Vigário da Arábia na Expo2020: fraternidade como base de sociedades coesas e ecossistemas saudáveis

Os homens de fé são chamados a colaborar "para construir um mundo no qual cada um cuide do outro" e, ao mesmo tempo, a trabalhar para "salvaguardar o meio ambiente" e "a sociedade" em que vivemos; também nos negócios, que não devem mais ser às custas do "ecossistema natural".

Foi o que defendeu Dom Paul Hinder, vigário do Sul da Arábia (Emirados, Omã e Iêmen) e administrador apostólico sede vacante do Norte da Arábia (Kuwait, Arábia Saudita, Catar e Bahrein), ao discursar na Global Interfaith Summit (“Cúpula Inter-religiosa Global”) realizada nesta terça-feira, 16, no Pavilhão da Itália. O evento foi organizado por ocasião da “Semana da Tolerância” em curso na Expo2020 Dubai e que coincide com o Dia Internacional da Tolerância instituído pela Unesco em 1995, para recordar a Declaração Universal dos Direitos do Homem.

Um dos temas da exposição universal em andamento nos Emirados é o da “tolerância, da fraternidade, da compaixão e da compreensão”, que deve distinguir as sociedades globais na direção de um futuro sustentável.

Os trabalhos foram abertos pelo Sheikh Nahyan bin Mubarak, ministro da Tolerância dos Emirados e comissário geral da Expo, que destacou o objetivo de "unir 192 nações" sob os princípios de "coexistência, fraternidade e esperança" para criar "um futuro melhor para toda a humanidade".

Esses elementos, acrescentou o ministro, devem ser "parte da sociedade global" e elementos integrantes "da vida cotidiana". Em seu discurso, ele enfatiza repetidamente o papel central da tolerância, que permite "compreender as diferenças" entre os seres humanos e ajuda a compreender "os valores" que distinguem as pessoas e as diferentes sociedades. É tempo de “combater a ignorância que ergue os muros” e fomentar o diálogo, única forma de “enriquecer a natureza humana”.

Seguiu-se o pronunciamento de Dom Hinder com o título “Multilateralismo e fraternidade: o caminho para uma sociedade coesa”, que recordou fortemente o encontro entre o Papa Francisco e o Grão Imame de al-Azhar em fevereiro de 2019, com a assinatura do histórico Documento sobre a Fraternidade Humana.

O prelado recordou a Encíclica Fratelli tutti do Papa Francisco e o exemplo de vida representado por São Francisco, que olhou com igual atenção e respeito não só para o ser humano, mas para todos os elementos da criação, "considerando-os irmãos e irmãs" em resposta ao chamado de Deus.

A história do Santo de Assis, acrescenta Dom Hinder, “é uma lição importante”, porque ensina que “cada um de nós tem a responsabilidade de ir encontrar o nosso irmão e irmã”. “Estes últimos - observa - podem ser pessoas que venham em nosso socorro ou que necessitem da nossa ajuda”. Sempre que nos deparamos com uma necessidade, frisa o prelado, esta "permite-nos exprimir aquela potencialidade de fraternidade que está contida em cada um de nós".

Mesmo as religiões, que na história foram "causa de divisão", nunca devem esquecer sua "missão última", que é lembrar aos seres humanos "as origens comuns e o destino comum". Fraternidade e coesão devem ser os pontos centrais em torno dos quais fundar e construir "sociedades coesas" e "ecossistemas saudáveis".

Que hoje, por ocasião do Dia Mundial da Tolerância e no âmbito da Expo2020, conclui o bispo Hinder, “possa a virtude da fraternidade ser redescoberta por todos nós como um caminho“ na direção da paz, da justiça, da luta contra o terrorismo, do diálogo, da proteção dos lugares de culto, da valorização da mulher e do conceito de cidadania”.

*Com Agência Asianews