ONU: população do Iêmen come folhas para sobreviver
VATICAN NEWS
A crescente pobreza no Iêmen, agravada por um conflito que recentemente tem visto uma escalada de violência com ataques diários no país e através da fronteira na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos, tem forçado as famílias a comerem folhas para sobreviver. Este é o alarme lançado pelos especialistas da ONU do Programa Alimentar Mundial (PAM), segundo o qual cada vez mais pessoas correm o risco de fome e severa carestia, incluindo crianças.
Em uma declaração emitida no dia 30/01, a agência da ONU enfatizou que a escassez crônica de alimentos é "uma emergência crescente" na nação árabe, que é marcada pela "guerra e declínio econômico". "As famílias em algumas das áreas mais atingidas do Iêmen, como Hajjah [no noroeste], estão tomando medidas desesperadas, como comer folhas para sobreviver", continuou a declaração.
Folhas para sobreviver
Em uma mensagem tweet, o Programa Alimentar Mundial publicou a foto de uma família iemenita que cozinhava folhas. Foi somente no mês passado, que a agência da ONU levantou a questão da diminuição gradual das ajudas ligadas à queda drástica dos fundos disponíveis, e necessária para aliviar o sofrimento crônico e a fome de grandes grupos da população.
Estimativas recentes do PAM informam que mais de 16 milhões de iemenitas, mais da metade do país, sofrem de fome aguda, enquanto 2,3 milhões de crianças correm o risco de desnutrição. A guerra civil que se desencadeou em 2014 e a entrada de uma coalizão árabe liderada pelos Sauditas em março do ano seguinte para combater as milícias rebeldes Houthi (apoiadas pelo Irã) desencadeou uma das piores crises humanitárias do mundo. As estimativas da ONU indicam que cerca de 80% da população (30 milhões de pessoas) precisam de assistência e proteção, e mais de 13 milhões correm o risco de desnutrição.
Crianças-soldado
O conflito resultou em perdas de 126 bilhões de dólares para a economia nacional, enquanto continua a aumentar o número de crianças-soldado mortos nos combates. Um relatório encomendado pelo Conselho de Segurança da ONU constatou que quase 1.500 menores - incluindo crianças de 10 anos - morreram por causa da guerra em 2020 e várias centenas no ano passado. Desde 2015, mais de 10 mil crianças foram mortas, não apenas como resultado de bombardeios ou ataques cruzados, mas diretamente envolvidas no conflito: o relatório de 300 páginas apresentado ao Conselho de Segurança menciona 1.406 crianças recrutadas pelos Houthis que morreram no campo de batalha em 2020 e 562 entre janeiro e maio do ano passado.
As crianças são treinadas por rebeldes pró-Teerã para gritar "morte à América, morte a Israel". Em um acampamento, há até crianças de sete anos que são ensinadas a limpar armas ou escapar de ataques. Especialistas da ONU apelam às partes em conflito para que não usem "escolas, acampamentos de verão ou mesquitas para recrutar crianças" e pedem castigos exemplares para aqueles que violam as regras.
(com Ásia News)
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