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Assembleia da Igreja Evangélica Luterana da América: “Reconciliação e cura”

"Incorporar a palavra": eis o tema da recente Assembleia geral da Igreja Evangélica Luterana da América (Elca), que se realizou em Columbus, capital do Ohio, no último dia 11 de agosto, da qual participaram 900 delegados, por iniciativa do Conselho Mundial de Igrejas (CMI).

Ricardo Burigana

Os participantes da Assembleia geral da Igreja Evangélica Luterana da América (Elca), que voltaram a se encontrar, pessoalmente, após a pandemia, tiveram a oportunidade para abordar uma série de questões da vida das comunidades luteranas nos Estados Unidos e Canadá: testemunho na sociedade contemporânea, com um olhar constante à necessidade de um maior desenvolvimento do caminho ecumênico.

Os presentes debateram a temática da peculiaridade da tradição luterana, como vem sendo declinada no contexto norte-americano, como também em vista da XIII Assembleia geral da “Federação Luterana Mundial”, que se realizará em Cracóvia, Polônia, no próximo mês setembro em Cracóvia. Ali, os Luteranos convocados do mundo inteiro vão refletir sobre o tema: “Um corpo, um espírito, uma esperança”.

No encontro de Ohio, os participantes abordaram “o compromisso dos cristãos na luta contra todas as formas de racismo”, mas também “os episódios de violência racial, que ensanguentaram os Estados Unidos, nos últimos meses, desencadeando mais violência, que não encontra justificação na religião”. Nesse sentido, destacaram ainda a importância das raízes evangélicas da cultura, do acolhimento e do diálogo.

Ao condenarem todas as formas de discriminação, por ocasião da iniciativa da “Thursday in Black” (“Quinta negra”), promovida pelo Conselho Ecumênico de Igrejas, os participantes examinaram alguns casos de violência de gênero, que envolveu diretamente as comunidades Luteranas.

Outro ponto central da Assembleia da Igreja Evangélica Luterana da América foi a questão da relação com as populações nativas. Foi apresentada aos presentes a “Declaração sobre os índios americanos e os povos do Alasca”, aprovada em outubro de 2021, após um percurso editorial, iniciado em 2016, quando a Assembleia aceitou o texto, no qual a "doutrina da descoberta" havia sido rejeitada.

Com base nesta Declaração, os Luteranos norte-americanos quiseram continuar o caminho da reconciliação para promover a purificação das memórias: valorizando plenamente a herança cultural e espiritual dos nativos americanos na Igreja e na sociedade norte-americana.

Durante a Assembleia, a discussão sobre esta Declaração foi acompanhada por uma série de pronunciamentos, entre os quais o de Fawn Sharp, presidente do Congresso Nacional dos Índios Americanos, com o qual a Igreja Evangélica Luterana da América (Elca) reafirmou a importância, sobretudo nos tempos atuais, de fazer uma releitura do passado para a construção de um presente de fraternidade.

As palavras e os gestos para com os nativos norte-americanos não eram uma novidade para a Igreja Evangélica Luterana na América, mas, no encontro de Ohio, assumiram um valor bem maior, também à luz da recente Viagem do Papa Francisco ao Canadá: este acontecimento abriu novas perspectivas para a missão da Igreja, onde a pluralidade das tradições constitui uma riqueza que deve ser conhecida e partilhada, em um espírito de reconciliação com as memórias.

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23 agosto 2022, 14:23