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Eleições neste domingo no Equador: sobre o voto a sombra dos narcotraficantes e da crise

O Equador vai às urnas neste domingo para eleger um novo presidente, sob um estado de emergência instituído pelo governo após o assassinato do candidato centrista Fernando Villavicencio. A escalada da violência do narcotráfico coincide com o agravamento da crise econômica.

Marco Guerra – Vatican News

Em meio a tensões e controvérsias, a campanha eleitoral para as eleições presidenciais e parlamentares no Equador terminou na última quinta-feira, 17 de agosto. Nos comícios de encerramento, todos os candidatos prestaram homenagem a Fernando Villavicencio, o político centrista do movimento Construye que foi assassinado na semana passada. A cerimônia mais comovente ocorreu na capital, Quito, onde uma multidão de simpatizantes, familiares e amigos participaram de uma missa, que terminou com o lançamento de balões brancos e canções em homenagem ao político assassinado. Muitos candidatos encerraram a campanha aparecendo em comícios usando coletes à prova de balas.

Clima de violência

No país sul-americano, o clima de violência e ilegalidade, provocado pela fúria dos cartéis do tráfico de drogas, culminou com o assassinato do candidato Villavicencio em 9 de agosto. O homem, que também era um jornalista que se opunha ao poder das gangues e dos cartéis, foi baleado várias vezes no final de um encontro eleitoral. O assassinato foi reivindicado pela organização criminosa Los Lobos. Em resposta, o presidente afastado Guillermo Lasso declarou estado de emergência no país.

Candidato Noboa relata emboscada

No último dia da campanha eleitoral, outro político, Daniel Noboa, candidato conservador à presidência do Equador, relatou que escapou ileso de uma tentativa de assassinato. O ministro do Interior de Quito, Juan Zapata, no entanto, negou a reconstituição dos fatos. Vídeos estão circulando nas mídias sociais de um suposto tiroteio em Dura'n, perto do porto de Guayaquil, onde Noboa realizou o comício de encerramento de sua campanha antes das eleições de domingo. Dura'n é um dos principais centros de operações dos traficantes de drogas que transportam cocaína dos postos avançados do Pacífico e é frequentemente palco de violência. Filho de um magnata equatoriano, Noboa é apontado nas últimas posições pelas pesquisas, que veem Luisa Gonzalez, de centro-esquerda e pertencente à corrente do ex-presidente Rafael Correa, na liderança, seguida pelo conservador Jan Topic e pelo líder indígena Yaku Perez. Antes de sua morte, Villavicencio estava em segundo lugar nas preferências dos eleitores.

Equador é disputado por cartéis de drogas

O Equador estabeleceu um recorde histórico de 26 assassinatos por 100 mil habitantes em 2022 e os analistas estimam que o recorde pode ser elevado para 40 este ano. O aumento da violência coincidiu com o da atividade dos cartéis de drogas. De acordo com analistas, o Equador, que tem uma população de 18 milhões de habitantes, está na mira expansionista dos cartéis mexicanos e colombianos devido à sua localização estratégica. A Direção Nacional Antidrogas acredita que, desde 2018, os cartéis mexicanos uniram forças com grupos armados equatorianos, como Los Lobos e Los Choneros, para expandir sua presença e deslocar os traficantes de drogas colombianos.

Apelo do Papa Francisco

Nos últimos dias, o Papa Francisco condenou a violência e pediu um esforço pela paz em um telegrama assinado pelo cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, e endereçado a dom Alfredo José Espinoza Mateus, arcebispo de Quito. No texto, Francisco expressa sua tristeza pelo assassinato do candidato presidencial do país, Fernando Villavicencio, condena "a violência injustificável" que causa sofrimento e pede que as forças políticas e os cidadãos do Equador se unam "em um esforço comum pela paz".

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19 agosto 2023, 11:15