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Missionário salesiano na Prisão de Pademba em Serra Leoa Missionário salesiano na Prisão de Pademba em Serra Leoa 

Serra Leoa: o testemunho de um salesiano entre os presidiários

Aqui na prisão de Pademba os detentos confiam em Dom Bosco". O testemunho do missionário salesiano Jorge Crisafulli para sensibilizar a opinião internacional sobre a situação de negligência e degradação de centenas de cárceres em todo o mundo. Em particular o Pademba Road de Serra Leoa onde cerca de 2000 pessoas estão reclusas muitas delas adolescentes

Vatican News

A nova campanha das Missões Salesianas chama-se "Inocencia entre rejas" ("Inocência atrás das grades"), e tem como objetivo conscientizar internacionalmente sobre o estado de negligência e degradação em que se encontram centenas de prisões em todo o mundo, e em particular a de Pademba Road, em Freetown, Serra Leoa, onde cerca de 2.000 pessoas estão presas, muitas delas adolescentes. A prisão pode estar em Freetown, assim como no inferno, pois os presos vivem amontoados em pequenas celas apertadas, quase sem comida, água, luz ou acesso a cuidados de saúde. Mas talvez o pior de tudo do Presídio de Pademba é que há também crianças presas acusadas de delitos menores e às vezes triviais, como caminhar sozinhas na rua à noite.

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Campanha Dom Bosco Fambul

A campanha, acompanhada por um documentário Libertad, (presente no YouTube) denuncia, através do exemplo da prisão de Pademba, a difícil situação dos menores. O curta-metragem destaca o trabalho e a obra pastoral dos salesianos atrás das grades, especialmente no apoio aos menores e aos mais frágeis. As imagens cruas e os testemunhos do missionário padre Jorge Crisafulli, diretor da organização humanitária Dom Bosco Fambul, e de Chennor Bah, um jovem que foi preso naquele cárcere quando era menor, são chocantes. Em Serra Leoa, os salesianos são a única instituição que trabalha na prisão, mesmo quando o medo do coronavírus levou a uma revolta que terminou no ano passado com motins, incêndios e mortes entre os presos. Aqui nesta parte da África sempre teve sofrimentos. Aqui, o sofrimento se concentrou com uma das guerras civis mais cruéis da humanidade, a epidemia do ebola e agora a Covid-19.

Cárcere de Pademba, Serra Leoa
Cárcere de Pademba, Serra Leoa

Crianças de rua

Embora a guerra tenha terminado há anos, a agressão e a violência contra as crianças e os mais fracos continuam ininterruptas. “Muitos jovens são órfãos ou foram abandonados por seus pais", explica padre Crisafulli no documentário, "eles não têm destino, não têm um lar como as crianças normais". Dormem e trabalham nas ruas. A rua é a casa deles”. Em Freetown, quando um jovem é encontrado duas vezes pela polícia à noite nas ruas da capital, sem rumo, ele corre o risco de acabar na prisão com uma pena de pelo menos dois anos. O presídio de Pademba foi construído para abrigar 324 prisioneiros, mas atualmente conta com 1936. Celas construídas para acomodar uma, no máximo duas pessoas, acomodam até oito. "Pode-se imaginar as consequências de uma superlotação”.

Cárcere de Pademba, Serra Leoa
Cárcere de Pademba, Serra Leoa

Um lugar onde a esperança não existe

Uma frase que pode explicar melhor a situação desta prisão", continua o sacerdote, "é extraída do ‘Inferno’ de Dante: 'Lasciate ogni speranza voi ch'entrate' (‘Ao entrar abandonem qualquer esperança’). Quando se entra em Pademba, volta-se no tempo. Entra-se em um lugar onde a esperança não existe. Uma experiência surreal. Nós da Dom Bosco Fambul (a organização recebeu o prêmio de melhor organização humanitária do país) entramos nesta prisão e fizemos uma descoberta: há crianças de até 13 anos aprisionadas ali. Este é o objetivo dos Salesianos: encontrar os menores, identificar seus problemas, entender porque foram presos, ajudá-los e apoiá-los espiritual e psicologicamente, e fornecer-lhes um advogado que possa defendê-los contra acusações injustas". Dentro da prisão de Pademba, os detentos são ameaçados pelos guardas se eles se permitem matar baratas, pois não estão autorizados a fazê-lo. A vida dos "homens sem rosto" na Prisão de Pademba é uma experiência de sofrimento constante, e não é coincidência que Pademba seja chamada de "inferno na terra". Mas para aqueles que estiveram presos lá, não é fácil viver, mesmo depois de sair do inferno. A menos que alguém possa ajudá-los. A preocupação dos Salesianos é justificada pelo fato de que as crianças são abusadas física e verbalmente. "Em um nível emocional, é terrível. Nós", explica o padre Crisafulli, "tentamos identificar os casos mais difíceis, particularmente adolescentes que foram detidos injustamente, e fazemos tudo o que podemos para tirá-los da prisão. Em Pademba todos são considerados culpados até que possam provar o contrário”.

Cárcere de Pademba, Serra Leoa
Cárcere de Pademba, Serra Leoa

Ajuda ao sair do inferno

Uma vez fora, os Salesianos tentam acolhê-los e acompanhá-los em um percurso de crescimento. Um exemplo notável é o jovem Chennor que, após passar quatro anos na prisão, conseguiu mudar sua vida e há alguns anos se dedica a ajudar os prisioneiros. Sua é uma redenção completa e uma superação total das dificuldades experimentadas atrás das grades. Os prisioneiros que saem da prisão sabem que podem contar com Dom Bosco Fambul e receber apoio na forma de roupas, alimentos e assistência financeira necessária para retornar às suas aldeias e casas. “Sair da prisão", disse um detento, "era como ir do inferno para o céu". Conseguir a liberdade novamente é uma experiência maravilhosa; mas assim que saí, percebi que não sabia para onde ir, ninguém estava esperando por mim, não sabia onde dormir. Eu tinha duas opções: voltar para a rua, ou ir para Dom Bosco Fambul. Graças a Deus, havia um lugar para mim no abrigo, minha única chance para uma nova vida".  "Aqui na prisão de Pademba", conclui padre Crisafulli, sorrindo, "os detentos confiam em Dom Bosco".

(Francesco Ricupero - L'Osservatore Romano)

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28 outubro 2021, 10:08