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Equador: mais de 70 pessoas morrem vítimas de rebeliões simultâneas em 3 presídios

O balanço é dramático: ao menos 75 vítimas, metade das quais na Penitenciária de Turi. Assim como no Equador, as carências do sistema prisional no Paraguai fizeram vítimas na semana passada, inclusive, com pessoas decapitadas. Em entrevista ao Vatican News, o jornalista Alfredo Luis Somoza, especialista em América Latina, afirma que o fenômeno não é uma novidade por lá porque se tem visto “nos últimos anos também no Brasil, na Venezuela, na Bolívia e na Guatemala”.

Andrea De Angelis e Andressa Collet – Vatican News

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As carências no sistema prisional da América Latina têm feito mais vítimas. Na semana passada, em uma rebelião no maior presídio do Paraguai, a Penitenciária Nacional de Tacumbú, em Assunção, 7 pessoas morreram – entre elas, 3 foram decapitadas. Os bispos chegaram a se manifestar denunciando as terríveis condições das prisões no país. Desta vez, a tragédia aconteceu no Equador.

Dezenas de vítimas em 3 presídios

Pelo menos 75 presos morreram em três motins simultâneos que eclodiram nesta segunda-feira (22) nos maiores presídios do Equador, e distantes entre si, que concentram 70% da população carcerária do país. A notícia foi divulgada nesta terça-feira (23) por Edmundo Moncayo, diretor do Sistema Penitenciário, durante uma coletiva de imprensa em Quito. Ele disse que na prisão de Turi, em Cuenca, província de Azuay, há 33 vítimas; na de Guayaquil, na província de Guayas, são 21, e 8 na de Latacunga, na província de Cotopaxi. Um balanço que logo revisado e que ainda é provisório.

Fontes da polícia do país reiteraram que o ocorrido é resultado de uma "ação coordenada" de grupos criminosos. Segundo o portal local Primicias, o próprio presidente do Equador, Lenin Moreno, falou de "uma luta entre máfias organizadas" e recomendou "um uso progressivo e prudente da força por parte da polícia para garantir a segurança dos presos".

Superlotação e corrupção

"Aquele das prisões no Equador é um problema antigo", explicou ao Vatican News Alfredo Luis Somoza, especialista na área e presidente do Instituto de Cooperação Econômica Internacional com sede em Milão. "Já há algum tempo que se verifica a superlotação e o baixo número de agentes penitenciários e mal pagos. E basicamente tudo acaba entrano nas prisões", acrescentou o jornalista que também é especialista em América Latina.

"Os cartéis, ou seja, os grupos criminosos, que no Equador estão conectados, mas não estritamente ligados ao narcotráfico, são capazes de exercer um certo controle sobre as estruturas. Essas rebeliões", observou ele, "não são uma novidade para o país. No ano passado, causaram 50 mortes; em 2019, 32 pessoas morreram. Assim, vêm acontecendo há três anos, provavelmente porque nenhum destes grupos consegue prevalecer. Um fenômeno visto nos últimos anos também no Brasil, na Venezuela, na Bolívia e na Guatemala. Nesse último país, há quase quatro vezes mais presos do que a capacidade de locais".

Os objetivos dos motins

Mas qual é o objetivo dessas revoltas? "O controle de um território, porque muitas vezes estes grupos criminosos têm os seus líderes na prisão. A partir dessas prisões”, explicou ainda o jornalista, “os chefes continuam coordenando os negócios, com telefones e outros meios. Controlar a prisão onde se encontra o chefe de um grupo ou os seus afiliados torna-se estratégico. Na Argentina, ao contrário, a revolta do ano passado, onde ninguém morreu, estava ligada às dramáticas condições sanitárias das prisões. As revoltas nos outros países, em vez disso, foram ligadas, da mesma forma, à conquista dos espaços prisionais por parte de um grupo criminoso".

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24 fevereiro 2021, 15:42