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UNICEF no Haiti: “mais de 115.600 crianças correm o risco de sofrer de desnutrição aguda”

A violência no Haiti está se alastrando em ritmo alarmante. O conflito, causado por grupos armados, restringiu o campo de acesso das crianças a condições básicas de nutrição, saneamento e água potável (WASH).

Vatican News

O UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância afirma que, desde 2022, a violência armada no Haiti causou um aumento dramático de 30% do número de crianças que sofrem de desnutrição aguda grave: “atualmente, uma criança em cada 5 sofre de algum tipo de desnutrição em várias comunidades da área metropolitana da capital do Haiti, Porto Príncipe, onde mais de 600 pessoas morreram, no último mês de abril; cerca de 40.000 casos suspeitos de cólera foram detectados no Haiti, dos quais 46% em crianças menores de 14 anos.

Uma pesquisa nutricional nacional do “Monitoramento e avaliação padronizados de socorro e transição (SMART), realizada neste ano no Haiti, revela que a desnutrição infantil está aumentando na Ilha caribenha, atormentada pela violência, agravada pela insegurança alimentar e a cólera. Estima-se que mais de 115.600 crianças sofrerão de desnutrição aguda grave neste ano de 2023, em comparação às 87.500 do ano passado.

Segundo as pesquisas, hoje, 1 criança em cada 5 sofre de algum tipo de desnutrição, em várias comunidades da área metropolitana da capital do Haiti, Porto Príncipe, palco de violência armada há mais de 2 anos. As crianças são alvo dos ataques e as que pagam o preço mais alto na capital, para além dos altos níveis de desnutrição. O Departamento Oeste do distrito é o mais atingido pelo conflito, onde a taxa de desnutrição aguda grave chegou a 7,5%, bem acima da média nacional.

Bruno Maes, representante do UNICEF no Haiti, declara: “no Haiti, as mães e pais não podem mais garantir cuidados e nutrição adequados aos seus filhos e não podem levá-los aos Postos de Saúde por causa do terrível aumento da violência de grupos armados. Além da atual epidemia de cólera, o número de crianças aumenta, em ritmo cada vez mais rápido, devido à desnutrição aguda grave e muitas delas morrerão, se não forem tomadas as devidas medidas urgentes”.

Violência no Haiti

A violência no Haiti está se alastrando em ritmo alarmante. O conflito, causado por grupos armados, restringiu o campo de acesso das crianças a condições básicas de nutrição, saneamento e água potável (WASH). Para além do agravamento da insegurança alimentar e desordens civis, a crise levou a uma deterioração de longo alcance da nutrição em todo o país.

Além do mais, a crise de desnutrição é agravada, sobretudo, nos bairros atingidos pela violência e a cólera, que criam um fardo pesado, que não pode ser carregado, devido à escassez de recursos humanos e medicamentos.

No Haiti, cerca de 1 criança em cada 4 também sofre de desnutrição crônica e atraso de crescimento, que causam consequências físicas em longo prazo. Devido à saúde precária e à desnutrição, as crianças, cronicamente desnutridas, não chegam às suas capacidades físicas e cognitivas.

Mortalidade

Se as intervenções de nutrição e sobrevivência infantil não forem intensificadas, com urgência, para reduzir os contágios de cólera e a mortalidade, a situação poderá se deteriorar ainda mais até outubro deste ano.

Para encarar a primeira fase desta terrível crise, o UNICEF precisa, com urgência, de 17 milhões de dólares, para detectar a diagnose precoce da desnutrição aguda, dos quais 84.000 para adquirir instrumentos terapêuticos (RUTF), pacotes completos de intervenção nutricional, saúde, água e saneamento, desenvolvimento infantil (DPI) e proteção infantil às das crianças haitianas. A falta de fundos poderá colocar em risco imediato a vida de mais de 100.000 crianças.

Com a violência armada, que obriga mulheres e crianças a fugir de suas casas no Haiti, as necessidades humanitárias aumentam enquanto o financiamento diminui.

Se neste ano de 2023, o UNICEF conseguir o financiamento necessário e oportuno de mais de 210 milhões de dólares requeridos, poderá dispensar bens e serviços vitais para as crianças e as populações mais vulneráveis, no contexto de insegurança, saúde e crises sociais e econômicas no Haiti. Mas, até agora, recebeu apenas 15% dos fundos necessários.

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14 maio 2023, 09:33