Afeganistão precisa de 4 bilhões de euros para salvar a população da fome
VATICAN NEWS
São necessários mais de 4 bilhões de euros para atender às necessidades da população afegã cada vez mais pobre e faminta, atingida por uma crise sanitária sem precedentes. Este é o alarme lançado pelas agências humanitárias ainda presentes no território, segundo as quais pelo menos 24 milhões de pessoas - de um total de 36 milhões de habitantes - estão em condições críticas e precisam urgentemente de ajuda. No entanto, esta ajuda não está chegando ou chega escassamente, enquanto funcionários das Nações Unidas asseguram que a assistência humanitária continua, independentemente da situação política (poder nas mãos do Talibã) no país.
ONU: Suspensão das sanções
No hospital Indira Gandhi em Cabul, mas a situação é semelhante em todas as clínicas do país, chegam dia e noite verdadeiras multidões de crianças famintas em carros, táxis, ambulâncias e outros veículos improvisados. A desnutrição aguda é apenas a última de uma cascata de doenças em uma nação cujo sistema de saúde é considerado "frágil", dizendo de forma branda. No mês passado, o próprio António Guterres descreveu o Afeganistão como "pendurado por um fio" e pediu a suspensão das sanções ou bloqueios que dificultam a entrega de ajuda humanitária.
Ramiz Alakbarov, vice-representante especial do Secretário Geral da ONU para o Afeganistão, reiterou o apelo de ajudas, que deve ser acompanhado pelo respeito aos direitos e liberdades dos cidadãos. Em resposta, o Ministério da Economia do governo Talibã assegura que preparou um modelo para a "distribuição transparente" das necessidades básicas às pessoas necessitadas e diz que acolhe com satisfação o apoio das Nações Unidas e das agências internacionais.
Grande onda de desnutrição e doenças agudas
Entretanto, a situação no país está se tornando cada vez mais difícil, particularmente no setor da saúde que, segundo os especialistas, está à beira do colapso devido à falta de recursos e necessidades crescentes, desde o combate à fome até a contenção da pandemia da Covid-19. Em uma longa reportagem, o New York Times fala de hospitais e clínicas que "lutam para resistir" em meio a carências crônicas de financiamento e uma "onda de desnutrição e doenças agudas". De acordo com algumas estimativas, até 90% dos hospitais e centros de atendimento poderiam fechar dentro dos próximos meses, afundando definitivamente a esperança de cura da população.
"Por 20 anos mantemos o Afeganistão ligado a uma transfusão", mantendo-o vivo, destacou Filipe Ribeiro, representante dos Médicos sem Fronteiras (MSF). De um dia para o outro, acrescentou, "removemos a flebotomia" e "agora temos que encontrar uma maneira de colocá-la de volta". Segundo as estimativas da ONU três quartos da população afegã está sofrendo de pobreza aguda e 4,7 milhões de pessoas sofrerão de grave desnutrição até o final do ano. São necessários entre 4,5 e 5 bilhões de euros para necessidades imediatas, enquanto Save the Children fala de uma "duplicação" de crianças gravemente desnutridas que visitam clínicas e hospitais desde que o Talibã chegou ao poder em agosto. Somente em dezembro, pelo menos 40 crianças morreram nas ruas, à espera de tratamento médico.
A Organização Mundial da Saúde relata focos generalizados de disenteria, sarampo, dengue, malária e Covid-19, ameaçando sobrecarregar os hospitais já superlotados. Tariq Ahmad Akbari, diretor médico do Hospital Indira Gandhi, explica: "Quando tento falar com o povo de Covid, eles respondem que não têm comida, água, eletricidade, então por que se preocupar tanto com este vírus". Sete das oito médicas do hospital fugiram após a chegada do Talibã, enquanto que o número de funcionários médicos caiu de 350 para 190 nos últimos cinco meses. Quatro dos cinco microbiologistas se demitiram e apenas cinco dos 34 centros dedicados ao novo coronavírus de todo o Afeganistão estão agora operacionais.
(com Ásia News)
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