que os pais falam, e dar atenção e validação aos argumentos deles. Orientar é conversar, um diálogo, e dar orientação a todos os efeitos das redes sociais e o que a dependência dos eletrônicos causam na vida deles”.
Limitar a carga horária dos eletrônicos e não impor tudo a partir do diálogo e chegar a um acordo que possa ser bom para os pais e os adolescentes é muito importante, e que eles participem desse plano de uso dos eletrônicos e possam discernir o melhor horário, mas sempre com monitoramento e supervisão dos conteúdos que estão jogando ou assistindo nos vídeos, que possam ser adequados para a idade e os pais acompanharem.
“Os pais precisam dar exemplos não adianta impor que os filhos usem os eletrônicos por duas horas por dia se eles ficam o dia todo no celular. Importante que as regras sejam cumpridas por todos, porque o exemplo é o principal e se está se cobrando é preciso fazer sua parte enquanto pais. Os adolescentes não irem para o quarto dormir com celular, mesmo que esteja desligado por correr o grande risco dos pais irem dormir e eles ligarem o celular e passarem a noite toda no celular e os pais nem ficarem sabendo a hora que essa criança ou adolescente foi dormir, e que na casa tenha um cantinho onde todos deixam os eletrônicos. Muito bom que a família se engaje em atividades juntas e evite que tanto as crianças e adolescentes fiquem ociosos em quarentena dentro de casa, e sem opções priorizem ficar no eletrônico, já que não podem sair, e a família não usa a criatividade. Os adolescentes devem participar nas atividades domésticas e serem inseridos nas atividades da casa”, conclui a psicóloga.
A Psicóloga Aline Leite Alves Horta adverte para o uso inadequado dos aparelhos digitais pelos estudantes o que pode gerar comportamentos de entrada para os problemas em sua vida. É na adolescência que a vulnerabilidade para a dependência aparece. A dependência da internet pode ocasionar problemas mais graves, como o desenvolvimento de um vício. E destaca que o diagnóstico pode ser através da observação dos pais ou responsáveis pelos comportamentos inadequados de seus filhos, desencadeando em uma alteração na qualidade do sono, menor desempenho acadêmico ou profissional e prejuízo nos relacionamentos interpessoais.
“As alterações biopsicossociais foram observadas nos jovens com dependência de internet causando: solidão, síndrome do olho seco, dores na coluna, ansiedade, depressão, lesões por esforço repetitivo e entre outras. A dependência ocorre quando um jovem não consegue se divertir com outros amigos a não ser com a televisão ou jogos on-line. Ele não vê graça em passear com a família, se interagir com as pessoas e não apresenta desejo de sair de casa. É recomendado que crianças de 2 a 5 anos utilizem somente 1 hora da internet, crianças de 6 a 12 anos utilizem 2 horas de internet e a partirde 13 anos utilizem 3 horas de internet no máximo”, informa.
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