Turquia: reabre a maior igreja armênia do Oriente Médio

Vatican News

O domingo dia 8 de maio, foi uma jornada histórica para a comunidade cristã armênia de Diyarbakır, uma cidade do sudeste da Turquia com maioria curda, que celebrou sua primeira missa dominical depois de sete anos na Igreja de São Ciríaco. De fato, nestes dias a maior igreja da comunidade armênia no Oriente Médio reabriu para o culto após um longo período de interrupção. Também participaram da celebração o 85º Patriarca armênio de Constantinopla Sahak II Mashalian e o Ministro turco da Cultura e Turismo Mehmet Nuri Ersoy.

Tradição armênio-cristã

A Igreja de São Ciríaco em Diyarbakır, no leste da Turquia, é um dos lugares de culto mais importantes do país para a tradição armênio-cristã. De fato, é o único lugar de culto da Igreja Apostólica Armênia em toda a área asiática do país, com exceção de Istambul. O edifício, de excepcional valor histórico e artístico, data do século XIV d.C. e é caracterizado por um frontal com sete altares alinhados. Reaberta para o culto após várias décadas de desuso em 23 de outubro de 2011, a Igreja de São Ciriaco é um dos maiores locais religiosos armênios em todo o Oriente Médio.

Como muitos outros edifícios religiosos cristãos no país (incluindo Chora e Santa Sofia) durante a transição do Império Otomano para o nascimento da República Turca, em 1913 a igreja cessou sua função religiosa e tornou-se a sede do exército alemão. No final da Grande Guerra, tornou-se um armazém estatal para panos e tecidos, um uso que continuou até os anos 60, do século passado quando o governo turco o devolveu à comunidade armênia - então constituída por algumas dezenas de fiéis - embora o edifício fosse em grande parte inutilizável devido aos numerosos incêndios e ao prolongado desuso.

A reconstrução

Em 2009, alguns armênios de Istambul formaram um comitê para a reconstrução do edifício, com o apoio do Patriarcado Armênio de Constantinopla. Depois do aval do governo turco e a criação de um financiamento graças a uma campanha de arrecadação de fundos entre os armênios de Istambul e da diáspora, para a qual o Ministério da Cultura turco e o município de Diyarbakır também contribuíram, começaram as obras de reconstrução da estrutura, começando com o teto coberto com solo armênio proveniente do território circunstante. O que torna o trabalho excepcional é o fato de que na Turquia pós-imperial nenhuma igreja abandonada jamais foi restaurada como um lugar de culto cristão, na maioria das vezes terminava como um museu. Hoje o prédio cobre uma área de 3.200 metros quadrados, que inclui também os aposentos dos padres, outras capelas e uma escola.

Em 2015, a igreja recebeu o Prêmio Europa Nostra pelo patrimônio cultural. No entanto, isso não impediu que a igreja se envolvesse nos violentos confrontos entre o exército turco e as milícias do PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos, proscrito e terrorista para a Turquia) que irromperam na área entre 2015 e 2016, sofrendo danos pesados e acabando por ser novamente fechada. Como parte da ofensiva militar, o governo turco havia ordenado a expropriação da Igreja de São Ciríaco e de todas as outras igrejas da metrópole às margens do rio Tigre. O compromisso e a dedicação da comunidade local, assim como o financiamento distanciado pela Turquia, tornaram possível a restauração do edifício, que celebrou no domingo (08/05) a retomada das funções com uma missa solene.

(com Ásia News)