Cuamm: na Etiópia, médicos se alistam para combater
Benedetta Capelli e Luca Collodi – Vatican News
A diplomacia está trabalhando para tentar restaurar a calma na Etiópia após uma onda de prisões que envolveram religiosos, funcionários de organizações internacionais e voluntários. Na quinta-feira (11) o governo da Etiópia indicou as condições para possíveis diálogos com as forças da Frente Popular para a Libertação do Tigray, que estão na periferia da capital, um ano após o início da guerra civil. Entre as prioridades indicadas está a retirada das regiões de Amhara e Afar, limítrofes do território do Tigray.
Muitos elementos de crise
O que agravou no contexto foi a deterioração da situação no Tigray, as Nações Unidas denunciaram o bloqueio das ajudas humanitárias e na área cerca de 400 mil pessoas estão passando fome há algum tempo, 100 mil crianças estão sofrendo de desnutrição severa. Mais de dois milhões de pessoas foram deslocadas pela guerra e mais de 5,2 milhões em Tigray (90% da população da região) precisam de assistência médica. Desde 1978 os médicos da “Médicos com a África - Cuamm” trabalham na Etiópia. Seu diretor, padre Dante Carraro, descreve as divisões do país, que tem 110 milhões de habitantes e é composto por diferentes grupos étnicos. De um lado estão os Amara, de outro os Tigrínios, que sempre mantiveram o poder político e administrativo apesar de serem uma minoria, e também os Oromo, a quem pertence o primeiro-ministro Abiy Ahmed. É difícil manter o país unido", explica o Padre Dante, "e eles também falam idiomas diferentes". Estes são elementos que complicam a situação etíope, que corre o risco de retroceder anos, mesmo sendo focada pela comunidade internacional.
O futuro da África
"O que está acontecendo agora nos fere profundamente", acrescenta o presidente da Cuamm, "porque além da insegurança, há um país que corre o risco de se bloquear e retroceder". Outro elemento que pesa sobre a situação é a questão do Nilo, sublinha padre Carraro, portanto a questão da água e a influência sobre os países vizinhos. Ao falar sobre o compromisso da Cuamm na Etiópia, destaca as dificuldades que a organização está encontrando. "Há jovens enfermeiras, obstetras que deixaram seus empregos porque receberam convocação do governo federal para se juntar às tropas e muitos de nossos jovens abandonaram a escola". "A população está ficando cada vez mais pobre porque os preços estão subindo, a inflação tem aumentado". "Meu coração chora", diz padre Dante, "porque os jovens que se preparavam para construir seu futuro, para serem parte ativa de um desenvolvimento deste país, desistiram. É uma dor". Para o diretor da Cuamm, é essencial dar muita atenção à África, um continente frágil que, apesar de muitas criticidades e feridas, está emergindo e "pedindo para se tornar o protagonista de seu próprio futuro".
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