Anistia Internacional, aos palestinos negados todos os direitos. Israel: é propaganda
Francesca Sabatinelli – Vatican News
Intensificaram-se imediatamente as acusações e defesas entre a Anistia Internacional e Israel depois da publicação do relatório da ONG (30/01) sobre a situação dos palestinos. São duras acusações nas 278 páginas redigidas com base no trabalho de organizações sem fins lucrativos palestinas, israelenses e internacionais, que falam de um "sistema cruel de dominação e opressão e de um crime contra a humanidade". Respostas igualmente pesadas de Israel, que define o relatório como "uma reciclagem de mentiras" por uma organização definida como "radical".
Uma "ameaça demográfica"
Uma política de apartheid, que trata os palestinos como "um grupo de raça inferior", aos quais são sistematicamente negados seus direitos. É o que denuncia a investigação da organização, descrevendo um "sistema de opressão e dominação que Israel inflige ao povo palestino, seja habitante de Israel ou dos territórios ocupados ou mesmo refugiados deslocados em outros países". O relatório descreve confiscos de terras e propriedades palestinas, assassinatos ilegais, transferimentos forçados, restrições à circulação e negação de nacionalidade e cidadania aos palestinos, que - segundo a Anistia - são considerados por Israel como "uma ameaça demográfica".
Apelo à ONU: é necessário embargo de armas
Portanto, a Anistia convida o Tribunal Penal Internacional (TPI) a considerar o "crime de apartheid como parte de sua investigação sobre os territórios palestinos ocupados" e pede para a comunidade internacional agir, como indica a Secretária-geral da Anistia Internacional, Agnés Callamard, para pôr fim ao conflito entre Israel e Palestina enquanto o processo de paz permanece num impasse. A organização também pede ao Conselho de Segurança da ONU que imponha um rigoroso embargo à venda de armas a Israel, à luz dos "assassinatos ilegais de manifestantes palestinos" que, segundo o relatório, começaram a manifestar-se ao longo da fronteira com Israel desde 2018 para exigir o direito de regresso dos refugiados e a suspensão do bloqueio. No final de 2019, continua: "as forças israelenses tinham matado 214 civis, incluindo 46 crianças". Os judeus como os palestinos, é a conclusão da Anistia, têm direito à autodeterminação, Israel tem o direito de se sentir como uma terra acolhedora para os judeus, mas a caracterização de Israel como um "Estado judaico", enfatiza-se, indica uma intenção de dominar.
Israel: propaganda sem exame sério
Enquanto que para Israel o relatório da Anistia é antissemita, uma reciclagem de mentiras, denuncia o ministro das Relações Exteriores Yair Lapid, que define a Anistia como uma "organização radical". "Israel não é perfeito, mas é uma democracia comprometida com o direito internacional e aberta à crítica". Se Israel não fosse um estado judeu, diz Lapid, ninguém na Anistia ousaria atacá-lo, mas "ele é alvo como único estado judeu". Acusações de antissemitismo que a Anistia envia de volta ao remetente, e às quais a Secretária-geral Callamard responde, "é uma questão de crítica às práticas do Estado de Israel e não uma forma de antissemitismo que a Anistia sempre denunciou fortemente".
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