G20: Save the Children, ainda há um longo caminho a percorrer para um mundo mais justo, saudável e verde para as crianças
A Cúpula do G20 deu alguns passos em direção a um mundo mais justo, saudável e verde para as gerações atuais e futuras, mas os resultados não corresponderam às grandes expectativas de um mundo onde milhões de crianças ainda precisam enfrentar uma crise tripla: a Covid, a crise climática e conflitos, que ameaça reverter décadas de progresso na luta contra a pobreza e a desigualdade. Muito pouco progresso tangível em um G20 que deveria ter tratado das questões financeiras mais urgentes e onde o apoio para garantir que as economias nacionais em dificuldade tenham recursos suficientes para investir no futuro das próximas gerações ficou limitado a palavras.
A avaliação sobre a Cúpula do G20 concluída no domingo, 31, em Roma, é da organização internacional Save the Children, que há mais de 100 anos luta para salvar crianças em risco e garantir-lhes um futuro.
O compromisso global para a contribuição voluntária de 100 bilhões de dólares para os países mais necessitados é certamente um ponto de partida - sublinha Save the Children - mas é necessário que o G20 responda à urgência da situação, alcançando o resultado em 2021 e anunciando uma nova alocação de fundos para 2022.
No que diz respeito ao tema do financiamento ao desenvolvimento, os resultados do G20 refletem compromissos gerais e já acordados, enquanto permanecem pendentes ações concretas para acelerar e aprofundar o cancelamento da dívida para os países que se encontrarem diante de uma decisão impossível entre quitar dívidas e investir em setores cruciais para as crianças, como saúde, nutrição, educação e proteção social.
Saudamos os compromissos do G20 para contribuir ao avanço em direção às metas globais de vacinar pelo menos 40% da população mundial até o final de 2021 e 70% até meados de 2022, conforme recomendado pela OMS, e para apoiar a capacidade de produção nos países de renda média-baixa. No entanto, não foi fornecido um cronograma claro para a entrega das doses.
Os países do G20 também não se comprometeram com nenhum novo compartilhamento de doses de vacina ou novo financiamento para o ACT-Accelerator, demonstrando mais uma vez que sua promessa de solidariedade global permanece uma promessa.
É importante lembrar que, atualmente, apenas 14% das doses prometidas chegaram a países de baixa e média renda. Ninguém está seguro até que todos o estivermos, e sem uma forte vontade política que leve a ações concretas sobre o compartilhamento de vacinas, financiamento justo e um aumento em seu fornecimento, o mundo não conseguirá acabar com esta pandemia e proteger o futuro.
Deve ser destacada, por outro lado, o apoio do G20 para fortalecer o papel de liderança e coordenação da OMS. O estabelecimento de uma força-tarefa conjunta de finanças-saúde para fortalecer as relações saúde-finanças e melhorar a capacidade de mobilização de recursos é uma boa notícia, no entanto, a organização enfatiza que qualquer instituição adicional precisará cumprir seu mandato dentro da arquitetura sanitária global.
Sobre o tema da educação, é importante o reconhecimento por parte do G20 da educação como ferramenta fundamental para uma recuperação econômica inclusiva e sustentável e os compromissos de garantir o acesso a uma educação de qualidade para todos, com particular atenção às mulheres, às jovens e aos estudantes mais vulneráveis e de tornar os sistemas educativos inclusivo, flexível e resilientes. No entanto, também neste caso, essas reivindicações devem ser apoiadas com compromissos financeiros e ações concretas para que o direito à educação seja efetivamente garantido a todas as crianças.
A Save the Children destaca ainda o compromisso com a igualdade de gênero, o papel fundamental reconhecido da emancipação das jovens e o compromisso do G20 em garantir a igualdade de acesso à educação e às oportunidades, inclusive no setor STEM, bem como o combate aos estereótipos de gênero.
Sobre a crise climática, apesar das posições divergentes dos países do G20 sobre como lidar com ela, o importante acordo foi alcançado para dar continuidade aos esforços para limitar o aquecimento global a 1,5° C acima do nível pré-industrial e ademais foi reafirmado o compromisso assumido pelos países desenvolvidos para atingir a meta de mobilizar US$ 100 bilhões a cada ano em apoio aos países em desenvolvimento.
Esta é uma mensagem encorajadora dos países do G20, responsáveis por quase 80% das emissões globais, especialmente tendo em vista a COP26 que iniciou no domingo, 31. Ações rápidas, ambiciosas e concretas terão de ser tomadas em Glasgow para atingir esse objetivo e aumentar o financiamento climático para apoiar os países mais pobres. Vamos esperar que essas palavras se tornem realidade concreta.
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