UNICEF - violência em Mianmar: 35 crianças mortas em menos de dois meses
Silvonei José - Vatican News
"Um menino de 11 anos, uma menina de 11 anos, dois adolescentes de 13 anos, uma adolescente de 13 anos, três jovens de 16 anos e duas jovens de 17 anos, todos segundo informações locais foram atingidos e mortos. Uma menina de um ano de idade ficou gravemente ferida após ter sido atingida no olho com uma bala de borracha. Estas são as últimas vítimas entre as crianças no dia mais sangrento de Mianmar (sábado - 27/03) desde que os militares tomaram o poder em 1º de fevereiro.
Em menos de dois meses, segundo informações recebidas, pelo menos 35 crianças teriam perdido a vida, inúmeras outras teriam sido gravemente feridas e quase 1.000 crianças e jovens teriam sido detidos arbitrariamente pelas forças de segurança em todo o país. Milhões de crianças e jovens foram expostos direta ou indiretamente a cenas traumatizantes de violência, ameaçando sua saúde mental e bem-estar emocional.
Estou chocada com as mortes indiscriminadas, inclusive de crianças, que ocorreram em Mianmar e com o fracasso das forças de segurança em manter a moderação e garantir a segurança das crianças. Como disse o Secretário-Geral, os responsáveis por estas ações, que sem dúvida são violações vergonhosas dos direitos das crianças, devem ser responsabilizados.
Além dos impactos imediatos da violência, as consequências a longo prazo da crise para as crianças do país poderiam ser catastróficas.
A prestação de serviços essenciais para crianças já parou: quase 1 milhão de crianças não têm acesso a vacinas básicas; quase 5 milhões não têm acesso a integradores de vitamina A; quase 12 milhões correm o risco de perder mais um ano de aprendizado; mais de 40.000 crianças não têm tratamento para desnutrição aguda grave; quase 280.000 mães e crianças vulneráveis perderão acesso às transferências de dinheiro, que são a sua âncora de salvação; e mais de 250.000 crianças perderão acesso a serviços básicos de água e saneamento.
Esta perda de acesso a serviços-chave, combinada com a retração econômica que levará muitos mais para a pobreza, coloca toda uma geração de crianças e jovens em risco. Elas já estão em risco de sofrer profundos impactos físicos, psicológicos, emocionais, educacionais e econômicos, negando-lhes potencialmente um futuro saudável e próspero.
As forças de segurança devem parar imediatamente de perpetrar abusos dos direitos da criança e garantir a segurança das crianças em todos os momentos. As forças de segurança devem cessar sua ocupação de estruturas educacionais. Eles também devem proteger todos os trabalhadores essenciais - incluindo trabalhadores da saúde e professores - que prestam serviços vitais às crianças e famílias.
O compromisso do UNICEF para com as crianças em Mianmar permanece inalterado. Após 70 anos no país, alcançar todas as crianças, incluindo os Rohingyas e as de outros grupos minoritários, com serviços que salvam vidas em tempos de conflito e crise, continua sendo uma prioridade máxima.
Não devemos abandonar as crianças de Mianmar neste momento crítico, quando suas vidas, bem-estar e futuro estão em jogo. Estaremos sempre firmemente ao seu lado", afirma o comunicado do UNICEF.
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