Dia da África: um continente que clama por redenção
Vatican News
O dia 25 de maio, marca o aniversário do nascimento da Organização da Unidade Africana (1963), que mais tarde se tornou a União Africana em 2002. O diretor do Escritório para a Cooperação Missionária entre as Igrejas, Padre Giulio Albanese explica que “o aniversário do nascimento da Organização da Unidade Africana (OUA) em Adis Abeba e que se tornou a União Africana, é uma oportunidade privilegiada para refletir sobre a importância de nossa parceria com um continente cuja variedade, riqueza histórica, artística, cultural e política devemos valorizar. As apostas são altas, considerando a posição da África no novo contexto geopolítico e geoeconômico internacional”.
Atritos Oriente e Ocidente que agravam a situação
"Os atritos entre o Oriente e o Ocidente", reflete ainda Padre Albanese, “agravaram a polarização e a ruptura também na África, com diferentes declínios, levando à inflação, ao aumento das taxas de juros, ao risco de recessão e ao aumento da exclusão social. O fato é que persistem as políticas predatórias de potentados estrangeiros. Além disso, pesam muito a fragilidade dos sistemas de governo local, bem como os instrumentos financeiros limitados. Nesse sentido, os analistas acreditam que o desenvolvimento do continente africano deve passar pela contribuição do crédito internacional, bem como por uma política ampla de reestruturação das dívidas soberanas de países inteiros".
Redistribuição do poder
“O verdadeiro problema a ser enfrentado em nível internacional”, continua Albanese, “certamente diz respeito à redistribuição de poder, o que implica buscar, em nível político, os mecanismos que podem levar a uma modificação do tecido multilateral em relação aos equilíbrios emergentes. O grande desafio está em superar a natureza altamente competitiva dos atores internacionais, que no passado, com o fim da Guerra Fria, já havia sido a causa principal do desalinhamento de poderes, como mais tarde se delineou na última década com a primazia do Ocidente e a hierarquia emergente, a dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que tendem a expandir sua área de influência.
Os jovens clamam por redenção
Por fim, Albanese conclui afrimando: “O único verdadeiro antídoto é sua capacidade de criar uma sinergia eficaz entre os países da UA, que, justamente neste ano, comemora seu 60º aniversário desde a fundação de sua antecessora, a OUA. A esse respeito, vale lembrar que, durante a conferência inaugural em Adis Abeba, em 1963, o presidente de Gana, Kwame Nkrumah, declarou que ‘nenhum estado africano independente tem hoje a possibilidade de seguir um curso independente de desenvolvimento econômico’. Palavras que ainda são relevantes e verdadeiras hoje em dia e que exigem das classes dominantes africanas uma assunção decisiva de responsabilidade. Tudo isso em um continente onde a idade média é de 20 anos e os jovens clamam por redenção”.
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