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Giovanni Guaccero e Elói Stein Giovanni Guaccero e Elói Stein  

“Canto estrangeiro”: um Brasil fora do Brasil

Uma obra de poesia e música que reúne o talento do professor e poeta Elói Stein com a sensibilidade musical e criatividade do maestro Giovanni Guaccero.

Silvonei José - Vatican News

“Existe um Brasil fora do Brasil. Existe na Europa, em países como Portugal, França, Itália. É o Brasil dos brasileiros que emigraram para a Europa e dos europeus que, amando aquela terra, adotaram de alguma forma sua cultura. É o Brasil dos que sofrem pelo Brasil. É o Brasil daqueles que sonham com ele, que o desejam, que o temem. É um Brasil que está no som da língua luso-brasileira, transplantada para o exterior. Que está na poesia. Na música. No canto”: palavras do maestro Giovanni Guaccero, na apresentação do trabalho “a quatro mãos” “canto estrangeiro”. Uma obra que reúne o talento do professor e poeta Elói Stein com a sensibilidade musical e criatividade de Giovanni Guaccero.

Giovanni Guaccero e Elói Stein nos estúdios da Rádio Vaticano
Giovanni Guaccero e Elói Stein nos estúdios da Rádio Vaticano

Um encontro de amigos que resulta numa obra “CD”, que dá prazer em ouvir, que ajuda a viajar com a imaginação para lugares e momentos singulares. É o encontro da poesia e da música, com a harmonia de duas culturas e “mais”, que produzem uma harmonia de sons e palavras que levam você a imergir na cultura brasileira e na sensibilidade de um compositor cuja barreira do passaporte jamais existiu na sua composição musical.

Falando do trabalho o maestro Guaccero fala desta produção a “quatro mãos”, e mais, como uma “canção estrangeira”, para os habitantes do velho continente, mas talvez - quem sabe - agora também para a pátria brasileira. E ainda... assim como a cultura brasileira é apenas uma 'ramificação' daquele espaço cultural, primeiro europeu-mediterrâneo e depois atlântico, este Brasil que floresce fora do Brasil pode ser considerado uma ramificação periférica de uma cultura brasileira que agora se tornou um importante centro de propulsão artística.

Músicos participantes na "Canção Estrangeira"
Músicos participantes na "Canção Estrangeira"

O terreno para esta troca é a música. E assim pode acontecer que até mesmo a música popular brasileira (MPB) possa se tornar hoje uma "língua internacional", praticada em várias partes do mundo, e assim também na Itália. Desde os anos 50, Roma tem sido um ponto de referência para os músicos, poetas e intelectuais brasileiros que ali viveram ou se estabeleceram por períodos de tempo: Sérgio Buarque de Hollanda, Vinicius de Moraes, Murilo Mendes, e depois Chico Buarque, Toquinho, Irio de Paula... Depois uma nova geração de jovens intelectuais e músicos chegou nas décadas de 80 e 90.

Momentos de encontro
Momentos de encontro

Falando do encontro com o poeta Elói (o gaúcho de Carazinho) diz que não se lembra quando conheceu Elói porque a partir do final dos anos 80, o mundo "brasileiro" de Roma se reuniu em festas particulares, clubes, concertos. E assim, “depois de ter sido seu aluno por pouco tempo, comecei a musicalizar seus versos refinados, tão adequados para serem cantados, e a partir daí se consolidou uma amizade e uma "parceria" que continua até hoje”. “Entre 2007 e 2020 há várias dezenas de canções que escrevemos juntos, e não foi fácil fazer uma seleção para este disco”... afirma o maestro.

Canto estrangeiro, um momento de deleite para ser consumado aos poucos e de modo intermitente.

Giovanni Guaccero, Elói Stein e Silvonei José nos estúdios da Rádio Vaticano
Giovanni Guaccero, Elói Stein e Silvonei José nos estúdios da Rádio Vaticano

A Rádio Vaticano – Vatican News conversou com Elói e Giovanni, uma conversa que resultou no “bate papo” entre amigos transmitido no Programa “Em Romaria”, com Silvonei José:

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Alguns textos das canções de “Canto estrangeiro”

 

Língua minha

Giovanni Guaccero – Luís Elói Stein

Genere: MPB – Ritmo: frevo-canção o marcha rancho

© Pagina 3 - 

Tatiana Valle – vocals

Giovanni Guaccero – piano

Bruno Marcozzi – drums

Carlos César Motta – guiro, pandeiro, surdo

Francesco Maria Parazzoli – cello

Barbara Piperno – flute, alto flute

Marco Ruviaro – 7-string guitar, mandolin

 

Mal sabia

que esta mal sabida língua

me traria sustento e vida

um dia, ao ser em terra estranha

ensinada e aprendida

Vasculhei minhas entranhas

que mal conhecia, descobri o óbvio

no sal da minha terra, achei o lógico

no suor da minha gente.

E eu senti na cancão popular o poder da poesia  

E eu vi a cultura a desfilar no cordão na avenida 

entendi as coisas que o velho um dia contava

falei da vida nas falas que eu aprendia.

 

Mal sabia

que semeando ao vento,

no tempo, o que vem de dentro

quando fermenta, um dia volta,

seja na dor que o verso alenta,

seja na prosa que a revolta fomenta.

Colho os frutos desta língua pelas ruas,

nos lares, no bares, na gratidão alheia

e na inspiração que me permeia.

Que me haja sempre nas veias

um pingo de poesia a atinar-me a mente,

e que este coração demente seja capaz

de me guardar um verso pra semente.

 

Canto estrangeiro

Giovanni Guaccero – Luís Elói Stein

 Genere: MPB – Ritmo: atabaque toque del candomblé ketu... + altre cose...

© Pagina 3 –

 

Tatiana Valle – vocals

Giancarlo Bianchetti – electric guitar

Giovanni Guaccero – piano

Bruno Marcozzi – drums, caxixi

Carlos César Motta – agogô, atabaque, congas, reco-reco, surdo

Barbara Piperno – alto flute, backing vocals

Marco Ruviaro – 7-string guitar

 

Jovem arteiro

num pé de vento

gastei meu tempo

só quis cantar

 

Canto estrangeiro,

Santo guerreiro,

Viajou comigo

por terra e ar

 

A onda trouxe

mais um parceiro

virou poeta

vamos zarpar

 

Canto estrangeiro

beijou a terra

Renasce a arte

além do mar.

 

Carazinho

Giovanni Guaccero – Luís Elói Stein

(Genere: MPB – Ritmo: rubato)

© Pagina 3

 

Tatiana Valle – vocals

Giovanni Guaccero – piano

 

Não és a mesma,

mas tua imutável beleza

vem da alma que ficou,

paira em tuas ruas,

em tua gente, em cada canto,

pelos campos tuas flores,

meus amores, meus amigos

seus louvores.

 

Muito se perdeu, tanto já se foi,

mas a vistosa saudade

se reflete na lembrança do que resta,

se manifesta no novo de quem te herdou…

Diz-me o mesmo quero-quero que me viu,

o mesmo bem-te-vi, quem me quis…

E quando o tempo chega enfim me vou,

o sol se põe, depois renasce,

e nada em mim mudou…

 

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01 julho 2022, 09:45