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"Martin Luther King Day" nos EUA "Martin Luther King Day" nos EUA 

Bernice King: Martin Luther King Day, incentivo para transformar sistemas injustos

A filha do ativista dos direitos humanos assassinado em 1968 pede aos estadunidenses para se unirem como comunidade a fim de transformar sistemas que perpetuam a desigualdade: líderes religiosos como o Papa Francisco podem oferecer uma mensagem positiva para promover a não-violência.

Devin Watkins – Vatican News

“Enviar mensagens é muito importante. As mensagens de não-violência, paz e compaixão transmitidas pelo Papa Francisco e compartilhadas com o mundo são importantes para nós.” A dra. Bernice Albertine King, fundadora do The King Center, propõe algumas reflexões numa entrevista, à mídia vaticana, neste 16 de janeiro, dia em que os Estados Unidos celebram o "Martin Luther King Day". Desde 1986, este feriado federal comemora o legado do ativista assassinado em 1968 e convida a todos a seguir seus passos para melhorar a comunidade em que vivemos.

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Uma comunidade de amor por um mundo pacífico

O tema escolhido para 2023 pelo The King Center é “Cultivar uma mentalidade de comunidade de amor para transformar sistemas injustos”. A dra. King, a filha mais nova do ministro batista, diz que o tema engloba a visão de sua organização de promover "uma comunidade de amor onde a injustiça cesse e o amor prevalece". "Ao refletirmos sobre onde se encontra o mundo hoje sobre as questões que meu pai chamaria de bandeira do mal triplo, pobreza, racismo e militarismo, pareceu-nos que algumas coisas continuam se repetindo infinitamente", ressalta King, que argumenta que, em vez de seguir esse círculo vicioso, o Martin Luther King Day é um incentivo para a sociedade americana a construir um "mundo justo, humano, igualitário e pacífico".

Uma mentalidade centrada nas pessoas e não violenta

No entanto, Bernice King observa novamente, que uma sociedade melhor só pode ser alcançada cultivando uma nova mentalidade que abraça o conceito de "comunidade de amor". O objetivo, segundo ela, é transformar sistemas injustos, como "colonialismo, apartheid, racismo, genocídio, ganância, militarismo e egoísmo", numa comunidade onde cada membro seja apreciado e reconhecido na sua dignidade específica.

Bernice King pede o reconhecimento de que estamos todos interligados em nossa humanidade comum e que podemos discordar sem menosprezar uns aos outros. "Podemos colaborar sem abrir mão de questões como a justiça. Podemos garantir que o meio pelo qual tentamos obter algo esteja de acordo com o fim. Em outras palavras, não é possível alcançar um fim pacífico através de meios violentos", ressalta. Políticas governamentais centradas nas pessoas são outras ferramentas para alcançar uma “mentalidade de comunidade de amor”. "E o amor", diz a filha de Martin Luther King, "deve ser a base de todo esforço para bem comum, o combustível para gerar a não-violência".

Liderança religiosa contra a crise moral

Martin Luther King foi um vencedor do Prêmio Nobel, um ministro batista de terceira geração, e suas crenças cristãs influenciaram sua luta pelos direitos humanos. Sobre o papel da religião em unir as comunidades em questões de justiça social, Bernice King diz que os líderes religiosos podem "juntos, inspirar mudanças enraizadas no amor, que busquem criar um mundo justo, humano e equitativo".

A beleza da religião, embora existam diferentes religiões no mundo, é que ela transcende as doutrinas individuais, pois existem temas universais que são importantes para todas as religiões: amor, paz e justiça estão entre eles.

Bernice Albertine King cita o padre Pierre Teilhard de Chardin, padre jesuíta e filósofo do século XX, para afirmar que na base do nosso desejo de construir um mundo mais justo está a espiritualidade: “Somos seres espirituais que vivem uma experiência humana. Nós não somos seres humanos que vivem uma experiencia espiritual".

Amor para promover a justiça social

Como cristãos, Jesus nos confiou a tarefa de ser luz e sal da terra, observa o dra. King. “Ser luz exige que sejamos guias, que indiquemos o caminho, porque a luz é um guia”, diz ela. E quanto ao sal, "conserva e dá sabor, conserva os nutrientes de que necessitamos". "Por isso, como cristãos devemos trabalhar para preservar a humanidade e os valores fundadores, "amor, respeito e dignidade", que nunca saem de moda", sublinha. "Devemos assumir a liderança - insiste Bernice King - porque nosso mundo está passando por uma crise moral. Está passando por uma crise espiritual. E nós, que somos pessoas que vivem segundo o espírito, devemos assumir um papel de guia a fim de assegurar aqueles princípios e valores que são essenciais para a sobrevivência de nossa humanidade”.

Mensagem do Papa Francisco

Berenice Albertine King se encontrou duas vezes com o Papa Francisco, que lhe enviou uma carta no Martin Luther King Day, em 2021. Ela considera seus repetidos apelos à paz, não violência e compaixão uma importante contribuição para a criação de uma sociedade melhor.

Para a filha de Martin Luther King, em vez de mensagens negativas que recebemos continuamente de filmes, notícias, músicas e comerciais, os líderes cristãos devem transmitir uma mensagem à humanidade hoje que seja totalmente positiva. “Acho importante que nós que falamos assim o façamos com insistência. Há pessoas no mundo que escutam e prestam atenção à mensagem do Papa Francisco”, conclui.

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16 janeiro 2023, 14:22