Na costa do Senegal o pior naufrágio de 2020
Gabriella Ceraso e Benedetta Capelli – Vatican News
Fugir da miséria, dos conflitos e da fome, apesar da pandemia e dos perigos muito graves. E depois encontrar a morte. A Organização Internacional para as Migrações (OIM) anunciou que 140 pessoas perderam suas vidas após o naufrágio de um barco que transportava migrantes. A tragédia ocorreu na última sexta-feira (23/10) ao largo da costa do Senegal. O barco pegou fogo algumas horas após a partida e afundou perto de Saint-Louis. Entre as vítimas estão três crianças. De acordo com fontes locais, pelo menos 59 pessoas foram resgatadas por pescadores. Este é o naufrágio mais grave deste ano na rota do Senegal para as Ilhas Canárias.
Rota África Ocidental - Ilhas Canárias
No dia em que chegou a notícia desta tragédia, as autoridades da Mauritânia anunciaram que pelo menos cinquenta migrantes subsaarianos tinham morrido nas últimas duas semanas. Eles estavam em um barco que teve avarias ao se dirigir às Ilhas Canárias. As pessoas a bordo da embarcação morreram enquanto tentavam desesperadamente chegar à terra nadando. Quando o barco chegou perto da costa de Nuadibu', apenas 27 pessoas foram resgatadas. O cenário é dramático. O governo senegalês lançou um alarme sobre a retomada dessas viagens para a Europa ao longo do Atlântico Ocidental através das Ilhas Canárias. As autoridades colocaram sob estreita vigilância a outra rota principal da África Ocidental, que atravessa o Saara passando pelo Níger e a Líbia até a costa do Mediterrâneo.
Uma rota muito perigosa
"Apelamos à unidade entre os governos, parcerias e a comunidade internacional para desmantelar as redes de tráfico e contrabando que exploram os jovens desesperados", destacou Bakary Doumbia, chefe da missão da OIM no Senegal, em uma declaração. Desde o início de setembro, a Organização Internacional para Migrações do Senegal vem monitorando as partidas da costa. Somente em setembro deste ano, 14 barcos com 663 migrantes deixaram o país africano para as Ilhas Canárias. Destes, 26% sofreram um acidente ou naufrágio. Segundo o governo espanhol, desde o início deste ano foram registrados 11.006 desembarques nas Ilhas Canárias, enquanto que no mesmo período do ano passado eram 2.557. Com este naufrágio, segundo o projeto Missing migrants project da OIM, só neste ano já morreram pelo menos 414 pessoas, em comparação com as 210 vítimas em 2019.
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