Patriarca Raï: novo apelo por “solução internacional” para crise libanesa
Vatican News
Um "obrigado" à Arábia Saudita por permitir ao menos que os caminhões libaneses bloqueados na fronteira entrem em seu território e descarreguem suas mercadorias, antes de o embargo imposto por Riad às importações de produtos agrícolas libaneses entrar em vigor. E ao mesmo tempo, um novo apelo a confiar a uma conferência internacional patrocinada pela ONU a solução da crise sistêmica que há muito atormenta o País dos Cedros, com consequências cada vez mais graves sobre a condição de toda a população.
Estas são as duas passagens mais relevantes que o patriarca de Antioquia dos Maronita, cardeal Béchara Boutros Raï, quis dedicar aos acontecimentos atuais libaneses, durante a homilia proferida na celebração eucarística de domingo, 2 de maio, dedicada a Nossa Senhora do Líbano.
"Agradecemos aos líderes da Arábia Saudita por terem permitido a entrada de caminhões libaneses em seu território", disse o patriarca, entre outras coisas, manifestando a esperança de que os líderes da monarquia saudita logo voltem atrás, retirando a recente disposição que proíbe a entrada na Arábia de produtos agroalimentares do Líbano.
Motivo da medida adotada pelos líderes sauditas
A medida restritiva, conforme relatado pela Fides - agência missionária da Congregação para a Evangelização dos Povos -, foi tomada após a operação das forças de segurança sauditas que desbarataram no porto de Jidá uma tentativa impressionante de importar para o Reino 5,3 milhões de pílulas Captagon (droga sintética) em caixas provenientes do Líbano, que supostamente conteriam romãs.
O bloqueio às importações - advertiram as autoridades sauditas - permanecerá em vigor até que o Líbano forneça "garantias suficientes e confiáveis" para pôr fim ao que Riad chamou de "operações sistemáticas de contrabando contra o Reino".
Combate das autoridades libanesas ao narcotráfico
As disposições sauditas - comentou o patriarca em sua homilia - estão tendo repercussões negativas sobre a já combalida economia libanesa.
O primaz da Igreja maronita quis enfatizar que a polícia libanesa já iniciou operações para desmantelar as redes de tráfico do narcotráfico que produzem e vendem drogas no Oriente Médio e que encontram no Líbano um núcleo essencial, perpetuando seu tráfico sem levar em conta as fronteiras entre Estados e até mesmo as divisões territoriais relacionadas a situações de conflito.
Uma conferência internacional patrocinada pela ONU
Durante sua homilia, o cardeal Raï repropôs as razões que o levaram a reiterar várias vezes o apelo à convocação de uma conferência internacional patrocinada pela ONU, para dar uma ancoragem internacional ao exercício de uma autêntica "neutralidade libanesa" em relação aos conflitos e confrontos entre os eixos de força que durante décadas dilaceram o Oriente Médio.
A recente crônica política - reiterou o patriarca - confirma que o Líbano não será capaz de se recuperar da crise em que se afundou a menos que uma "Conferência Internacional seja convocada para declarar sua neutralidade".
Impasse político para formação de um novo governo
Fora deste caminho, acrescentou o patriarca de Antioquia dos Maronitas, "o Líbano passará de uma crise para outra, de uma guerra para outra e de um fracasso para outro, e daremos a impressão de ser um povo que não sabe governar a si mesmo".
A solução para os problemas do Líbano - observou o patriarca - não pode sequer ser identificada com a superação do impasse político que tem impedido desde outubro passado o primeiro-ministro encarregado, o sunita Saad Hariri, de formar um novo governo.
Emergências a serem enfrentadas sem mais tardar
"É verdade - observou o cardeal Raï - que precisamos de um governo, mas devemos resolver questões e conflitos que impedem o Líbano de ser um país normal".
Entre as emergências a serem enfrentadas sem hesitação para evitar a dissolução do Líbano, o patriarca também lembrou a necessidade de reconduzir a seu país os refugiados sírios atualmente deslocados nos territórios libaneses, e de tratar de uma vez por todas da emergência dos campos de refugiados palestinos presentes no Líbano durante décadas.
(Fides)
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui