Fevereiro Laranja: cuide do próximo e seja um doador de medula óssea
Andressa Collet - Vatican News
No "tempo da doença e da fragilidade", "da incerteza e da insegurança, causadas muitas vezes pelo aparecimento de alguma doença grave", afirmou o Papa Francisco na mensagem para o XXXII Dia Mundial do Doente de 11 de fevereiro deste ano, é imprescindível cuidar "de quem sofre e está sozinho", fazendo "crescer a cultura da ternura e da compaixão. Os doentes, os frágeis, os pobres estão no coração da Igreja e devem estar também no centro das nossas solicitudes humanas e cuidados pastorais". Como fez prontamente Tatiane Dezordi com um grupo de familiares, quando viu a irmã Daniele ser diagnosticada com leucemia em maio de 2023: cinco meses depois, o projeto de comunhão fez nascer o "Ser Doador" para incentivar outras pessoas a se sensibilizarem pela causa e para acompanhá-las a fazer o cadastramento voluntário de doação de medula óssea. "Percebemos que a causa era tão nobre que decidimos fazer algo por todas as Danieles, por todos os Lucas, Marias, Robertos, todas as pessoas que precisam dessa doação para terem chances de sobreviver", comentou Tatiane.
Essa é a "proximidade cheia de compaixão e ternura", de que fala o Papa, tão necessária para quem enfrenta uma doença, como a leucemia, por exemplo, um dos tipos de câncer mais grave e frequente no Brasil: estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que entre 2023 e 2025 cerca de 11 mil casos da doença serão diagnosticados no país. "Acabamos transformando a dor em atos de amor", acrescentou ainda Tatiane, com a criação do grupo de mobilização em prol da doação de medula óssea. A iniciativa "Ser Doador", da cidade de Erechim, no interior do Rio Grande do Sul, também se estende por outros estados e por quem se sente chamado pela causa, como a própria "Corrente do Bem", de Pato Branco, no Paraná. "Esse é um movimento de todos", reforçou a gaúcha, inclusive porque hemocentros de cidades grandes procuram chegar até às comunidades menores para facilitar o acolhimento de novos doadores.
A proximidade "compatível" de Fernanda
As campanhas para o cadastro têm se intensificado porque as chances de encontrar um doador compatível dentro da própria família são baixas, de apenas 30%, explicou a médica hematologista, hemoterapeuta e professora universitária, Agatha Aline Hofmann. Fora do núcleo familiar, a probabilidade de se encontrar um doador 100% compatível é restrita: "um em cada 100 mil cadastrados hoje encontra um doador compatível, por isso a importância de ter um volume grande de pessoas cadastradas para ter mais chance dessas pessoas que necessitam encontrar um doador compatível". Além disso, a médica reforça que é fundamental manter os dados atualizados junto ao Redome, o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea, porque um paciente compatível pode ser identificado fora do Brasil.
Como aconteceu com a publicitária Fernanda Franciosi, de Passo Fundo/RS, que fez o cadastro em solo gaúcho, em 2008, mas veio a ser contatada por compatibilidade em 2016, quando morava no Rio de Janeiro.
"Fiz o meu cadastro obviamente com o sentimento de empatia, com o sentimento de que de alguma forma a gente pode ajudar o outro, mas nunca imaginei que eu seria compatível com uma pessoa e pudesse fazer essa doação de fato. Em 2016 eu nem estava mais na cidade que eu fiz o cadastro, eu já morava no Rio de Janeiro, mas acabou que eles me acharam de qualquer forma."
Fernanda precisou fazer uma bateria de exames de preparação para confirmar a compatibilidade antes da doação de fato, que aconteceu em 4 de julho de 2016 através do plasma. "Não fiquei nem um dia inteiro no hospital para o procedimento", lembrou ela.
"O meu plasma então viajou toda essa distância até a Rússia, a pessoa estava esperando tudo isso. E só um tempo depois eu fico sabendo se realmente deu certo ou não e, graças a Deus, a doação de medula deu certo, a medula pegou e a pessoa hoje em dia acredito que está vivendo feliz com a família dela e eu pude contribuir então um pouco com essa vida. Mas mas eu nunca fiquei sabendo quem era a pessoa, até por conta de uma questão de proteção e de vários cuidados do Redome tem."
Como se tornar um doador de medula óssea?
Para ser doador de medula óssea, assim como Fernanda, é necessário ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado geral de saúde e não ter doença infecciosa ou incapacitante. O cadastro simples, feito com amostra de sangue coletado em homocentros no Brasil, é interligado internacionalmente através do Redome. Campanhas sobre medidas de prevenção e políticas públicas procuram mobilizar ainda mais pela causa, como o "Fevereiro Laranja" - mês de conscientização para incentivar o diagnóstico precoce da leucemia e a doação de medula óssea. Um gesto tão simples, como da Fernanda no Brasil, que pode salvas vidas dentro da própria comunidade ou fora do país.
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