Suicídio: Pastoral da Juventude comprometida na Itália pelo aumento nos pedidos de ajuda

Marco Guerra - Vatican News

Nos primeiros seis meses de 2023, o Telefone Amigo, a linha de ajuda para a prevenção do suicídio na Itália, registrou um aumento de 37% nas chamadas, em comparação com o mesmo período de 2022. De acordo com dados divulgados em 4 de setembro pelo Serviço de Escuta das Fragilidades Emocionais, houve mais de 3.700 pedidos de ajuda nos seis meses indicados, cerca de 20 por dia.

Pedidos de ajuda dos jovens

Os 29% dos relatos vieram de jovens com menos de 25 anos, uma faixa etária que está enfrentando cada vez mais dificuldades de relacionamento. De modo mais geral, os pedidos de ajuda vieram principalmente de jovens entre 19 e 35 anos (18% entre 26 e 35 anos e 17% entre 19 e 25 anos) e de adultos entre 46 e 55 anos (18,5%), mas nos últimos anos houve um aumento nos pedidos de pessoas muito jovens (com menos de 19 anos) que entram em contato com o Telefone Amigo principalmente via Whatsapp e e-mail.

"Em 2022, coletamos um total de quase 6 mil pedidos de ajuda de pessoas que se deixaram levar pela ideia de suicídio ou que estavam preocupadas com o possível suicídio de um ente querido", relata a presidente do Telefone Amigo da Itália, Monica Petra. "Um número enorme que, se a tendência dos primeiros seis meses de 2023 continuar, provavelmente registrará um novo aumento este ano."

Dia Mundial do Suicídio

Dados sobre pessoas que entraram em contato com o Telefone Amigo foram divulgados pela própria organização para estimular a reflexão pelo Dia Mundial de Prevenção do Suicídio deste domingo, 10 de setembro. Nesse contexto, o monitoramento da Fundação BRF oferece uma visão do fenômeno, segundo o qual mais de 600 suicídios ocorreram na Itália desde o início do ano. Também vale a pena lembrar que o Hospital Infantil Bambino Gesù, em Roma, em setembro do ano passado, observou "um aumento exponencial" nos acessos aos seus serviços "por ideação suicida ou tentativa de suicídio", "com um aumento de 75% em particular nos dois anos da pandemia em comparação com os dois anos anteriores". De 369 casos em 2018-2019 para 649 em 2020-2021, uma média de praticamente um caso por dia.

Pe. Falabretti: caminhando juntos pela vida

"A linha divisória foi a pandemia que deixou algo dentro da vida dos jovens, hoje estamos chegando a um acordo com isso e com os jovens que perderam um tempo precioso e perceberam que uma fase particularmente importante de sua existência se esvaiu em relacionamentos à distância; a adolescência e a juventude precisam de contato", explica Pe. Michele Falabretti, chefe da Pastoral Juvenil da Conferência Episcopal Italiana, ao Vatican News. Os especialistas definem "fatores de proteção" como valores e relacionamentos que estruturam a personalidade de uma pessoa, como ter uma rede social e familiar eficaz, filhos em casa, cultivar uma dimensão espiritual, ter interesses e estabelecer metas.

O padre observa que a Igreja não deve se limitar a apontar esse horizonte social e de valores, mas deve construí-lo como uma "experiência de vida", que não é suficiente dar uma recomendação moral - "creiam e sejam irmãos" - deve se tornar uma experiência possível, especialmente na Pastoral da Juventude. Portanto: "vamos caminhar juntos pela vida, buscando seu significado", ressalta Falabretti.

Uma visão "protetora" da vida

"Se eu juntar o horizonte espiritual da fé com uma experiência social", continua Padre Falabretti, "encontro os elementos fundadores da Igreja, ou seja, colocar o Evangelho de Jesus e a vida fraterna na comunidade no centro. Tudo isso dá esperança e elimina o desespero, essa é a mensagem que funciona". A mensagem de esperança, continua ele, contrapõe-se assim à mensagem de medo que permeia as sociedades contemporâneas que lutam com constantes emergências econômicas, de saúde e climáticas.

"O mundo de pouco significado, que nós adultos deixamos para as novas gerações, cultivou medos subterrâneos nos jovens que tomam forma com base nas emergências diárias de que ouvimos falar", explica o chefe da Pastoral da Juventude da Conferência Episcopal Italiana. "Em vez disso, devemos pensar positivamente e nos perguntar o que pode incutir esperança neles", ele aponta, enfatizando a importância de "construir a vida de acordo com a humanidade de Jesus". E conclui: "quando isso é experimentado, a visão da vida se torna protetora". A proximidade e o rompimento da solidão tornam-se, portanto, as principais chaves para abordar as pessoas que expressam mal-estar psicológico.